Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

R$ 10 milhões – e nenhuma pergunta a Gushiken e Dirceu

A mídia perdeu uma excelente oportunidade de não ficar calada.

Em vez de apenas registrar, por exemplo, como fez a colunista Teresa Cruvinel, do Globo, que o site do PT não deu uma palavra sobre a descoberta da CPI dos Correios dos R$ 10 milhões que transitaram do Banco do Brasil para Delúbio Soares, depois de diversas e reveladoras escalas, por que ninguém foi imediatamente atrás dos ex-ministros Luiz Gushiken e José Dirceu?

Ou acham que tudo começou com o então diretor de marketing do BB, Henrique Pizzolato, passou por Marcos Valério e Delúbio antes de chegar aos deputados do PT e da base aliada – num esquema acertado exclusivamente entre os dois sindicalistas, petistas históricos e amigos do presidente?

Gushiken controlava pessoalmente a política e os gastos de publicidade do governo e das estatais. Dirceu – que acaba de ser cassado pela segunda vez pelo Conselho de Ética da Câmara, e de novo por 13 a 1 – controlava o controlador.

Ainda que seja verdadeira a sua alegação de que, mesmo querendo, não teria tempo, como chefe do Gabinete Civil, de acompanhar o que fazia a antiga direção do partido, era parte de sua agenda de “primeiro-ministro”, que ele cumpria prazerosamente, informar-se e participar das decisões de um portento como o Banco do Brasil. Ou como os Correios.

Ele pode não ter sido, mas tem tudo para ter sido o Mr. X de que fala hoje no seu blog outra colunista do Globo, Helena Chagas.

Supondo que não exista também um Mr. Y.

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