Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Votação vira show televisivo

A noite de terça-feira (4/11) será tida como uma das mais importantes, nos últimos quatro anos, para as emissoras de notícias americanas. Não só porque puderam anunciar o novo líder do país, como pela oportunidade única de exibir ao máximo o talento das equipes e suas inovações tecnológicas. ‘Dois caras sentados atrás da bancada lendo números? Que coisa mais anos 50!’, brinca o jornalista David Bauder, da Associated Press [2/11/08].


A cobertura terá direito a hologramas e realidade virtual. A NBC News irá estampar um mapa dos EUA na pista de patinação do Rockefeller Center, um dos principais pontos turísticos de Nova York, com os estados ficando azuis ou vermelhos de acordo com a apuração. Estados azuis representam ponto para Barack Obama; os vermelhos, para John McCain. Cartazes gigantes representando cada candidato serão exibidos nos andares do Rockefeller Plaza para mostrar o progresso dos votos do colégio eleitoral que elege o presidente.


A ABC News colocará três grandes telões na Times Square, outro ponto importante de Nova York, onde o jornalista Bill Weir ficará posicionado para captar a reação do público assistindo à apuração. ‘Nós queríamos que a escala da cobertura fosse equivalente ao momento, que combinasse com o tamanho do interesse e do entusiasmo que temos visto no público’, explica David Chalian, diretor político da emissora.


Depois da já muito usada tela sensível ao toque, chamada de ‘parede mágica’, a CNN terá um Capitólio reproduzido em realidade virtual para monitorar o controle sobre o Congresso de acordo com as apurações, além de um equipamento de projeção holográfica que faz com que uma pessoa entrevistada em outra cidade pareça estar dentro do estúdio da emissora. ‘Isso pode dar uma dinâmica diferente em uma entrevista ao vivo, com as pessoas sentindo que estão na mesma sala’, explica David Bohramn, vice-presidente sênior e chefe da sucursal de Washington da CNN. O âncora Wolf Blitzer, na companhia dos jornalistas Anderson Cooper e Campbell Brown, adora anunciar que tem a ‘melhor equipe política da televisão’. São nada menos que 14 analistas, espremidos nas bancadas com seus laptops abertos.


Competência


‘O público está se tornando mais sofisticado’, diz Phil Alongi, produtor-executivo da NBC News. ‘Se você faz apenas as coisas tradicionais, ele vai embora’. Além dos efeitos especiais, também conta a competência de quem faz a cobertura. ‘Estúdios ao ar livre e todos estes dispositivos não são tão importantes quanto a inteligência, a clareza e a objetividade das pessoas’, diz Paul Friedman, vice-presidente sênior da CBS News.


As três grandes TVs abertas irão contar com seus principais âncoras – Katie Couric na CBS, Charles Gibson da ABC e Brian Williams na NBC – para liderar a cobertura. Na NBC, foi preciso mudar a dinâmica de apresentação por conta da morte, em junho, do jornalista Tim Russert, principal figura política da emissora. Agora, Williams será acompanhado dos jornalistas Tom Brokaw e Andrea Mitchell. A dobradinha feita por Brokaw e Russert nas eleições de 2000 e 2004 foi uma das mais elogiadas pelo público.