Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Diploma. Por que não?

A discussão sobre a exigência do diploma para o exercício do jornalismo voltou à tona. O Senado aprovou, em primeiro turno, a proposta de emenda constitucional que estabelece a necessidade do curso superior para a prática da profissão. Desde 2009, por determinação do Supremo Tribunal Federal, o diploma não é exigido.

Sou a favor, sim, do diploma. Não é uma questão de reserva de mercado, mas de especialização necessária e indispensável para lidar, cada vez mais, com uma sociedade envolvida com a comunicação de forma onipresente e instantânea, onde todos são produtores e receptores de informação. Um direito importante que foi conquistado e viabilizado pelas novas tecnologias.

O que defendo é uma qualificação para aqueles que querem fazer do jornalismo, do ato de comunicar, seu meio de trabalho. Isso quer dizer que a obrigatoriedade do diploma não impede a colaboração de não-jornalistas. Nunca impediu e nem vai. Seja como articulistas, comentaristas ou na figura do jornalismo cidadão.

A ética precisa ser discutida, sim, e cada vez mais no espaço acadêmico. Assim como novas formas de produção, a estética e o conteúdo. Isso sem contar o estudo de áreas do conhecimento que vão dar estofo para a reflexão, para a conexão e para a formação cultural e intelectual do indivíduo, capaz de repensar o jornalismo, sua função, produto e comunicação com o público.

A universidade, caminho necessário

Com raras exceções, essa reflexão não acontece nas redações. Quando o jornalista entra para o mercado, ele entra numa roda-viva já formatada, sem oportunidade para debater o próprio trabalho (e aqui tomo a liberdade de parabenizar O Dia por abrir, há seis anos, esse espaço de opinião, no qual sempre debato e questiono temas ligados à educação e à mídia. Isso é um diferencial e prova de amadurecimento).

Creio que a universidade seja o caminho necessário — e por que não obrigatório? Não quero afirmar que os cursos de Jornalismo não precisam repensar sua dinâmica. Mas percebe-se um esforço grande dos professores. Neste sentido, ganham a sociedade e os jornalistas.

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[Marcus Tavares é professor e jornalista especializado em Educação e Mídia]