Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Da mídia e do poder


Rio de Janeiro é confirmado como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. A capital carioca receberá as delegações de todos os países dois anos depois do país receber a Copa do Mundo de Futebol. Uma informação que foi tão divulgada como comemorada por todos os brasileiros… Quer dizer, quase todos. ‘A vitória do povo brasileiro’, como definiu o presidente Lula, foi comentada com ar de denúncias prévias de corrupção e a Folha de S.Paulo, como sempre, publicou uma matéria cujo título defende bem o seu posicionamento: ‘Para críticos de Olimpíada, Rio deveria ter outras prioridades’.


Aí vem uma pergunta: será que Madri, Tóquio e Chicago, como gigantescas metrópoles que são, também não deveriam ter outras prioridades? Será Obama um irresponsável, Zapatero um inconseqüente e Hatoyama um ignorante político? Por que esses líderes iriam querer levar para seus países algo que traz tantos prejuízos para suas nações? Isso não teria explicação, nem lógica. O problema é que parte da imprensa brasileira ainda é adepta do negativismo e do cinismo político, tão presente em seus editoriais e nas mensagens semióticas disfarçadas de matérias imparciais.


Tive o desprazer de ver na GNT, o mais boçal de todos os programas da TV brasileira, apesar de ser uma produção bi-nacional. O Manhattan Connection, em sua formação atual, é um simples balcão de notícias e comentários, utilizado para falar sobre economia, política internacional e desprezar ou humilhar todas as ações do atual presidente. O pedantismo do sr. Diogo Mainardi chega às raias do absurdo, quando, em crítica à conversa de Lula com Ahmadinejad, sugere que não se deva ter conversas com um lunático e que o ideal não seria o diálogo com o presidente iraniano e, sim, falou o comentarista político de Veja e do programa da GNT, o uso de bombas no Irã. Uma frase assim, ‘tão democrática e sensata’, partindo de ‘formador de opinião’, graças a Deus foi proferida em um programa de canal fechado, onde supostamente os assinantes possuem um nível cultural maior que o da maioria da sociedade e podem discernir mais facilmente as loucuras proferidas pelo rancor.


Melhorias ajudarão cidades


Mas o que isso tem a ver com as Olimpíadas do Rio? Simples, o ato de criticar toda e qualquer ação (mesmo as conquistas) do atual governo, a qualquer custo. Isso acaba gerando tolices e frases insensatas como estas do ‘poderoso Sir Mainardi’ que, aliás, também condenou a embaixada brasileira por dar abrigo ao presidente democraticamente eleito de Honduras, Manuel Zelaya, deposto por um golpe militar em Tegucigalpa. Na certa, o apresentador do Manhattan Connection entregaria o então presidente nas mãos dos opositores.


A crítica à segunda maior conquista governamental, no âmbito do esporte, dos últimos 60 anos (a primeira foi a Copa do Mundo de 2014) é muito mais política que jornalística. Não há, pelo menos em sã consciência, quem visualize nas Olimpíadas um gigantesco gasto para os cofres públicos. Todos conhecem os benefícios de se sediar o maior evento esportivo do mundo. As melhorias exigidas para a realização dos Jogos Olímpicos, nas áreas de transporte, segurança, infra-estrutura, além da criação de milhares de empregos diretos e indiretos, ajudarão, e muito, a reorganizar o Rio e as cidades que também sediarão eventos das Olimpíadas, como a minha belíssima Salvador.


Imprensa ranzinza e amargurada


Talvez alguns tenham a mesma visão pessimista e com altas doses de dor-de-cotovelo, como a do jornalista Juca Kfouri (também da Folha, coincidentemente) que afirmou categoricamente:




‘Daqui a pouco vai começar a realidade e aí, muitos dos que estão festejando, vão começar a chiar.’


Calma, Juca. Não foi uma ‘vitória da ficção’, como você afirmou. Foi a vitória de um país em pleno crescimento, tanto econômica quanto politicamente. O Brasil não é mais um país do futuro. Hoje somos um país de futuro. Com Copa do Mundo e Olimpíadas nos próximos seis anos, com uma das economias que menos sofreu com a crise e uma das que mais rapidamente vem se soerguendo.


Por exemplo, o jornal El País destaca em sua edição do dia 12 de outubro de 2009 na sua ‘Reportaje: Primeiro Plano’, assinada por Francho Barón:




‘Brasil va a por todas. Premiado con los Juegos de 2016 y convertido en potencia económica, el país asume el reto de erradicar la pobreza.’


Na reportagem, o jornalista espanhol parece conhecer muito mais o nosso país do que os correspondentes do Manhattan Connection. Fala sobre a origem do termo ‘país do futuro’, explica o receio dos empresários quando da ascensão de Lula ao poder, sobre FHC reconhecer que o país está melhor que antes, sobre o crescimento econômico, dentre outros.


Mas, assim como Dunga teve que ouvir de um jornalista brasileiro em Buenos Aires, logo após o triunfo de 3×1 sobre a Argentina, o comentário ‘O que achou das falhas da defesa argentina no jogo de hoje?’, ainda existem pessoas que desqualificam as conquistas nacionais, motivadas pela frustração de assistirem seus inimigos, políticos ou não, brilhando e se emocionando com suas conquistas em rede internacional.


Infelizmente, para Mr. Mainardi, o Brasil é hoje, sim, o centro das atenções. E o pior, companheiro, será ainda daqui a quatro e seis anos. Parabéns ao Comitê Olímpico Brasileiro. Parabéns ao Brasil. Só lamento pela ‘velha imprensa ranzinza e amargurada’ que tem que presenciar a gigantesca popularidade do nosso presidente, aqui no Brasil, e em Manhattan, ser obrigada a ouvir, no bom e velho inglês do Mr. President: Lula is the man!

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Analista de marketing, Salvador, BA