Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Os novos desafios dos observatórios na era cibernética
Los nuevos retos de los observatorios en la era cibernetica


Quase todos os gurus da internet afirmam que a rede tem tudo para se transformar no principal espaço de ação política na medida que a humanidade incorporar cada vez mais a comunicação online no seu quotidiano.


Isto coloca desafios enormes para os observatórios da mídia diante da multiplicação de canais de informação e também pelo surgimento de um novo publisher, o cidadão comum que edita o seu weblog.


Só a rede de weblogs já reune hoje mais de 50 milhões de pessoas cujas idéias, propostas e ações podem ser acessadas em tempo real, sem limitações de fronteiras. Se formos somar a este total o de pessoas conectadas por correio eletrônico, listas de discussão, salas de bate papo ou comunidades tipo Orkut chegaremos a um total que pode ser dez vezes maior em todo mundo.


Todo esta vasto conjunto de canais de comunicação ampliou extraordinariamente o que se convencionou chamar de mídia, o objeto de estudo e monitoramento da grande maioria dos observatórios e veedurias espalhados pelo mundo.


A observação da midia cresceu e tornou-se uma ferramenta indispensável a partir do monitoramento crítico dos veículos de comunicação, em especial a imprensa. O reduzido número de publicações e emissoras tornava possível um acompanhamento global pelos observatórios.


Mas a medida que a oferta informativa foi crescendo e se diversificando surgiu a necessidade de segmentar os observatórios e veedurias através do monitoramento temático, ou seja especializado em temas como educação, segurança, infância e direitos humanos.


Agora com a multiplicação dos weblogs no aluciante ritmo de um novo a cada segundo, os observatórios enfrentam dilemas ainda mais complexos. Devem continuar observando apenas a chamada imprensa convencional, mesmo quando ela incorpora cada vez mais elementos da comunicação online? Que tipo de relação pode ser estabelecida com os milhares de weblogs que também fazem monitoramento crítico da imprensa, mas sem um background jornalístico e muitas vezes sem parâmetros éticos definidos?


Se a principal missão dos observatórios é garantir a diversidade informativa, a contextualização e a veracidade das informações publicadas, eles terão que fazer algumas escolhas. A principal delas é o inevitável aumento da qualificação do seu pessoal porque ficará muito mais difícil separar o joio do trigo em matéria de informação.


Também é quase certo que a multiplicação dos weblogs terá como corolário a busca de referências na hora de avaliar contextualizações, tarefa que invitavelmente acabará recaindo sobre os observatórios e os ombusdmen da imprensa.


Estas são apenas algumas das questões que estão no ar e provavelmente não poderão ser resolvidas rapidamente porque o processo de mediatização na internet está apenas começando. Mas uma coisa é certa, ele veio para ficar.