Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

A esperança está nas bancas

A imprensa brasileira, como os principais jornais do mundo, reproduz nas edições de sexta-feira (7/11) a imagem de um muro da cidade de Washington onde as pessoas estão escrevendo mensagens para o futuro presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.


A inscrição principal diz tudo que representa o sentimento comum criado pela eleição de Obama: ‘Como um só planeta, nós podemos interromper a catastrófica mudança climática, proteger os direitos humanos, promover a paz e eliminar a pobreza’.


Os jornais retratam o otimismo, ou pelo menos a esperança que se manifesta por toda parte, mas não deixam de mostrar o tamanho do desafio que se coloca diante de Obama. A imprensa se mobiliza para a primeira entrevista coletiva do presidente eleito e as edições do fim de semana devem trazer um balanço da situação que o espera.


Além de ter que enfrentar uma inusitada sucessão com seu país envolvido em duas guerras, Barack Obama terá que administrar um orçamento comprometido pela crise financeira gerada nos Estados Unidos e que ainda se espalha pelo mundo.


Algumas das medidas defendidas por seus consultores devem ser antecipadas e anunciadas antes da posse. Mas nenhum dos grandes jornais brasileiros se arriscou a adivinhar quais serão as reações do mercado: o que para o cidadão comum pode parecer racional, como a criação de um sistema de regulação de risco para instituições financeiras, pode ser recebido como uma interferência indevida do Estado.


Mudança de rumo


A concessão de poder de veto de acionistas para os acordos de incentivos milionários para altos executivos também pode ser recebida como excesso de regulamentação em assuntos de interesse privado.


Outras decisões que devem ser anunciadas na sexta-feira tanto podem trazer otimismo e aquecer os negócios como esfriar ainda mais os ânimos num mercado já submetido a grandes oscilações.


Barack Obama tem que administrar ainda a desconfiança de parceiros tradicionais e aproximar os muitos desafetos que a política belicosa do governo Bush produziu ao redor do mundo. Além disso, tem que garantir o bem-estar dos milhões de americanos ameaçados de perder seus bens no turbilhão da crise.


Não é pouco, mas se existe uma possibilidade de mudança nos rumos que conduziram a humanidade ao atual ponto de crise, ela se consolida com o resultado da eleição americana. Esta é a mensagem que pode ser captada na leitura dos jornais de sexta, e a semana se encerra sob o signo da esperança.