Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Colunas politicamente sociais

O papel dos colunistas é trazer análise, opinião e os desdobramentos dos fatos que são notícia. Aqueles que assinam espaços políticos têm um papel primordial neste período eleitoral, já que com suas informações privilegiadas podem contextualizar melhor os acontecimentos para seus leitores. Entretanto, é preciso ter cuidado, para que essas seções não se tornem uma versão engravatada das colunas sociais.

O Monitor de Mídia acompanhou, no período de 7 a 14 de setembro, os colunistas políticos dos principais jornais catarinenses: Cláudio Prisco, de A Notícia; Fabian Lemos, do Diário Catarinense; e Moacir Pereira, que assina para o Jornal de Santa Catarina e o Diário Catarinense.

Política também é cultura

Neste período eleitoral, a seção “Canal Aberto” do jornal A Notícia, assinada por Cláudio Prisco, esteve inserida no caderno especial “Eleições 2006”. Nas edições analisadas, a coluna ganhou o espaço de meia página de segunda a sábado e dividiu espaço com “Na boca da Urna” que trazia sugestões de filmes e livros relacionados à política.

No domingo, cada coluna ganhou página inteira. Além disso, ambas foram preenchidas com citações de candidatos e de figuras importantes. As indicações e informações complementares foram um instrumento útil aos leitores, que com elas poderiam se aprofundar no mundo da política. Sobre o desenrolar das campanhas, nada de grande destaque.

Durante todo o período analisado, Cláudio Prisco focou em sua coluna o caráter estadual das eleições, mais detidamente nas majoritárias. No espaço, não se aprofundou em assuntos referentes a deputados e senadores. O que mais se viu foram os candidatos ao governo e suas ações, além das habituais brigas de partidos, como se fosse uma coluna social de fofocas políticas. Também tratou da campanha dos presidenciáveis, sempre relacionando com o desdobramento local.

Artimanhas no discurso destacam coluna

O espaço voltado à política no Diário Catarinense foi o “Informe político”, assinado por Fabian Lemos, que, no período analisado, teve como interino (substituto do colunista titular, por tempo determinado) René Müller. A coluna diária trouxe em média nove pequenas notas, em quatro seções fixas.

O texto foi apresentado de forma simplificada, num caráter popular, e fez com que o espaço ganhasse um ar de coluna social da política. Prova disso foram notas em tom de desavenças e “mexericos”.

O espaço publicou também a agenda dos candidatos e informações sobre os eventos dos quais os políticos participaram. Além disso, comentários em tom de ironia desafiaram e criticaram os políticos de todos os partidos, trazendo ao “Informe político”, um tom pretensamente polêmico.

Narração do jogo político

Moacir Pereira, colunista do Jornal de Santa Catarina e do Diário Catarinense, apresentou com uma linguagem formal e descritiva a agenda de candidatos, principalmente de presidentes e de governadores, bem como relembrou as propostas de políticos. Ele também inseriu sua opinião discretamente, quando fez comparações do período atual com o da pré-independência e a postura de alguns candidatos e partidos, como a de José Fritsch, caracterizado pelas críticas ao governo atual.

Além disso, tratou da movimentação do PSDB e de aliados em Santa Catarina para dar maior visibilidade à campanha de Alckmin. O colunista frisou várias vezes que Lula é a esperança do PT, no sentido de vincular sua imagem, para que o candidato a governador José Fritsh e a candidata à senadora Luci Choinacki subam nas pesquisas.

E as pesquisas estaduais…

Na edição de domingo, 10/09, A Notícia apresentou a matéria “Os 11 campeões de pesquisas”. Nela, havia pesquisas que mostravam a vitória, em primeiro turno, dos candidatos ao governo estadual do país, realizada pelo IBOPE. No mesmo dia e durante o período analisado, os demais jornais, Diário Catarinense e Jornal de Santa Catarina, não apresentaram pesquisas. Fato que chama a atenção, pois os números da pesquisa estadual são de interesse público, principalmente pela proximidade com os (e)leitores.



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Dia da Independência

Sem motivos para comemorar

No Dia da Independência do Brasil, A Notícia homenageou a data com discreto filete em verde e amarelo em sua capa. Não só na imagem, mas no conteúdo, dedicou o editorial “O destino da pátria” ao dia, em que relacionou a data com a proximidade das eleições e com o verdadeiro quadro de independência do país.

Em “Destaque”, o jornal dedicou duas páginas sobre os acontecimentos alusivos ao dia. Além dos habituais desfiles e passeatas, o foco das matérias foi a esperança brasileira comprometida pela corrupção no país. Com exemplos, aproximou a realidade de hoje com os dizeres da independência de Dom Pedro, além de depoimentos acerca dos desfiles atuais em forma de protesto.

Em busca do patriotismo

O Dia da Independência teve destaque no Diário Catarinense. A data foi tema da Reportagem Especial, em duas páginas, “Onde está o patriotismo?”. O texto mostrou que a população da Capital não demonstrou a mesma emoção da Copa do Mundo pelo país. Apelando mais para a cidadania do que ao patriotismo em si, o periódico publicou a matéria “Parabéns aos brasileiros”, em que trouxe algumas histórias de batalhas, honestidade e heroísmo de cidadãos brasileiros.

Para o jornal, mais pareceu é que o cidadão comum vinculou a data festiva ao governo e não à história do país. Com os recentes escândalos políticos, essa ligação pode ter desanimado os leitores, tirando parte do brilho da celebração. Esse detalhe foi abordado na maioria das matérias em que houve depoimentos. Outro fato que sustenta esta insatisfação foi a Opinião DC “Independência”. Nela, através de críticas, observações e apontamentos dos problemas brasileiros, o periódico manifestou a idéia de que “esta certamente não é a nação sonhada”.

Dia e cobertura tradicional

O Jornal de Santa Catarina deu um enfoque local para o Dia da Independência. As matérias ficaram concentradas nas atrações e horários de atendimento em Blumenau e nas cidades da região. Neste dia, não apresentou editorial, mas três artigos fizeram reflexões acerca da data, sua importância nos dias de hoje e a questão dos hinos, esquecidos pela maioria da população. Na contracapa, o periódico trouxe o habitual “para entender o hino”, em que apresentou o Hino Nacional e um box explicando algumas palavras e expressões presentes na letra e não tão usuais hoje em dia.

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