Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O PT e a democracia

Crítica pertinente faz hoje Teresa Cruvinel, no Globo, sobre manifestação da professora Marilena Chauí em reunião de ontem em que lançou uma ‘refundação’ do PT. Marilena perguntou: “O que é que fizemos para ser tão odiados?” E respondeu: “Porque fomos o principal construtor da democracia neste país!”


Teresa comenta que a professora deu uma resposta que “tenta apagar a história recente, ao invés de discutir a verdadeira causa, que é a decepção com o PT”.


Adiante, relembra que quando o PT foi fundado, em 1980, “o MDB já fizera uma longa travessia, abrigando inclusive muitos nomes da esquerda que seriam fundadores do PT. Impusera ao regime a derrota de 1974. Ulysses Guimarães fora anticandidato contra o regime, muitos haviam sido cassados, mortos e exilados. A frente ampla por liberdades democráticas levara à aprovação da anistia e ao fim do AI-5”.


Em recente depoimento a um projeto conjunto do Observatório da Imprensa e do Museu da Pessoa em homenagem a Vladimir Herzog, cujo assassinato vai fazer 30 anos em 25 de outubro, o então presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Audálio Dantas, destacou que, de 27 sindicatos de jornalistas existentes no país à época, só sete se solidarizaram com o de São Paulo. E nenhum sindicato de outra categoria profissional se manifestou. Entre eles estava o dos Metalúrgicos de São Bernardo, presidido por Luiz Inácio da Silva.


Um irmão de Lula, José Ferreira de Melo, apelidado Frei Chico, tinha sido um dos presos e torturados na perseguição ao Partido Comunista da qual resultou o assassinato de Herzog. A esse episódio vivido pelo irmão, Lula, em diferentes depoimentos, atribui ter adquirido uma consciência política nova. Mas não o bastante para entender que na resistência da sociedade ao terror, resistência liderada por figuras como cardeal D. Paulo Evaristo Arns, estava o início de um processo que desaguaria na Anistia e na luta pelas Diretas-Já.