Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Temperatura continua alta em Brasília

Essa quinzena pegou fogo! Enquanto populares sofriam com os estragos causados pelas chamas, o incêndio que toma conta do Planalto se alastrou pelos editoriais do Jornal de Santa Catarina e A Notícia. Pelo que o leitor viu, ainda há muito a queimar na fogueira provocada pela crise.

Visão do AN

A Notícia preferiu comparar a postura do ministro Antonio Palocci com a do presidente Lula – enquanto um enfrenta a população com coragem, o outro prefere ‘se refugiar em comícios’ – e opinar sobre o tom de ‘esfarrapado’ em que o presidente pediu desculpas ao povo brasileiro, pedido tardio na opinião do jornal. Quanto à queda de Lula nas pesquisas, A Notícia demonstrou sua perspectiva de que nos próximos levantamentos a reprovação seja ainda maior, tanto em relação ao presidente quanto a seu partido, pois o PT está ‘mortalmente ferido’ e, de acordo com o editorial, a rejeição a Luiz Inácio atinge todas as camadas sociais.

Visão do Santa

Enquanto isso, o Jornal de Santa Catarina apontava aspectos positivos do governo Lula, como a criação de novos empregos e o desempenho da economia, ainda não atingido pela crise política. No dia 17 de agosto, o jornal alfinetava a oposição ao comentar que até então só ela falara em impeachment, visando as eleições de 2006. O jornal fez também um tributo a Palocci, dizendo que sua entrevista foi ‘oportuna’, ‘sensata’ e ‘convincente’, que o ministro teve ‘absoluta serenidade’, ‘transparência’, foi ‘rápido nas reações’ e ‘franco nas explicações’, demonstrando ‘preocupação’, ‘coragem’, ‘lucidez’ e ‘segurança’, entre outros adjetivos. Timidamente, através de seu editorial, o jornal defendeu a situação, realçando os pontos positivos ao invés de falar do que deu errado.

Visão do DC

Já o Diário Catarinense não se posicionou, e nenhuma opinião sobre a crise política foi encontrada em seu editorial na última quinzena. O DC preferiu abordar outros temas como o fim da greve do INSS, o crescimento urbano na capital, a ONG FloripAmanhã, o farol da Ilha da Paz em São Francisco do Sul, o Chile como parceiro comercial do estado… Discorreu também sobre os incêndios ocorridos em Santa Catarina, e maiores investimentos no turismo local. Nota-se que o DC não expressou opinião nenhuma sobre a crise política durante essa quinzena, contradizendo seu slogan ‘a opinião você encontra aqui’.

Dia dos Celulares

Nas vésperas do Dia dos Pais, as publicações se restringiram a pequenas matérias sobre a data. No caderno de Economia, o Grupo RBS apresentou o mesmo conteúdo em seus jornais catarinenses: o horário de funcionamento do comércio, os descontos especiais e a aposta nos produtos líderes de venda. Quem estava pensando que os campeões de venda seriam meias e cuecas, enganou-se. Além de garantir lucros para os lojistas quem vem ganhando entediante e exaustivamente os espaços mais cobiçados para a publicidade são as empresas de aparelhos celulares. As quatro principais operadoras – TIM, Claro, Vivo e Brasil Telecom – foram responsáveis por 40 anúncios nos três jornais em apenas uma semana.

Tragédias aéreas

O mês de agosto foi, sem dúvida, bastante conturbado. Além de incêndios ocorridos em diversos lugares de Santa Catarina e na Europa, os desastres de avião também marcaram presença na mídia. Em 15 de agosto, Santa e DC publicaram matéria sobre o acidente na Grécia que matou as 121 pessoas a bordo do Boeing 737. Os relatos dos jornais eram praticamente os mesmos, com pequenas variações nos últimos parágrafos, levando a crer que se tratava de material de agência e que mais uma vez não houve a preocupação de reescrevê-lo. No dia seguinte, o pouso forçado de um monomotor em Blumenau esteve presente no jornal do Vale.

Gaza: o começo do fim?

De modo geral, os três principais diários de Santa Catarina relataram a desocupação da Faixa de Gaza com o mesmo enfoque. A rapidez da retirada dos judeus do local, bem como o baixo número de incidentes contrariando as expectativas foram bem explorados pelos jornais. Talvez por se tratar de um veículo da família Sirotsky (de origem judaica), o Diário Catarinense, em comparação aos demais jornais, tratou do assunto com maior periodicidade.

Incêndios na capital

No dia 15 de agosto, o DC noticiou o incêndio no Kioske do Pirata da Praia Brava em Florianópolis. O local ficou em chamas por cerca de 1h30, sem deixar feridos. No dia 20, os jornais catarinenses noticiaram o incêndio do Mercado Público também na capital. O Diário Catarinense chegou a publicar o caderno ‘Fogo no Mercado’. Em 22 de agosto, o Santa trouxe matéria com enfoque econômico, visando as perdas dos comerciantes e a promessa do prefeito da cidade, Dario Berger, de criar um posto alternativo. No dia 23, a chamada de capa de A Notícia sobre a reconstrução do Mercado Público de Florianópolis indicava a página A7 para o leitor que desejasse acompanhar a publicação completa. O único problema foi que a matéria veio na A8.

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