Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Palocci na CPI, ou não, eis a questão

Não parece estranho? Começou a sessão da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci — e o que se vê é a oposição dizendo que só irá argüi-lo sobre economia, porque lugar de tratar de corrupção é nas CPIs, enquanto o governo, pela voz do líder petista Aloizio Mercadante, quer que o ministro aproveite a ensancha e “fale ao Brasil” sobre corrupção.

Mas não é o que parece. A oposição não quer interrogar Palocci sobre corrupção hoje, não para poupá-lo, mas para não perder o seu ás na manga – a ameaça de brigar para ouví-lo numa CPI. E os governistas querem que o ministro “fale ao Brasil” já, não para expô-lo, mas para, em seguida, declarar virada a página das denúncias, no que lhe disser respeito.

Ou seja, os dois lados partem implicitamente da premissa de que, no gogó, é mais fácil Palocci se sair bem das acusações que o assolam do que o contrário.

Se achasse que ele está fadado a quebrar a cara, a oposição só deixaria de sabatiná-lo hoje sobre Ribeirão Preto, caixa 2 na campanha de Lula e otras cositas mas, se concluísse que o custo disso para a estabilidade da economia seria maior do que o benefício político para si no confronto com o PT e o governo Lula.

E não passaria pela cabeça do líder petista pedir que o ministro falasse ao Brasil.

Política é isso: jogo para profissionais.

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