Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Julgamento de repórteres pode servir como moeda de negociação

Especialistas acreditam que o veredicto mais provável resultante do julgamento das jornalistas americanas Euna Lee (de origem coreana) e Laura Ling (de origem chinesa), nesta quinta (4/6), é o da condenação e que elas podem virar moeda de negociação com os EUA, que há muito tempo procura colocar um fim às ambições nucleares da Coréia do Norte. O país – contrariando o Conselho de Segurança da ONU, os EUA e históricos aliados, como China e Rússia – disparou um míssil de longa distância no Oceano Pacífico em abril, detonou uma bomba atômica em maio e agora está aparentemente fazendo testes para lançar um míssil balístico intercontinental que pode ser capaz de atingir o Alasca.


As duas repórteres trabalham para a emissora Current TV, fundada pelo ex-vice-presidente dos EUA Al Gore, e estão presas desde o dia 17/3, acusadas de ter entrado ilegalmente na Coréia do Norte e praticar ‘atividades hostis’. As duas podem enfrentar sentenças de até 10 anos de prisão com trabalho forçado. ‘As leis do país dizem que uma pessoa condenada por atos hostis podem ser forçadas a trabalho forçado por 10 anos ou mais’, explicou Park Jeong-woo, professor de direito da Universidade Kookmin. Na realidade, as jornalistas queriam apenas cobrir o tráfico de mulheres norte-coreanas na fronteira do país com a China. A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, afirmou que as acusações não são ‘baseadas em fatos’.


Pressão internacional


A Repórteres Sem Fronteiras pede que autoridades judiciais norte-coreanas sejam menos severos com duas jornalistas no julgamento em Pyongyang. ‘Nós pedimos que as autoridades judiciais mostrem clemência e esperamos que o julgamento resulte na libertação e retirada das acusações das duas jornalistas americanas’, expressou a organização em seu sítio [3/6/09], pedindo que o exemplo do Iraque, que libertou a jornalista americana Roxana Saberi no mês passado, seja seguido. Uma petição, com assinatura de mais de 1,8 mil jornalistas, blogueiros e ativistas, foi entregue à missão permanente da Coréia do Norte nas Nações Unidas, em Nova York.


Diversas manifestações em apoio à Euna e Laura foram realizadas em Washington, New York, Chicago, Birmingham, Portland, São Francisco e Los Angeles. As duas puderam falar com seus maridos e familiares por telefone na semana passada. A irmã de Laura informou que ela parecia estar muito assustada. Com informações de Jon Herskovitz [Reuters, 3/6/09] e de Blaine Harden [Washington Post, 4/6/09].