Monday, 18 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Os resultados do concurso de monografias, dissertações e teses

A Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) divulga os resultados do Concurso de Monografias, Dissertações e Teses do InFormação – Programa de Cooperação para a Qualificação de Estudantes de Jornalismo (ver aqui


). A premiação reconhece trabalhos finais de doutorado, mestrado e graduação que tenham como foco a relação entre o jornalismo, mídia e as questões centrais da agenda social brasileira.


O Concurso foi aberto a estudantes e profissionais de comunicação e outras ciências sociais que tenham defendido monografias, dissertações ou teses entre 13 de julho de 1990 (data de promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente) e 13 julho de 2007, em qualquer instituição de ensino superior brasileira. O valor da premiação para as melhores obras varia de R$ 8.000 a R$ 1.600. Clique aqui para conhecer os vencedores em cada categoria.


A iniciativa recebeu ao todo 118 inscrições. Foram 62 monografias, 40 dissertações 16 teses, provenientes de 51 instituições de ensino superior de 14 estados brasileiros. A maioria dos trabalhos foi desenvolvida por alunos de universidades públicas (55,9%). A região Sudeste concentrou a maior parte das inscrições (56,8%), seguida pela região Sul (19,5%), Nordeste (12,7%), Centro-Oeste (6,8%) e Norte (2,5%). Também houve dois trabalhos vindos de universidades estrangeiras.


Na escolha dos vencedores houve preferência para pesquisas com enfoque nas políticas públicas destinadas a garantir os direitos de crianças e adolescentes. Os trabalhos premiados abordam temas como trabalho infantil, conteúdo da programação das TVs abertas, exploração sexual comercial e violência contra meninos e meninas, por exemplo.


Guilherme Canela, coordenador de Relações Acadêmicas da ANDI, considera que o número de inscrições foi muito expressivo, dado que a relação entre a mídia e as políticas sociais é um tema relativamente específico. Também ressalta a qualidade dos trabalhos, o que inclusive gerou dificuldades para o corpo de jurados no momento de escolher os vencedores de cada categoria. ‘O nosso objetivo, que era de um lado reconhecer os trabalhos com qualidade já publicados, e de outro estabelecer um diálogo com a comunidade acadêmica sobre quais temas podem vir a ser abordados nessa relação mídia e política públicas, foi alcançado com êxito’, diz.


Foram premiados três colocados em cada categoria. Veja abaixo o valor dos prêmios.


Categoria tese de doutoramento: 1º Lugar – R$ 8.000; 2º Lugar – R$ 4.000; 3º Lugar – R$ 2.000


Categoria dissertação de mestrado: 1º Lugar – R$ 4.000; 2º Lugar – R$ 2.000; 3º Lugar – R$ 1.000


Categoria monografia de graduação: 1º Lugar – R$ 1.600; 2º Lugar – R$ 800; 3º Lugar – R$ 400


O Concurso na visão dos premiados


Para os pesquisadores que tiveram seus trabalhos contemplados, mais do que a premiação financeira o concurso é uma oportunidade de dar um retorno à sociedade sobre as políticas públicas desenvolvidas para proteger crianças e adolescentes. Essa é a opinião da jornalista Danila Gentil Rodriguez Cal, premiada em primeiro lugar na categoria ‘Mestrado’ com a dissertação ‘Entre o privado e o público: contextos comunicativos, deliberação e trabalho infantil doméstico’, defendido na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).


Danila se debruçou durante 30 meses sobre o tema da exploração da mão-de-obra de crianças e adolescentes em atividades domésticas em Belém. A capital do estado do Pará é uma das cidades brasileiras onde esta forma de trabalho infantil está mais enraizada e é aceita como algo comum pela sociedade. O foco da dissertação de Daniela foi a forma como esse conceito se modificou ao longo dos últimos cinco anos, a partir da implantação do Programa de Enfrentamento do Trabalho Infantil na localidade. Para mostrar essa mudança, a pesquisadora analisou a cobertura da mídia sobre o tema e a opinião das patroas das domésticas mirins. ‘Nós que analisamos programas de defesa da infância, como foi o meu caso, temos como expectativa não só apresentar nosso trabalho para o público acadêmico, mas também para a sociedade em geral e sugerir políticas nessa área. Essa foi a motivação principal de minha pesquisa’, afirma a vencedora.


