Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Nem todos aprenderam com o Catarina

Em março do ano passado, fortes ventos varreram a costa catarinense e mudaram a história da previsão climática no país. Até então o Brasil era uma terra abençoada, sem furacões ou grandes catástrofes naturais. A passagem do primeiro furacão no Atlântico Sul trouxe ensinamentos aos cientistas da área, à população e aos jornalistas. Mas nem todo mundo aprendeu.

A chegada de um ciclone extratropical neste mês mostrou bem isso. Nos dias 8 e 9, alguns jornais catarinenses não trataram o evento com o destaque merecido, subestimando a potência da efeméride. Diário Catarinense e Jornal de Santa Catarina, com base no serviço da Somar Meteorologia, informaram em suas previsões que uma frente fria estava ‘praticamente estacionada sobre o Estado’. O concorrente A Notícia previu a ocorrência de chuvas fortes e descargas elétricas, seguindo o serviço da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).

No dia seguinte, os jornais do Grupo RBS não deram muita atenção à mudança do tempo, e informaram que o frio e a chuva iriam continuar, de forma rotineira. O Jornal de Santa Catarina ateve-se a relatar os fortes ventos relacionando-os à ressaca. A Notícia, não. Trouxe alerta na capa com destaque sobre o evento que aconteceria àquela noite.

Só no dia 10, o Diário Catarinense – que vinha tratando o assunto como frente fria – citou a formação de um ciclone daquele tipo em meio a uma série de matérias sobre os estragos causados pelo vento. Já o Jornal de Santa Catarina ateve-se a relatar os fortes ventos relacionando-os à ressaca.

De difícil cobertura, eventos naturais surpreendem até mesmo os especialistas. Entretanto, a ocorrência de desastres semelhantes trazem lições que precisam orientar e conduzir os trabalhos nas redações.

Mais do mesmo

Assim como o ritmo das investigações, os jornais catarinenses mantêm o ritmo, durante o período de análise, das matérias veiculadas sobre a crise no Governo. Novos nomes como Duda Mendonça aparecem, o clima da culpa do governo fica intenso. Evoluem as CPIs, que apesar de tratarem de assuntos considerados diferentes, apresentam algumas figuras bem conhecidas por quem já acompanha as notícias. Como antes, o DC apresenta um maior espaço dedicado aos acontecimentos de Brasília e detalhes de especulações do futuro do país. O Santa e o AN trazem os principais fatos, de forma geral. Pelo que se nota, o noticiário político dos jornais continuará nesse ritmo por um bom tempo. Nos editoriais, os jornais deixam claro que já perderam a paciência com o governo Lula.

Onde o homem já esteve

Do fundo do mar da baía de Kamtchantka até a órbita terrestre, os principais periódicos catarinenses trouxeram durante o período uma cobertura completa dos dois casos de exploração. A Discovery não teve tanta relevância aos jornais que, apesar da agitação de um pedaço da fuselagem ter se soltado da espaçonave no lançamento, não trouxeram mais nada além da rotina da tripulação. E bem longe do espaço ocorria outro fato que ganhou destaque nas páginas dos jornais catarinenses. O submarino russo AS-28 estava sob o olhar atento da mídia e do mundo, o clima tenso mas esperançoso circundava a operação de salvamento da tripulação. Assim como o final feliz de ambos os fatos, os jornais também fecharam suas coberturas tranqüilamente, graças a todo o material proveniente das agências.

Duas vezes Malu

A atriz Malu Mader levou um susto na semana passada em sua passagem por Florianópolis. Sofreu uma crise convulsiva e foi internada às pressas, diagnosticando em seguida que possui um cisto benigno na cabeça. Na redação de A Notícia, o susto fez muita gente bater cabeça. A notícia sobre a internação de Malu Mader foi publicada duas vezes na mesma edição, a de sexta, 12 de agosto. O jornal trouxe matéria sobre o assunto na editoria de Geral (‘Detectado cisto em Malu Mader’) e no caderno Anexo (‘Malu Mader é internada na Ilha’), com textos praticamente idênticos. Responsáveis pelas seções deveriam conversar e decidir onde o assunto figuraria…

Ops!

O colunista Raul Sartori, do caderno Anexo, de A Notícia, andou meio desligado nos últimos tempos. Na edição de 12 de agosto, trouxe não uma nem duas, mas três correções a colunas dos dias anteriores. Na primeira delas (‘Como foi’), confessa que errou ao informar que a primeira dama do Estado, Ivete Appel da Silveira, tivesse chegado de helicóptero à inauguração de uma creche em Florianópolis. ‘A coluna errou e se penitencia pelo equívoco que aborreceu o governador Luiz Henrique e Ivete Appel da Silveira, a quem se desculpa’, escreveu Sartori. Na nota ‘Gramática’, o colunista lembra que ‘massacrou’ a língua no dia anterior, quando usou plural incorreto de anfitrião. Em seguida, na nota ‘Erramos’, corrigiu informação acerca do carnavalesco Joãosinho Trinta que levou à Sapucaí enredo sobre a saga de Anita Garibaldi. O colunista fez certo: corrigiu o que errou. Assumir falhas é nobre. Retificar é necessário. Evitar o erro é o ideal.

Revelando nosso estado

No domingo dia 7, o DC anunciou a publicação do caderno especial: ‘A Força SC’, com breve resumo de cada uma das quatro futuras edições. Os cadernos mostraram um pouco da história e do poder da economia de cada um dos 293 municípios do estado, bem como dados gerais (região, população, data de fundação..), localização no mapa de SC e fotos das cidades. Além da boa qualidade de impressão, o suplemento se destaca pela riqueza do conteúdo, que apresenta por exemplo, duas páginas com um mapa do estado incluindo todos os seus municípios e curiosidades de cada região. Os cadernos possuem função histórica e também didática podendo servir como fonte de estudo acerca do assunto.

Para não sair da memória

No dia 6 de agosto, os três principais diários do estado trouxeram na capa chamadas para a matéria sobre os 60 anos da bomba de Hiroshima.O Santa foi o mais sintético, apresentou uma pequena entrevista com um sobrevivente e em uma página inteira de infográfico, com números da catástrofe, fotos dos aviões e bombas, tudo bem explicado. O DC se aprofundou um pouco mais na matéria e nas entrevistas, trazendo o mesmo infográfico que O Jornal de SC. A agência RBS optou por repetir a dose das ilustrações, mas não dos créditos da obra, que aparecem diferenciados. Já A Notícia, obteve destaque pela diversidade de matérias e sua disposição aos leitores, tratando o assunto com clareza através de boxes como o ‘Fique sabendo’, com resumos sobre energia nuclear e radioatividade. Assim como o DC, indicou obras (filme, livro, poesia) relacionadas ao acontecimento.

Promoção

Em parceria com uma empresa de refrigerantes, no dia 8 de agosto o Santa lançou a promoção ‘Seja jornalista por um dia’. O incentivo à produção textual é voltado aos alunos do ensino fundamental e a escola que inscrever mais trabalhos receberá como prêmio um microcomputador. Já os alunos vencedores terão suas matérias publicadas no Jornal de Santa Catarina no Dia das Crianças.

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