Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Mais de cem milhões de crianças no mundo não têm acesso à escola

Há no mundo 103,5 milhões de crianças que não freqüentam a escola, denunciou nesta segunda-feira em Brasília a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), num relatório sobre o estado mundial da educação.

Além disso, ‘em um terço dos países dos quais dispõe-se de dados, menos de 75% dos alunos chegam à quinta série do ensino fundamental’, indica o documento publicado em ocasião da IV Reunião Mundial de Educação, que teve início nesta tarde em Brasília com o objetivo de avaliar os compromissos assumidos por 160 países para alcançar, em 2015, uma cobertura universal da educação básica.

‘As avaliações feitas nos planos nacional e internacional mostram que os níveis de aproveitamento escolar são muito baixos nos países com rendimentos escassos e médios, assim como entre os grupos desfavorecidos de algumas nações industrializadas’, destaca o documento.

O relatório, denominado ‘Monitoramento da Educação Para Todos 2005’, afirma que ‘a proporção de crianças escolarizadas no mundo é hoje maior do que nunca’. Entretanto, muitos ‘abandonam a escola antes de chegar à quinta série do ensino fundamental ou terminam seus estudos elementares sem dominar um mínimo de conhecimentos’, acrescenta.

Esta situação se deve principalmente à baixa qualidade da educação e às condições pouco favoráveis, tais como excesso de estudantes por curso, infra-estrutura física inadequada, professores pouco qualificados e mal remunerados, explica o relatório.

O estudo, que conclui que ‘a qualidade da educação é insuficiente para conseguir (o objetivo da) educação para todos em 2015’, considera também que outro fator vem ‘prejudicando gravemente’ a educação básica no mundo, especialmente na África: ‘a pandemia de aids’.

Na Zâmbia, por exemplo, 815 professores primários morreram de aids em 2001, o que equivale a 45% do total de professores graduados nesse ano.

Segundo o informe, dos 160 países comprometidos com os objetivos da Educação Para Todos (universalização da educação primária, alfabetização de adultos, paridade entre os sexos na educação e melhora da qualidade do ensino), 41 deles estão ‘relativamente perto de consegui-los’.

Destes países, ‘a grande maioria é formada por industrializados ou em transição, sendo que da América Latina e do Caribe são citados Argentina, Cuba e Chile’, acrescenta.

Levando em conta o Índice de Desenvolvimento da Educação (IDE), Barbados é o país da região América Latina-Caribe com maior número de pontos: 98 em 100.

Outros 51 países, encabeçados por Romênia, Bulgária e Costa Rica, assim como ‘muitos estados árabes e latino-americanos, estão num bom caminho para alcançar alguns dos objetivos do IDE’, diz o estudo. O Brasil é um destes países latino-americanos de nível médio.

Ainda em relação à América Latina, a taxa de escolarização na educação primária alcançou em 2001 quase 96%. Como conseqüência, o número total de crianças sem escolaridade diminuiu para 2,5 milhões nesse ano.

Quanto à educação superior, a média de participação escolar em 2001 registrava 26%. Esta taxa é ‘relativamente alta’ na Argentina, Bermudas e Ilhas Virgens Britânicas, onde atinge 50%, mas é muito baixa em Santa Lucia (1,4%) e Trinidad e Tobago (7,3%), acrescenta o documento.

O informe destaca ainda que o índice de alfabetização de adultos ‘na maioria dos países’ se situava em 2002 em 90%, ressaltando que na Guatemala e no Haiti apenas sabem ler e escrever 70% e 52% respectivamente da população maior de 15 anos.

Por fim, ‘um grupo formado por 35 países, no qual figuram 22 nações da África Subsaariana e Estados muito povoados, como Bangladesh, Índia e Paquistão, tem que enfrentar e resolver muitos problemas para ter condições de atingir o objetivo da Educação para Todos’, diz ainda o relatório. [UOL / AFP]