Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Alemanha terá canal dedicado ao macabro tema

Em muitas culturas, falar de morte é tabu, mas na Alemanha o tema ganhará um canal de TV só para ele. Está marcado para setembro o lançamento do EosTV, que irá exibir programas fúnebres, como documentários sobre cemitérios e as diferentes representações da morte pelo mundo. Haverá ainda dicas voltadas aos idosos, com informações sobre casas de repouso e seguros de vida. O nome do canal é uma homenagem a Eos, deusa grega do amanhecer.


Segundo o fundador da emissora, Wolf Tilmann Schneider, público interessado no tema não falta. ‘No ano passado, mais de 800 mil pessoas morreram na Alemanha. Multiplique este número por quatro e você terá mais ou menos o número de pessoas afetadas por estas mortes. Há também 2,1 milhões de idosos que precisam de cuidados. Há milhões de pessoas que enfrentam questões como envelhecer ou morrer’, explica.


Eternizando a vida


Em 2006, houve 150 mil mortes a mais que nascimentos na Alemanha. O número segue uma tendência registrada no país nas últimas décadas. Além disso, segundo Kerstin Gernig, porta-voz da Associação Nacional de Funerárias, há uma mudança no modo como os alemães vêm encarando a morte e os funerais. Mais pessoas têm construído túmulos anônimos, sem identificação do morto. Os cemitérios gramados, sem jazigos aparentes, também têm ficado mais populares, assim como ‘lápides na internet’, que são sítios com informações dos falecidos para que os visitantes possam recordar os entes queridos.


Os proprietários de funerárias notaram ainda que, nos últimos anos, um número crescente de idosos e seus descendentes têm procurado escritores profissionais para documentar suas vidas e a de seus entes queridos. Trabalhando em parceria com a Associação – que representa 85% dos donos de funerárias da Alemanha – Schneider planeja oferecer às famílias um vídeo para os funerais.


O canal terá também um espaço para obituários televisivos, que, depois da exibição, serão disponibilizados no sítio da empresa, ainda não concluído. ‘Somos todos iguais. Todos temos o mesmo ciclo de vida, vivemos e morremos’, filosofa o fundador da emissora da morte. Informações de Charles Hawley [Der Spiegel, 22/6/07].