Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornalista macedônio encontrado morto na prisão

Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 24 de junho de 2008


 


MACEDÔNIA
Folha de S. Paulo


Repórter macedônio morre após ser preso por crimes sobre os quais escrevera


‘O jornalista macedônio Vlado Taneski, 56, foi encontrado morto em sua cela ontem em uma prisão nas proximidades de Tetovo, Macedônia. Ele estava preso por suspeita de ser o autor de crimes violentos sobre os quais escrevera reportagens.


Taneski era acusado de dois homicídios, além de ser o principal suspeito nas investigações da morte de uma terceira mulher e do desaparecimento de uma quarta.


O jornalista foi preso na última sexta-feira em sua casa na cidade de Kicevo (a 120 km de Skopje). Uma ordem judicial havia determinado que ele permanecesse detido por 30 dias.


Ivo Kotevski, porta-voz da polícia, disse que a hipótese de suicídio é a mais provável, mas as investigações sobre a morte do repórter ainda não terminaram.


‘Ele foi encontrado morto com a cabeça dentro de um balde de água’, disse Kotevski. O corpo de Taneski foi transferido da prisão até a capital Skopje para autópsia. O balde e outras provas também foram lacrados para a análise forense.


A polícia começou a suspeitar do repórter quando percebeu que as reportagens assinadas por ele continham detalhes não divulgados sobre os crimes. Taneski trabalhava para os periódicos de circulação nacional ‘Utrinski Vesnik’ e ‘Nova Macedônia’, e seu DNA foi encontrado durante as autópsias nos corpos de duas das vítimas.


Segundo a polícia, as quatro vítimas tinham semelhanças com a mãe do jornalista, com quem ele não mantinha boas relações. Como ela, todas eram mulheres entre 55 e 80 anos, trabalhavam como faxineiras e moravam no mesmo bairro em Kicevo.


Os corpos de três das mulheres foram encontrados nus, depositados em sacolas, e apresentavam sinais de violência corporal, abuso sexual e estrangulamento com cabos de telefone.


Antes de chegar a Taneski, dois homens haviam sido pesos e condenados à prisão perpétua pelos crimes. Agora eles serão libertados e indenizados pelo tempo passado na cadeia.


Conhecido na vizinhança, Taneski visitou as famílias das vítimas enquanto apurava as reportagens. ‘Ele veio até nossa casa, nós conversamos, ele perguntou detalhes’, disse Zoran Temelkoski, filho da vítima Zivana Temelkoska, 65, a um programa de televisão local.


A condenação lembrou o caso do escritor polonês Krystian Bala, condenado em 2007 por crime descrito no romance policial ‘Amok’. Detalhes que seu livro trazia sobre o assassinato do empresário Darius Janiszewski atraíram a atenção policial.


Com agências internacionais’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Pobres e ricos


‘Na manchete de telejornais como ‘Jornal da Band’, mas não do ‘Jornal Nacional’, ‘Cai a desigualdade’. Em sites como Folha Online e ‘O Estado de S. Paulo’, ‘Salário da baixa renda sobe quatro vezes mais que o de ricos’. E em portais como UOL e iG, ‘Renda dos pobres sobe mais e reduz a desigualdade’.


O portal da Globo, G1, que até postou a manchete ‘Desigualdade caiu’ por algum tempo, sublinhava na home que, ‘em algumas regiões do país, ricos ainda ganham 23 vezes mais que os mais pobres’.


DOS POBRES PARA OS RICOS


Por Reuters Brasil e outras, ‘o déficit em transações correntes desacelerou, para o melhor valor no ano, mas a acomodação não impediu o Banco Central de elevar sua estimativa de saldo negativo em 2008’.


Do outro lado, o ‘Wall Street Journal’ deu que os EUA ‘dependem da bondade de estranhos, que nestes tempos são provavelmente a China, o Brasil ou outro emergente, para financiar sua conta de importação’. Dos US$ 920 bi que estrangeiros investiram no país em 2007, ‘a China respondeu por 21% do total, com o Brasil em 8,4%, a Rússia em 2,8%’ etc. O enunciado aponta ‘risco’ na dependência americana do dinheiro que ‘flui dos pobres aos ricos’ -e pode, de repente, reverter a ‘anomalia histórica’.


