Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Imprensa sofre em meio à guerra pelo poder no Nepal

Cinco jornalistas nepaleses foram assassinados e sete outros estão desaparecidos desde o fim do cessar fogo entre rebeldes maoístas e as forças de segurança do governo em agosto do ano passado. Segundo informações da Federação dos Jornalistas Nepaleses (FJN), mais de 100 jornalistas foram torturados física ou psicologicamente nos últimos dois anos e meio pelos maoístas e pelo governo do Nepal.

O país vive uma situação de conflito desde 1996, quando rebeldes maoístas começaram a lutar contra o governo com o objetivo de instalar uma república comunista. Com a justificativa de que o governo eleito não havia conseguido deter os rebeldes, o rei Gyanendra decidiu, em 2002, substituí-lo por um regime monarquista – o que, por sua vez, gerou protestos de grande parte da população do Nepal.

A FJN afirmou que os jornalistas Gyanendra Khadka e Gopal Giri foram mortos pelos rebeldes, enquanto Binod Chaudhari, Nagendra Pokharel e Padmaraj Devkota, que são pró-maoístas, foram assassinados pelas forças de segurança do governo.

A violência contra jornalistas no Nepal cresce a cada dia. De acordo com informações da Federação Internacional de Jornalistas (IFJ, sigla em inglês), organização mundial que representa mais de 500 mil jornalistas em todo o mundo, mais de 73 jornalistas foram presos no país nos últimos dias em dois incidentes separados, em uma clara tentativa de censura.

No dia 16 de abril, 47 jornalistas foram presos por forças de segurança enquanto reportavam uma manifestação contra o rei Gyanendra. No sábado, 17, mais 13 jornalistas foram presos quando protestavam contra o encarceramento de seus colegas no dia anterior. Entre os jornalistas presos estavam a presidente da FJN, Tara Nath Dahal, e o secretário geral da organização.

Estes últimos incidentes seguem uma seqüência de outros ataques contra os jornalistas do Nepal. Em 18/3/04, o prédio da estação da Radio Nepal em Pawanipore, no distrito de Bara, foi destruído por bombas lançadas pelos rebeldes maoístas. Em 2 de abril, Shiva Lamsal, presidente da seção de Katmandu da Associação de Imprensa do Nepal e correspondente especial da emissora One Television, foi atacado verbalmente por um inspetor de polícia enquanto cobria um protesto dos cinco maiores partidos do país contra o rei Gyanendra. Em 3/4, um grupo de estudantes tomou a câmera do jornalista Dipendra Badwal e danificou-a, enquanto ele fotografava um ônibus público que havia tido seus pneus queimados na cidade de Butwal.

Em cartas enviadas a maoístas e representantes do governo do país, a IFJ [19/4/04], condenou suas ações e pediu que os dois lados parem de usar a mídia como alvo de sua violência. Com informações da AFP [19/4].