Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Editores dos EUA buscam soluções na internet

Diante do cancelamento de assinaturas e da queda nos lucros publicitários, editores reunidos no encontro anual da Sociedade Americana de Editores de Jornais (ASNE, sigla em inglês), realizado na semana passada, discutiram maneiras de aproveitar o poder da internet para reconquistar os leitores e atrair aqueles que nunca se interessaram pela versão impressa dos jornais. Apesar das estatísticas pessimistas, os participantes do encontro insistiram que a notícia sobre o iminente fim dos jornais é extremamente exagerada.

Steven T. Gray, diretor do Newspaper Next, projeto do instituto de pesquisas American Press Institute, apontou razões para se ter otimismo em relação ao futuro dos jornais. Segundo Gray, muitas pessoas que não têm o hábito de ler jornais impressos não o fazem pela falta de interesse por notícias, já que é cada vez maior o número de pessoas acessando a rede e usando e-mail ou celulares para receber notícias. O dilema é como lucrar com a distribuição online de notícias, que é, em sua maioria, gratuita.

‘O maior problema atualmente é o fato de não estarmos sendo pagos pelas notícias online. Se não formos pagos, não vamos continuar sendo capazes de mantê-las’, afirma William Dean Singleton, vice-presidente e CEO do MediaNews Group.

Qualidade do jornalismo

Com a luta por novos leitores e a pressão para entregar notícias em novos formatos, intensifica-se a tensão entre pagar as contas e pagar por um bom jornalismo. ‘Todos nós estamos nos esforçando para tentar satisfazer a audiência da internet’, ressalta Marilyn Thompson, editora e vice-presidente do Herald-Leader. ‘O bom jornalismo é o que importa e vai importar sempre’.

Gray, no entanto, acredita que a qualidade dos jornais irá cair se eles focarem muito nas pessoas que não lêem jornais. ‘Quando admitimos que mais de metade de nosso público não está lendo jornais regularmente, nossa missão cívica já está em perigo grave’, afirma. ‘O mais importante que podemos fazer é continuar tentando encontrar maneiras de reengajar esta outra metade da audiência’.

‘Queda cíclica’

O orçamento dos jornais sofreu um grande golpe com o declínio de anúncios classificados impressos, na medida em que sítios de classificados online tornaram-se mais populares. Um sinal encorajador, Singleton notou, é que muitos jornais começaram a recuperar parte do lucro perdido com anúncios classificados online. Para ele, os jornais devem se juntar para oferecer algum tipo de serviço coletivo nacional de busca para competir com portais como Google, Yahoo! e MSN – ou, ainda, fazer parcerias com os líderes de busca online. ‘Os jornais não estão morrendo, só estão em uma ‘queda cíclica’. Este vai ser um grande negócio em três ou quatro anos’, diz ele.

‘O rádio surgiu, a televisão surgiu, e todos pensaram ser a morte dos jornais. Bem, como vocês sabem, não foi. Foi a morte de quase metade dos jornais, e muitos faliram. Mas os mais fortes e de sorte sobreviveram’, lembra Gary Pruitt, presidente e executivo-chefe da McClatchy Co. Informações de Elizabeth M. Gillespie [Associated Press, 27/4/06].