Fúlvia Rosemberg, psicóloga e coordenadora do Negri (Núcleo de Estudos de Gênero, Raça e Idade) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, foi orientadora de dois vencedores da categoria ‘Doutorado’. Para ela, um dos maiores méritos do concurso é divulgar a produção acadêmica fora do âmbito das universidades. ‘De grande parte dos trabalhos de doutorado e mestrado, poucos se transformam em artigos. Portanto, toda iniciativa que permite a divulgação além da academia é importante’, afirma. Outro ponto forte do projeto, na visão da psicóloga, é a possibilidade de fazer com que o conhecimento produzido possa realmente vir a subsidiar políticas na área social. ‘Um prêmio de uma instituição que atua nessa temática tem a possibilidade de gerar impacto também na vida prática. É uma ponte para transformar esse conhecimento em política pública ou política privada, no caso das empresas de comunicação’, diz.


Fúlvia acompanhou os psicólogos Rosângela Ramos Freitas e Leandro Feitosa Andrade, ambos participantes do Programa de Estudos Pós-graduados de Psicologia Social da PUC-SP. Rosângela, premiada em primeiro lugar, defendeu tese sobre a cobertura da mídia a respeito do trabalho infantil. Leandro, contemplado na terceira colocação, focou a abordagem midiática sobre a exploração sexual de crianças e adolescentes.


O gaúcho Giuliander Carpes da Silva, vencedor em primeiro lugar na categoria ‘Graduação’, acredita que o concurso, ao estabelecer como tema a agenda social, mobiliza os profissionais de comunicação a terem uma atuação mais intensa nessa área. ‘Colocar os jornalistas frente à necessidade de abordar um aspecto da agenda social leva esses profissionais a cobrar das instituições a criação de políticas públicas para os mais diversos segmentos da população. Ajuda no agendamento do setor público’, afirma. Formado em jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Giuliander focou seu trabalho na forma como um jornal produzido por moradores de rua de Porto Alegre influenciou as políticas dirigidas a esse público na capital.


Giuliander teve contato com o InFormação ainda no início de sua pesquisa, em 2006. O projeto que deu origem a seu estudo foi um dos selecionados na primeira etapa da concessão de bolsas para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) do programa. Para o jornalista, o apoio recebido foi fundamental para a qualidade alcançada em sua análise. ‘Sem o apoio provavelmente eu não teria conseguido alcançar todos os objetivos que eu tinha traçado para a monografia’, diz.


Sobre o InFormação


O Concurso de Monografias, Dissertações e Teses faz parte do InFormação – Programa de Cooperação para a Qualificação de Estudantes de Jornalismo. A iniciativa tem como objetivo ampliar as possibilidades de especialização dos futuros profissionais de Comunicação na área dos direitos humanos, especialmente de crianças e adolescentes. Nesse sentido, além do concurso o Programa concede bolsas a estudantes de graduação que façam Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) sobre a relação entre a mídia e a agenda social brasileira. Através do Programa também já foram firmados convênios para a criação de disciplinas sobre políticas públicas sociais nos cursos de comunicação de oito instituições de ensino superior do país: Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade de Brasília (UnB), Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Tecnologia e Ciências de Salvador (FTC), Universidade do Sagrado Coração (USC), Faculdade Social da Bahia (FSBA), Faculdade Católica do Ceará e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O InFormação é uma iniciativa da ANDI, com o apoio estratégico da Fundação W. K. Kellogg e apoio do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ). Saiba mais clicando aqui.

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