MCCAIN QUER ‘FLEX’


Do site do ‘New York Times’ à CNN, da manchete do Drudge Report às agências, o republicano John McCain sugeriu ontem um prêmio de US$ 300 milhões a quem desenvolver uma bateria mais eficiente para carros.


No discurso, voltou a dizer que o país precisa derrubar a tarifa que impede a entrada de ‘etanol de cana do Brasil’ -e até detalhou como o país saltou de 5% para 70% de carros ‘flex’ em três anos.


O’REILLY QUER CANA


O atual presidente dos EUA, seu candidato e diversos colunistas conservadores dão sem parar o Brasil como seu modelo em energia.


E ontem, na Fox News, o âncora Bill O’Reilly cobrou que os EUA passem a explorar petróleo na plataforma e acabem com a proteção aos produtores americanos de etanol de milho. ‘Pense nisso. O Brasil pode ter carros que rodam com etanol de cana-de-açúcar, mas nós não?’


GANGUE DE RUA huffingtonpost.com


Na home do Huffington Post, chamadas de Brasil. Antes de mais nada, o ‘arrastão’ de que Pelé foi vítima ‘há duas semanas’ e que a ‘Veja’ deu sábado. Há três dias a informação, que está por toda parte, ocupa o topo das buscas do país no Google


TRIBO CONHECIDA


Também no HuffPost, o texto do ‘Observer’ dizendo que indigenistas e a Survival ‘admitiram’ que a localização da ‘tribo perdida’ era conhecida. Fala-se em ‘trote’ e, no Gawker, em ‘bullshit’ ou ‘lie’, mentira


EXÉRCITO SECRETO


O livro ‘Elite da Tropa’, que inspirou o filme ‘Tropa de Elite’, sai até o fim do ano nos EUA, mas já tem resenha na nova edição da ‘Foreign Policy’ -que avisa que a aparente ‘ficção exagerada’, de ‘histórias bizarras, violentas, tocantes, repulsivas’, é verdadeira. No título, ‘Em outras palavras: O exército secreto do Brasil’’


 


 


CUBA
Folha de S. Paulo


Fidel ataca UE pela 3º vez em página governista na internet


‘Em texto divulgado na internet, o ex-ditador cubano Fidel Castro atacou pela terceira vez desde sexta-feira a decisão da União Européia de pôr fim às sanções diplomáticas contra Cuba. Por exigência da Suécia, da Alemanha e de países ex-comunistas, a decisão será reavaliada daqui a um ano, quando o bloco discutirá se houve progressos na ilha na área dos direitos humanos.


‘Nunca torturamos ninguém, nem privamos ninguém da vida por métodos extrajudiciais’, escreveu Fidel, 81, ontem. ‘Se a Europa toma medidas diplomáticas contra Cuba alegando defender esses direitos, por que não se adotam medidas contra os EUA pelo genocídio no Iraque e as milhares de pessoas presas e torturadas ali e em outras partes do mundo?’, questionou.


Os textos sobre a UE de Fidel Castro, que deixou formalmente o poder em fevereiro passado, não foram publicados na imprensa oficial cubana, mas apenas no site www.cubadebate.cu. O acesso à internet é restrito na ilha. O governo cubano ainda não se pronunciou oficialmente sobre o fim das sanções européias.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Abril, Record e Band protestam contra Globo


‘Os grupos Abril, Record e Bandeirantes vão divulgar nesta semana um manifesto contra ‘o monopólio’ da Globo na TV paga, por meio do controle de conteúdo nacional nas operadoras Net e Sky, que detêm 76% dos assinantes brasileiros.


O manifesto estava sendo elaborado ontem à tarde. Os grupos reclamam de barreiras para a distribuição de seus canais. Recentemente, a Sky limitou o sinal da MTV, da Abril, antes nacional, a São Paulo.


O documento também declarará apoio à proteção do conteúdo nacional no PL-29, e discussão no Congresso, mas proporá mudanças. Os grupos dizem que a atual redação do PL-29, que obriga operadoras a distribuir dez canais nacionais no pacote mais básico, favorece a Globo, que ocuparia sete dessas dez vagas. Record, Band e Abril querem que cada grupo econômico fique, cada um, com dois desses canais.


Diretor-geral da Globosat, Alberto Pecegueiro rechaça as acusações. ‘Não existe monopólio da Globo. A Globo enfrenta no mercado de TV por assinatura os maiores grupos do mundo, como Turner e Time-Warner. No discurso antiGlobo, ninguém liga para isso’, diz.


