Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Defesa da qualidade é enfatizada em audiência

Professores, estudantes, jornalistas e pesquisadores participaram da primeira audiência pública que começou a discutir a revisão das diretrizes curriculares dos cursos de Jornalismo, na sexta-feira (20/3), na sede da Representação do MEC no Rio de Janeiro. Outras duas audiências estão marcadas para receber contribuições dos segmentos do mercado de trabalho e da sociedade civil. A FENAJ está preparando uma proposta sobre o tema.


A comissão de especialistas, encarregada da revisão curricular, espera concluir seu trabalho em junho e encaminhar à Secretaria de Educação Superior (Sesu) do MEC a proposta no segundo semestre para que entre em vigor já no próximo ano. A informação foi dada no final da audiência pelo professor José Marques de Melo, presidente da comissão. ‘O governo vai mudar no ano que vem. E quando muda governo muda tudo’, brincou, para explicar a razão da pressa.


Os debates na audiência revelaram uma preocupação relacionada com a qualidade do ensino, teórico e prático, a criação de regras definitivas para estágio dos estudantes e condições para que atuem nas diversas mídias, a adoção de políticas que dêem prioridade à formação humanística, a necessidade de aprimorar políticas voltadas para reconhecimento, fiscalização e avaliação periódica dos cursos de Jornalismo em todo o país, além de incentivo à criação de mecanismos legais para facilitar o acesso das universidades a emissoras de rádio e canais de televisão.


Núcleo comum


Os estudantes criticaram o aumento de vagas e a queda da qualidade de ensino nas universidades particulares em todo o país. O diretor de Coordenação e Supervisão da Secretaria de Educação Superior do MEC, Paulo Wollinger, defendeu o surgimento de vagas para atender a um déficit de 4 milhões de cursos superiores no Brasil. ‘O importante é expandir e brigar pela qualidade. Mas esta briga nem sempre é fácil’, disse, em referência à reação negativa de moradores ao fechamento de cursos em sete cidades por iniciativa do MEC.


O presidente do Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo, Edson Luiz Spenthof, concorda com Paulo Wollinger sobre a importância de a comissão conseguir implantar uma orientação de âmbito nacional em defesa da especificidade do Jornalismo em relação a outras carreiras da Comunicação Social, como Publicidade, Turismo, Cinema, Relações Públicas. ‘As diretrizes nacionais servirão para orientar as normas de reconhecimento, fiscalização e avaliação dos cursos. A identidade regional pode ser preservada, mas o núcleo comum estará previsto nessas diretrizes’, observou.


Compareceram à audiência representantes da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós), da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos), da Associação Brasileira dos Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor) e do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo.


Posições distintas


Até 30 de março, alunos, professores, pesquisadores, profissionais e representantes da sociedade civil podem enviar suas contribuições sobre dois principais temas: o perfil desejável do profissional do jornalismo e as principais competências a serem adquiridas durante a graduação. O endereço para o envio: consulta.jornalismo@mec.gov.br.


A próxima audiência pública será no dia 24 de abril, em Recife, e contará com a participação de representantes do mercado de trabalho do jornalismo como as entidades sindicais dos jornalistas e entidades patronais. Já a terceira audiência será no dia 18 de maio, em São Paulo (SP), ouvindo setores da sociedade civil como movimentos sociais e organizações não-governamentais.


O presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, conta que a entidade está preparando uma proposta a ser primeiramente debatida com os 31 Sindicatos de Jornalistas do país e com entidades do campo do jornalismo, para posterior encaminhamento como contribuição para a Comissão de Especialistas do MEC. Ele adianta que além de uma formação humanista, teórica e técnica adequada à atualidade, a proposta deverá trazer a defesa da especificidade para a graduação em Jornalismo e do vestibular para o ingresso nos cursos, que deverão ter duração de 4 anos do curso. ‘Evidentemente há posições diferentes e divergentes sobre a revisão das diretrizes curriculares, por isso a categoria e suas entidades tem que participar ativa e decisivamente deste processo’, disse. [Com informações do Sindicato dos Jornalistas no Município do Rio de Janeiro]