Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A prisão de Judith Miller

A jornalista do New York Times Judith Miller foi presa nesta quarta-feira por ordem do juiz Thomas Hogan por ter se recusado a revelar suas fontes a um promotor que investigava o vazamento na imprensa da identidade de um agente da CIA (Agência Central de Inteligência).



Hogan decidiu que Miller permaneceria presa até o fim do mandato do grande júri, ou seja, até o mês de outubro, a menos que resolva revelar a identidade de suas fontes anônimas à justiça.


Ao contrário, o segundo jornalista envolvido no caso, Matt Cooper, da revista Time, condenado, assim como Miller, a 18 meses de prisão, aceitou depor ante o grande júri e revelar suas fontes. (‘Jornalista do New York Times é presa por não revelar suas fontes’ – 6/7/2005 – 17h05)


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A RSF (organização Repórteres sem Fronteiras) disse que esta quarta-feira é ‘um dia sombrio para a liberdade de imprensa’ por causa da prisão, nos Estados Unidos, de uma jornalista que se negou a revelar suas fontes.


A decisão de um juiz de Washington de prender Judith Miller, jornalista do New York Times, é uma ‘sentença inédita, absurda e desmedida a respeito de uma jornalista que não fez outra coisa a não ser respeitar uma prerrogativa profissional’, frisou uma nota da RSF.


‘É um dia sombrio para a liberdade de imprensa nos Estados Unidos e no mundo’, acrescentou a organização para a qual esta medida significa uma ‘violação do direito internacional’, um ‘perigoso precedente’ e um ‘muito mau sinal que os Estados Unidos enviam para o resto do mundo’.


A Repórteres sem Fronteiras ‘pede ao Congresso americano para votar o mais rápido possível as propostas de lei, apresentadas paralelamente no Senado e na Câmara de Representantes em fevereiro, que reconhecem nos jornalistas o privilégio do sigilo das fontes em nível federal’, acrescentou o comunicado.


Já o Clube da Imprensa em Washington considerou o fato como uma ‘triste perversão da justiça enviar Judith Miller à prisão por ter protegido uma fonte confidencial em um caso, onde não se cometeu crime algum’. (‘Repórteres Sem Fronteiras condena prisão de jornalista nos EUA’ – 6/7/2005 – 22h00)


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O jornal The New York Times agradeceu nesta quinta-feira à jornalista Judith Miller por aceitar à prisão em vez de revelar à justiça as fontes de uma informação confidencial, em nome do direito de informar e da liberdade de imprensa.


‘Ao aceitar a sentença, anunciada na véspera, Miller se submete à autoridade da justiça. Mas ela agiu de acordo com a grande tradição de desobediência civil, que começou com a fundação desse país’, afirma o editorial.


Judith Miller foi presa na quarta-feira por um juiz de Washington por ter-se negado a revelar a um promotor suas fontes anônimas, em relação ao vazamento de informação sobre o nome de um agente da CIA. (‘The New York Times agradece a jornalista por ter preferido a prisão’ – 7/7/2005 – 15h09)