Segundo o executivo, a Globo não tem poder de veto no conteúdo da Sky. Para ele, a proposta de dois canais por grupo no pacote básico é ‘absurda’. ‘Estão pleiteando que o conteúdo deles seja distribuído por decreto, não por competência.’


TOPETE NEWS O publicitário, apresentador e cantor Roberto Justus anunciará depois de amanhã, ao final da quinta edição de ‘O Aprendiz’, mudanças no reality show da Record. O programa, em 2009, deixará de procurar um sócio para Justus. Voltará a buscar um ‘aprendiz’, mas, desta vez, entre pessoas que ainda estejam cursando faculdade. O vencedor ganhará um MBA (pós-graduação em negócios) no exterior.


PREJUÍZO A exibição de ‘Pantanal’ pelo SBT afetará o autor Benedito Ruy Barbosa no próprio bolso. Além de ter que criar uma nova sinopse de novela das oito, terá que compensar a Globo pelo dinheiro que já recebeu pela venda dos roteiros originais de ‘Pantanal’. A Globo não quer mais remake da novela.


SEM GRAÇA A Globo afastou os atores Pedro Bismark, o Nerso da Capitinga, e Stephan Nercessian do elenco de ‘Zorra Total’. É que o primeiro fará campanha e o segundo será candidato. Bismark aproveitou o afastamento e já está faturando como garoto-propaganda das Casas Bahia.


MONOPÓLIO Anteontem, Itália x Espanha deu 14,2 pontos à Record, só 1,5 a menos do que Vasco x Palmeiras na Globo. Mas os jornais da Globo, à exceção do ‘Globo Esporte’, ignoram a Eurocopa.


DIDI E DEDÉ A volta de Dedé Santana fez bem ao ‘Turma do Didi’. Anteontem, o programa deu 15,5 pontos, a maior audência de 2008. Já o ‘Fantástico’, com 23,7 pontos, teve seu segundo pior desempenho no ano.’


 


 


Folha de S. Paulo


Morre nos EUA o comediante George Carlin


‘George Carlin, comediante do gênero ‘stand-up comedy’ e vencedor de dois Grammy, morreu de insuficiência cardíaca, anteontem, em Los Angeles, aos 71 anos. Carlin iniciou sua carreira no final dos anos 1950 e era um dos mais conhecidos comediantes do país. Foi o primeiro apresentador do programa humorístico ‘Saturday Night Live’, em 1975.’


 


 


MÚSICA
Sérgio Dávila


João, o tempo e o vento


‘João Gilberto desafiou o tempo e o vento em sua primeira apresentação do ano em que a bossa nova completa seu cinqüentenário. Aos 77 anos, completados no último dia 10, o baiano de Juazeiro tocou duas dezenas de versões clássicas do gênero que ajudou a inventar em apresentação para 2.000 pessoas, que lotavam a sala principal do Carnegie Hall, em Nova York, no domingo.


Se não ousou na sua lista de músicas, fez isso na interpretação delas e ao incluir na abertura do bis a versão que Braguinha (1907-2006) criou para a canção patriótica ‘God Bless America’, que Irving Berlin (1888-1989) começou a compor em 1918 e que os norte-americanos adotaram como um de seus hinos não-oficiais -os EUA não têm um hino oficial.


De certa maneira, João Gilberto cantando ‘Deus salve a América’ (‘Verdes mares/ Florestas/ Lindos campos abertos em flor’) no palco que o ajudou a consagrar em 1962 era sua maneira de dizer ‘obrigado’ ao país. Modesto e tímido, ele disse que pedia ‘permissão’ para fazê-lo e lembrou que cantava a música quando jovem no Brasil -ele e milhares de estudantes e pracinhas brasileiros nas décadas de 40 e 50.


Foi a primeira apresentação do músico na casa desde 2004, e o primeiro show que faz depois de ter se desligado de sua empresária de mais de uma década, Carmela Forsin. Perto dos 80, João passou o controle de sua carreira a Claudia Faissol, mãe de uma de suas filhas, Luísa -a outra, Bebel Gilberto, expoente de um gênero derivado do do pai, a ‘new bossa’, apresentava-se naquela noite em outro lugar.


Agora, depois de cinco anos de ausência dos palcos brasileiros, o músico faz quatro shows no festival Itaúbrasil. Pela minitemporada em comemoração dos 50 anos da bossa nova, levará um cachê estimado em R$ 2 milhões.


