Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Fórum se consolida como espaço dos professores

Ao final dos trabalhos do 7º Forum Nacional de Professores de Jornalismo, foi eleita a primeira diretoria da entidade, agora em processo de registro e legalização. Nesta entrevista ao Observatório, o presidente eleito do Fórum, professor Gerson Martins, fala sobre o ensino de jornalismo, o encontro de Florianópolis e as perspectivas da entidade.

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Como vê a situação do ensino de jornalismo hoje?

Gerson Martins – O ensino de jornalismo se encontra num momento delicado. Por um lado, temos um grande avanço quanto às diretrizes de trabalho na construção do projeto pedagógico dos cursos, na produção laboratorial e na reflexão sobre a formação jornalística desenvolvida pelo Fórum Nacional de Professores de Jornalismo com o apoio da Fenaj e da SBPJor. Por outro lado, a criação de novos cursos e os procedimentos de avaliação dos cursos existentes a partir da nova política do governo federal denota um descontrole e uma ausência da perspectiva da qualidade dos cursos, traduzido pela exigência de laboratórios e corpo docente qualificados para o ensino de jornalismo. Muitos cursos existem de forma figurativa, ou seja, não possuem infra-estrutura, docentes ou mesmo política de qualificação docente. No obstante, percebemos um avanço na qualidade da formação em jornalismo.

Dez anos depois dos primeiros encontros, como entende o papel do Fórum no debate sobre o ensino de jornalismo no país?

G.M. – O Fórum de Professores de Jornalismo se consolidou nesse período. A institucionalização do Fórum pensada em 2001, em Campo Grande, representa o amadurecimento da categoria. Desde 2001 há uma consciência geral do papel imprescindível do Fórum para o ensino de jornalismo. É um local, momento para troca de experiências no que diz respeito a Projetos Pedagógicos, Produções Laboratoriais, Atividades de Extensão e Pesquisa na Graduação. Nesse aspecto o Fórum tem um papel muito importante, pois será e é o responsável pela qualificação dos cursos. As discussões no âmbito de nossos encontros, o debate com as entidades afins como a Fenaj e a SBPJor, mesmo com a Intercom e com a ABI, colocam o Fórum numa posição estratégica para contribuir com a qualidade da formação superior em jornalismo. Outro papel importante se traduz no apoio às atividades de avaliação dos cursos em parceria a ser sedimentada com o Inep.

O Fórum Nacional de Professores de Jornalismo é a entidade privilegiada para refletir e apresentar propostas para a qualificação do ensino de jornalismo no país.

A Carta de Florianópolis apresenta uma preocupação do Fórum com a Reforma Universitária, em debate, e a implantação do Sistema Integrado de Avaliação do Ensino Superior. Como o Fórum vê essas questões? Quais iniciativas pretende tomar para enfrentá-las?

G.M. – A implantação do Sinaes é uma questão definida pelo governo federal. Embora o Fórum entenda que não é a melhor política para a avaliação dos Cursos de Jornalismo, vamos contribuir para o aprimoramento do sistema e, no que diz respeito aos cursos de jornalismo, queremos participar de forma efetiva nos processos de autorização, reconhecimento e avaliação. Nesse sentido vamos encaminhar ofício ao presidente de Inep para que haja uma representação do Fórum nas comissões que atuam no processo de avaliação dos Cursos de Jornalismo, como entidade credenciada como interlocutor legítimo para opinar e intervir na regulamentação dos cursos de jornalismo. Queremos ter voz nos procedimentos que regulam a qualidade da formação jornalística. Também estudamos uma forma, no âmbito de nosso encontros nacionais, para constituirmos um grupo de trabalho que realize estudos sobre o processo de avaliação dos cursos. Há uma proposta para criarmos uma espécie de ‘Selo de Qualidade’ que o Fórum Nacional de Professores de Jornalismo estaria atribuindo aos cursos que demonstrarem qualificação do Projeto Pedagógico. Na perspectiva dos processos da auto-avaliação, o Fórum de Professores de Jornalismo estaria contribuindo com algo assemelhado a uma ISO 9000 para os Cursos de Jornalismo.

Como avalia o encontro de Florianópolis?

G.M. – O encontro de Florianópolis foi um momento privilegiado. Ao comemorarmos junto com os professores e alunos do Curso de Jornalismo da UFSC os 25 anos da criação do primeiro e até agora único Curso de Jornalismo, já que os demais são denominados cursos de comunicação social, o encontro evidenciou o amadurecimento dos professores de jornalismo. Os trabalhos apresentados nos GTs foram de alta qualidade. A demanda de trabalhos para o 7º encontro superou todas as expectativas. Triplicaram as propostas de trabalhos. Os Grupos, nesse amadurecimento, foram bastante propositivos e contribuíram para a melhoria do ensino de jornalismo. Citaria a publicação dos trabalhos apresentados nos Grupos, a organização de listas de debates entre os participantes dos grupos e ainda o encaminhamento do entendimento de que o ensino requer, concomitantemente, pesquisa no cotidiano das atividades curriculares dos cursos.

Todos os trabalhos, relatórios dos Grupos e ainda a Carta de Florianópolis estarão publicadas daqui a alguns dias no sítio do Fórum Nacional (www.professoresjornalismo.jor.br).

No encontro de Florianópolis, com muita justiça ao Curso de Jornalismo da UFSC, destacamos a institucionalização do Fórum. Sob todos esses aspectos consideramos este 7º Fórum Nacional de Professores de Jornalismo da maior importância. Ele ofereceu uma contribuição significativa para a formação superior em jornalismo.

E as atividades futuras do Fórum?

G.M. – Pretendemos num primeiro momento encaminhar o processo de regularização da entidade, o que demanda tempo e desgaste burocrático. Estaremos trabalhando desde já para a organização do 8º Fórum que será realizado na cidade de Macéio (AL), sob a responsabilidade da Universidade Federal de Alagoas. Vamos encaminhar correspondência ao Ministério da Educação para regulamentar nossa representação junto ao Inep e à Secretaria de Ensino Superior – SESu. Além disso queremos regularizar nossa publicação impressa Cadernos do Fórum que tem seu próximo número no prelo. Queremos editar o terceiro número com as contribuições do Fórum de Porto Alegre e na seqüência com as contribuições dos Fóruns de Natal e de Florianópolis. Por enquanto essas contribuições estarão publicadas no sítio do Fórum Nacional. Aproveitando esta oportunidade, ao mesmo tempo que proponho uma parceria do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo com este Observatório da Imprensa, quero conclamar a todos os professores de jornalismo do Brasil a se integrarem aos nossos quadros, ampliando a sua já expressiva representatividade.