Friday, 10 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1287

Os aloprados atacam novamente

Se o presidente Lula já não os tivesse chamado de aloprados, seria de estarrecer a iniciativa do primeiro deles, o presidente petista e ex-coordenador da sua campanha, Ricardo Berzoini, de pedir à Justiça Eleitoral que impedisse a mídia de mostrar as fotos da dinheirama apreendida pela Polícia Federal duas semanas atrás com os dois tabajaras presos em São Paulo.


Seria de estarrecer, antes de mais nada, pelo mero fato de os autores da tentativa de amordaçar a imprensa terem imaginado que algum juiz do Tribunal Superior Eleitoral aceitaria cometer essa enormidade.


É verdade que as fotos foram vazadas ilegalmente. A Polícia Federal tem uma banda tucana e uma banda petista. A banda petista, sincronizada ao que tudo indica com os chefe de todos, o ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, tratou de cozinhar em banho-maria a apuração do escândalo do dossiê, notadamente a origem e o percurso do R$ 1,7 milhão apreendido.


Além de esconder do distinto público as imagens da bufunfa, contrariando gritantemente a praxe adotada em todas as demais situações do gênero.


A banda tucana revidou. Jogo jogado. A direção da PF que apure quem vazou as imagens e puna os culpados.


Mas a direção do PT devia saber que, na bandidagem, bronca é ferramenta de otário.


Resultado: não só as fotos do preço pelo suposto dossiê antitucano – o conto-do-vigário da mafiosa família Vedoin – acabaram sendo vistas por um público incomparavelmente maior do que aquele que se deleitou com o vídeo praiano da Cicarelli, como ainda a oposição pôde espetar na conta do PT essa aloprada investida contra a liberdade de imprensa.


A barbeiragem faz lembrar a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo – por ordem do então ministro da Fazenda Antonio Palocci, segundo a PF – e o vazamento dos seus extratos. Com a diferença de que não passou pela cabeça de ninguém tentar proibir a revista Época, a que foram repassados, de publicá-los.


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