Roupa nova


Mais calvo, um pouco rouco, com ritmo pouca coisa mais lento que nos últimos shows, João Gilberto ainda é João Gilberto. Ao desfilar o rosário de sambas, boleros e sambas-bossas que colocou na história da música popular brasileira apenas por tê-los tocado um dia, o músico apresentou uma roupagem nova de algumas canções que é o mais próximo a que chegaria de uma ‘regravação’.


Foi assim, por exemplo, com a icônica ‘Chega de Saudade’, em que esticou as pausas entre as frases -como em ‘Que… sem ela não pode ser’, ‘Que… sem ela não há paz, não há beleza’ ou ‘Que os beijinhos que eu darei… na sua boca’-, sussurrou ‘abraços e beijinhos’ e cuja melodia tornou mais grave, o que conseguiu ao cantar ‘boooleza’, em vez de ‘beleza’, e ‘mooolancolia’, em vez de ‘melancolia’.


Ou com ‘Lígia’, uma revolução que comprova a capacidade do músico de se reinventar e, com isso, reinventar o gênero. Ele cantou a música inteira de Tom Jobim depois modificada por Chico Buarque sem mencionar nenhuma vez o nome-título da musa. Sorriu triste na frase ‘as bobagens de amor que eu iria dizer’, emocionando.


Nessas horas e em outras interpretações, como as de ‘O Pato’, ‘Aos Pés da Santa Cruz’ e ‘Samba de Uma Nota Só’, em que mais sussurrou e chegou mesmo a fazer uma segunda voz, ficou mais evidente sua maneira de brincar com o tempo, o andamento das músicas, apressando e atrasando as frases e a melodia, que se encontram no fim.


Animado, ele ritmava as músicas com o pé esquerdo, não numa batida sincopada, mais em ondas que ensaiava com a perna inteira. Nas músicas em que gostava mais do resultado que ouvia pelos dois retornos à sua frente, balançava as duas pernas, afastando e aproximando os joelhos, o que em outros mortais parece ser o tédio na sala de espera do consultório, mas em ‘joãogilbertês’ pode ser descrito como dança.


Momentos de tensão


A noite de quase duas horas e duas dezenas de músicas não foi livre de momentos de tensão. Por três vezes, João reclamou do ‘vento’. ‘Desculpe falar uma coisa, tem um ventinho aqui na minha cabeça, me faz um pouco afônico’, disse, depois de cantar a italiana ‘Estate’. Voltaria após ‘Wave’: ‘Please, esse ventinho’.


A tensão na platéia era evidente. Numa mistura rara de histeria e evento psicossomático coletivos, muitos começaram a sentir eles próprios o vento, não uma brisa leve, mas rajadas de ar ártico congelante. É que, num dos shows na casa, há alguns anos, João chegou a se levantar a 15 minutos de espetáculo e deixar o palco por problemas técnicos.


Mas, na terceira vez em que reclamou do ar-condicionado, após o bolero ‘Eclipse de Luna’, o fato já tinha entrando para o folclore. ‘Olha o meu ventinho outra vez, please’, cantarolou. A platéia riu, aliviada.


O vento estava domado, e a noite, salva.’


 


 


INTERNET
Janaína Fidalgo e Raquel Cozer


Webenólogo


‘Ele é a antítese do que se imagina de um crítico de vinhos. As garrafas e a taça estão ali. Mas o que fazem sobre a bancada o Lion, a Cheetara e o Escamoso, personagens dos Thundercats? E o balde com o emblema do time de futebol americano New York Jets?


Difícil crer que na TV alguém desconhecido conseguisse emplacar um programa nesses moldes. Foi por isso que Gary Vaynerchuk, 32, diretor de uma loja de vinhos em Nova Jersey, nos Estados Unidos, escolheu a internet para confirmar sua idéia de que vinho e diversão podem caminhar juntos.


No ar há mais de dois anos, a Wine Library TV (tv.winelibrary.com) tirou Vaynerchuk do rol dos desconhecidos. Com seu jeito informal de falar sobre vinhos, o que inclui recomendar garrafas de US$ 3 e dar nojentas escarradas no tal balde do NY Jets depois de bochechar cada gole, o neocrítico tem seus videocasts acessados mais de 80 mil vezes por dia.


