Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Governo relativiza censura na internet…

Cai Mingzhao, vice-ministro do Departamento de Informação do Conselho de Estado, órgão que supervisiona a internet, afirmou na semana passada que a China vê com bons olhos acordos internacionais para o desenvolvimento do crescente setor de mídia digital no país, noticia Mark Sweney [The Guardian, 20/3/08]. Mingzhao alertou, no entanto, que isto não deve ser usado por estrangeiros para interferir nos ‘assuntos internos’ da China.


A declaração foi feita em uma mesa-redonda com participantes britânicos e chineses organizada pela Reuters, no Reino Unido. Dentre os presentes, estava Ma Yun, conhecido como Jack Ma, fundador da empresa de comércio eletrônico Alibaba Group, e Fu Ying, embaixador da China no Reino Unido. O vice-ministro reconheceu que as políticas chinesas de controle do conteúdo da rede são criticadas em todo mundo, mas defendeu-as, dizendo que ‘as razões por trás disto são complexas’. ‘Estamos dispostos a aprender com outros países a aperfeiçoar maneiras de regular a internet’, afirmou.


Segundo ele, notícias, jogos e entretenimento são muito populares na rede e o governo está fazendo esforços para melhorar o mecanismo de distribuição de notícias no país. ‘Não há dúvida de que o governo reconhece a importância da internet, mas seu desenvolvimento tem de caminhar junto aos valores culturais tradicionais do país, como harmonia, honestidade, disciplina e boa-vontade. Pornografia, violência, fraude, hackers e vírus vão contra estes conceitos e são amplamente desencorajados na China’, declarou.


…mas endurece controle sobre a rede


Curiosamente, o governo anunciou no fim da semana passada que irá punir e fechar dezenas de sítios de compartilhamento de vídeos que possuem conteúdo considerado pornográfico, violento e que representem uma ameaça à segurança nacional. O anúncio, que marca o endurecimento de regras de controle sobre a rede, ocorre logo depois do bloqueio de sítios estrangeiros que divulgaram imagens dos protestos no Tibete – caso do YouTube.


O chinês Tudou.com, um dos mais populares sítios chineses de compartilhamento de vídeos, foi um dos penalizados por causa dos distúrbios em Lhasa, capital tibetana, segundo a Administração Estatal de Rádio, Filme e Televisão, órgão censor do governo chinês. Não foram divulgados, entretanto, detalhes da violação ou da punição do Tudou. Nesta mais recente ação repressora, uma investigação de dois meses levou os reguladores a ordenarem o fechamento de 25 sítios e a punição de 32 – sem explicitar qual seria esta punição. Estas empresas, por temor do governo, acabam por não se manifestar abertamente sobre o assunto. O vice-presidente do Tudou, Dan Brody, afirma apenas que o sítio recebeu um ‘aviso’, mas não entra em detalhes.


Mais rigidez


Regras implantadas no fim de janeiro proíbem a distribuição de vídeos online que envolvam ‘segredos nacionais’, que prejudiquem a reputação da China, que perturbem a estabilidade social ou que promovam pornografia. As autoridades pedem que os sítios apaguem – e denunciem – tais conteúdos.


Ainda que o governo tenha prometido o aumento de liberdade de atuação da mídia estrangeira, os veículos de comunicação chineses passaram a sofrer com um controle maior. O objetivo é evitar a circulação de informações que possam manchar a reputação do país diante dos Jogos Olímpicos de Pequim, evento de prestígio internacional. Informações de Min Lee [AP, 21/3/08].