Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Os jornais do interior, o STF e o caciquismo

Por 8 a 1, o STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou dia 17/6 a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista.

Os jornais de cidades de pequeno e médio porte da maioria dos estados – o Brasil tem cinco mil municípios – somente nos últimos dois, cinco ou até dez anos começaram a profissionalizar a informação. Novos jornalistas estavam transformando a relação política e social em suas cidades ao questionar e debater de forma ética.

A informação nessas cidades sempre foi, na sua grande maioria, opinativa, política e irresponsável, de caciques locais, e que estava agora a cada dia sendo questionada e desmascarada com a chegada de novos profissionais e meios e comunicação profissional.

A decisão do Supremo de acabar com o diploma de jornalista dá marcha à ré em uma conquista da sociedade que começou há 40 anos e que demorou a chegar às bancas de jornal – a credibilidade.

Ora, ninguém que não fosse jornalista foi impedido de se expressar no jornal, tal a diversidade e quantidade de colunas e opiniões, ao contrário do que afirmou um ministro na decisão. O que se perdeu foi o equilíbrio entre as forças – sabe-se como é comum, no interior, um não profissional se aproximar dos jornais apenas para interesses próprios, trocando matérias por gorjetas. Se acanalhando por empregos miseráveis e publicando jornalecos que envergonham a própria cidade. A decisão não vai afastar bons jornalistas da profissão, mas vai confundir muitos leitores.

Logo os ministros do STF poderão provar do próprio veneno quando abrirem os jornais e lerem calúnias a seu respeito, publicadas e editadas pelos ‘novos’ jornalistas que ajudaram a criar.

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Jornalista, São Joaquim, SC