Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Oportunidade para a inteligência

O jornalista Jorge Antonio Barros criticou ontem (4/11) no Globo o que chamou de burrice da polícia carioca. Dupla burrice. Um dos tópicos já foi abordado aqui (ver “Polícia demissionária”): revelar a tática usada para se infiltrar na favela da Rocinha e achar o traficante Bem-Te-Vi. A outra:


“Toda ação de inteligência policial pressupõe não apenas êxito no cerco, mas também na captura do criminoso, assim como sua guarda até que seja condenado e punido com a perda da liberdade e dos bens acumulados no crime. Não se trata de maneira alguma de preservar a vida do bandido em troca da vida de policiais corajosos. Entre um policial honesto e trabalhador e um bandido, obviamente que a sociedade prefere que o primeiro continue vivo.

Mas não se pode ignorar que Bem-Te-Vi vivo e na gaiola poderia ser muito mais útil em qualquer investigação de crime organizado e, por exemplo, sobre policiais corruptos que lhe forneciam armas e até drogas. Continuarão a fazê-lo para os sucessores, confirmando que repressão ao tráfico na ponta, nas favelas, é mero enxugamento de gelo, como alguns policiais já admitem”.


Ontem foi preso, e não morto, Edmilson Ferreira dos Santos, vulgo Sassá, acusado de ser o chefe do tráfico no chamado Complexo da Maré, constituído por 11 favelas. Segundo o noticiário do jornal Extra, reproduzido no Globo, Sassá era o principal aliado de Bem-Te-Vi. Suas informações podem ser, portanto, um caminho para que prender acusados de tráfico não seja mero enxugamento de gelo.


Eis uma pauta que merece acompanhamento. É uma oportunidade para a manifestação de inteligência policial – e de inteligência jornalística.