‘Eu sabia que a internet era o meio no qual poderia fazer o que queria. Num veículo tradicional, não sei se alguém acreditaria no programa’, diz Vaynerchuk à Folha, por telefone.


Por ‘fazer o queria’ entenda-se testar o formato e se dar ao luxo de ficar um ano e meio no ar até começar a fazer sucesso. A web também serviu como catapulta para Vaynerchuk -ou ‘Vay… ner… chuk’, como prefere o russo (que vive nos EUA desde os três anos), tentando descomplicar até o próprio sobrenome.


Apelidado de ‘Oprah on-line’, autor de um livro recém-lançado (link) que está entre os títulos sobre bebidas mais vendidos na Amazon, ele já foi notícia em jornais como ‘Los Angeles Times’ e ‘Washington Post’. Como convidado de ‘veículos tradicionais’, convenceu Ellen DeGeneres a degustar grama e Conan O’Brien a lamber pedra -mais ou menos como ele próprio fazia na adolescência, tentando se familiarizar com sabores e aromas de vinhos que a idade não lhe permitia tomar.


Apesar do novo status de celebridade já ter lhe rendido ‘muitos, muitos, muitos’ convites para levar a Wine Library TV à televisão, Vaynerchuk acha que ainda é cedo.


‘Quero que o programa fique maior e definitivamente bem-sucedido antes de ir para a televisão. Sinto que, se ficar maior na internet, terei mais fãs do que se for para a televisão’, diz.


Outro receio é a perda da liberdade. ‘[Na TV] você não toma mais todas as decisões. Tem o produtor, o diretor, a rede, os anunciantes, um monte de mãos no pote de biscoito.’


No pote de Vaynerchuk, por enquanto, estão apenas as mãos dele e de um câmera. Gravar cada episódio (são cinco por semana) não lhe toma muito tempo -15, 25 minutos, no máximo. É a vantagem de uma produção simples que a internet torna viável.


Por outro lado, outra característica da rede consome quase todos os minutos que lhe restam: a interação com os internautas. Hiperbólico, diz receber ‘centenas, às vezes milhares’ de e-mails por dia, fora as mensagens em sua comunidade no Facebook (apps.facebook.com/askgary).


‘Helloooow, everybody’


Olho arregalado de desenho animado, voz esganiçada, com agudos de muitos decibéis disparados no ‘Helloooow, everybody’ que abre os videocasts, Vaynerchuk mais parece um VJ da MTV. Seria natural pensar que seu público se restringe a jovens. Não é o que acontece.


‘Temos muita gente de 40, 50. Não tem relação com idade, e sim com o que eles pensam. As pessoas que vêem a Wine Library TV têm a mente aberta e querem aprender sobre vinhos de maneira divertida’, avalia.


A graça pode estar na interrupção dos comentários para anunciar o placar de jogos com o seu time ou no cenário kitsch onde expõe, a cada episódio, alguns representantes da sua coleção de brinquedinhos.


‘Aquilo são coisas divertidas da minha infância’, ri. ‘As pessoas tendem a pensar que tudo o que se relaciona a vinho é esnobe, sério demais. Quando vêem os brinquedos na mesa, sabem que será diferente. Quero que se sintam confortáveis.’


É assim que Vaynerchuk, ele próprio pouco afeito a pesquisar sobre vinhos na rede, diz estar criando ‘fileiras’ de enófilos. ‘Pessoas que não tomavam vinhos antes tomam agora, por causa do meu show.’


Essas pessoas vão ter de esperar um pouco antes de provar vinhos brasileiros. Vaynerchuk ainda não indicou nenhum nos videocasts, mas ‘não por falta de vontade’. ‘Os vinhos daí não chegam até os Estados Unidos’, lamenta. Sua lista é encabeçada pelo Salton Talento, que aparece em seu bloco de anotações junto com os dizeres ‘prova de que o Brasil pode vir a ser um grande produtor.’’


 


 


LITERATURA
Folha de S. Paulo


Morre em Paris escritor egípcio Albert Cossery


‘Albert Cossery foi encontrado morto anteontem, aos 94 anos, no quarto do hotel que habitava desde 1945, no bairro parisiense Saint-Germain-des-Prés. Até o fechamento desta edição não haviam sido divulgadas as causas da morte. Conhecido como o ‘Voltaire do Nilo’, por sua ironia, é autor de oito obras, em francês, e ganhou, em 2005, o prêmio Poncetton da Société des Gens de Lettres.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 24 de junho de 2008


 


INTERNET
Marcelo Rehder


Governo de SP lança o ‘Google’ do emprego


‘O governador José Serra lançou ontem o Programa de Qualificação Profissional, cuja meta é oferecer cursos a 180 mil desempregados até 2010. As primeiras turmas começam a ter aulas a partir do próximo dia 15 de julho.


