Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Só Jefferson tem credibilidade?

Escreve o leitor Celio Mendes, de Vitória:


‘É engracado, quando Bob Jeferson revelou o mensalão, se tornou a figura mais crível da mídia. Um simples gesto do seu polegar virava indício grave contra o acusado. Quando confirmou a lista de Furnas, como por encanto sua palavra parou de ser levada a sério, sendo de dentro ou de fora do PT, quando é contra o governo é verdade, quando é contra a oposição ‘temos que ter uma atitude mais responsavel e apurar melhor os fatos não podemos prejulgar’. Desse jeito fica dificil de acreditar na imparcialidade da mídia.’


Comentário ao comentário:


A mídia não é imparcial. É facciosa. O que se pede é que não fraude, não deturpe, não brigue com os fatos, não se deixe instrumentalizar, busque isenção profissional.


Na minha visão, o valerioduto é uma linha paralela ao ‘dimasduto’, que passa por Furnas. Mas a mídia se esqueceu de Dimas Toledo porque ele nunca abriu a boca. Roberto Jefferson, que era um pró-homem da base aliada do governo Lula, e creio que nunca se deve perder isso de vista; Jefferson, a quem José Dirceu e não me lembro mais quem foram pedir para retirar a assinatura de convocação da CPI dos Correios, abriu a boca para não ser trucidado sozinho. E teve relativo sucesso. Dimas Toledo caiu de Furnas em junho de 2005 e tudo o que quer, suponho, é que se esqueçam dele.


Os esquemas de financiamento de todas as campanhas são semelhantes. Passam por empresas estatais, envolvem empresas privadas – essas exigem contrapartidas, claro -, beneficiam partidos e parlamentares. Em alguns partidos, que só existem para apropriação privada de bens públicos, esses recursos espúrios são embolsados exclusivamente por indivíduos. No PT o eixo era e é a inserção política. Mas, para muitos petistas atuais, essa inserção serve não para fazer política em prol de uma causa, e sim para galgar posições em governos, fazer relações, tirar proveito. Infelizmente, porque isso iguala o PT, nascido de uma luta importante na história do Brasil, a partidos nascidos em circunstâncias muito distintas.


Uma desgraça que poderá acontecer no país será a naturalização dessa relação nada cívica com o Estado. Aconteceu na Venezuela, de modo generalizado, e deu no que deu.