Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Engano de interpretação
na estatística do Provão

Muito se tem comentado ultimamente o resultado de uma estatística do provão 2003 que demonstra, segundo alguns, que de fato a Universidade pública permite o acesso das classes mais pobres do nosso país ao ensino superior em detrimento das Universidades privadas onde, entendem muitos, seria o local das classes mais favorecidas.

Segundo este levantamento concluiu-se que quando comparados os números das Universidades públicas versus privadas, existem mais formandos oriundos das classes mais pobres no ensino público em relação ao privado.

Quem conhece um pouco da realidade das Universidades privadas nota que existe um problema com esta pesquisa. É obvio que o problema não está nos resultados desta estatística, que são corretos, não há dúvida, mas na sua má interpretação dada por boa parte da sociedade.

O que está levando a essa má interpretação é o universo que compõe está pesquisa, que são os formandos, já que apenas eles podem realizar o provão.

O que de fato acontece é que nas Universidades particulares os alunos oriundos das classes mais pobres acabam por desistir do curso logo no seu início, ou mais tardar na sua metade, devido à impossibilidade de arcar com os custos das mensalidades.

Tal abandono muitas vezes é traumático, pois estes alunos vêem escapar, por falta de recursos, a chance da obtenção do diploma superior. Muitas vezes a causa principal deste abandono está no baixo numero de vagas ou na inexistência delas no sistema de crédito educativo nacional ou estadual.

Quem sabe tal pesquisa pudesse também ser feita com o universo de aprovados no vestibular, para que em conjunto com a estatística do provão se possa tirar uma radiografia mais exata do ensino superior de nosso

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(*) Doutorando em engenharia mecânica na Universidade Federal de Santa Catarina e professor licenciado do curso de engenharia mecânica da Universidade de Caxias do Sul