O programa inclui a criação, no Mës que vem, de um portal em que os trabalhadores poderão procurar por emprego. Batizado de Emprega São Paulo, o endereço eletrônico pretende ser um ‘Google’ do emprego, nas palavras do secretário estadual do Emprego e Relações do Trabalho, Guilherme Afif Domingos.


Segundo ele, o governo vai destinar R$ 40 milhões para os cursos só neste ano. Até dezembro, serão abertas 30 mil vagas. Outras 60 mil vagas serão oferecidas no ano que vem e mais 90 mil, em 2010. A previsão é de um gasto total ao redor de R$ 180 milhões.


As vagas serão oferecidas preferencialmente a desempregados na faixa de 30 a 59 anos de idade que não concluíram o ensino fundamental. ‘Essa população, no auge da capacidade produtiva, passa pelo grave problema da falta do ensino fundamental’, disse o secretário.


Segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), mais de 50% desse público é analfabeto ou não terminou o ensino fundamental, o que dificulta ainda mais sua recolocação no mercado de trabalho.’O desemprego hoje é dos mais velhos em profissões muito simples, e a grande dificuldade é que boa parte deles sabe ler, mas não compreende aquilo que lê’, disse Afif. Do total de 200 horas que serão destinadas à capacitação para profissões nas quais a demanda é crescente, 120 horas serão destinadas exclusivamente à reeducação básica.


Serra destacou que os recursos do programa serão gastos de maneira correta. ‘Essa área de treinamento e qualificação profissional é problemática em matéria de utilização de recursos.’


 


 


TELEVISÃO
O Estado de S. Paulo


Morre o comediante americano George Carlin, aos 71 anos


‘O comediante norte-americano George Carlin (foto) morreu no último domingo em decorrência de um ataque cardíaco, no hospital de Santa Monica, na Califórnia, seugundo seu assessor Jeff Abraham. Ele tinha 71 anos. Formou com Jack Burns uma dupla cômica nos anos 1960. Carlin tornou-se conhecido por desafiar a censura oficial; sua rotina de trabalho era denominada da seguinte maneira: ‘As sete palavras que nunca foram ditas na televisão.’ A irreverência e a coragem fizeram com que a Suprema Corte dos EUA tivesse que se pronunciar sobre as ‘grosserias’ ditas para os telespectadores, em 1978. O tribunal manteve assegurado o poder de o governo intervir na programação televisiva se ela veiculasse linguagem obscena. George Carlin trabalhou durante décadas na televisão. Ele ganhou quatro prêmios Grammy. Criou programas para o canal HBO e estava na estréia de Saturday Night Live, em 1975.


 


 


Etienne Jacintho


Fox: Lipstick Jungle


‘A Fox vai trazer ao Brasil, no dia 12 de agosto, a série Lipstick Jungle. A atração seria apenas mais uma série, se não levasse a assinatura de Candace Bushnell, a autora de Sex and the City. Ela lidera a equipe de roteiristas e mostra, mais uma vez, a Nova York de Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda. A diferença é que, desta vez, as mulheres são três – e muito mais poderosas profissionalmente do que o quarteto de Sex and the City.


A primeira temporada de Lipstick Jungle tem sete episódios e, nos Estados Unidos, não causou muita comoção. Mesmo assim, a série foi renovada, tirando a rival Cashmere Mafia de cena – a série, que também acompanhava a vida de três executivas em Nova York, foi cancelada e a estrela Lucy Liu migrou para Dirty Sexy Money.


Lipstick Jungle tem Brooke Shields como protagonista e conta com Kim Raver (24 Horas e The Nine) e Lindsay Price (Barrados no Baile) no elenco. As três ainda não se tornaram o fenômeno Sarah Jessica Parker, que, após os 12 episódios da temporada de estréia de Sex (1998), já era o ícone fashion da série cult. De qualquer forma, vale a pena ver se Lipstick vai, ou não, lançar moda.’


 


 


 


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