Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Pesadelo político no Facebook

Aconteceu com um repórter aqui do Globo: um dia ele abre seu próprio Facebook e lá está, publicado, um panfleto político. Em sua página pessoal. Experiente em mídias sociais, rapidamente compreendeu o que acontecera. Este candidato publicou a imagem do panfleto no site de relacionamento e marcou inúmeros de seus “amigos”. Em geral, o recurso serve para que sejamos alertados quando um amigo de verdade publica foto nossa. Serve também para legendar, identificar quem está ali no álbum de retratos. Mas a turma do spam usa como o político usou. Ao marcar uma imagem qualquer, força a publicação na linha do tempo do marcado.

Nessa eleição, periga acontecer muito: amigos de verdade ou só virtuais vão inserir em nossas páginas propaganda política. Os menos experientes vão achar que nós estamos apoiando alguém, mesmo quando não for nada disso. É possível retirar o nome e apagar a publicação indesejada, mas só depois de ter ocorrido. Com este repórter, poderia ter sido pior.

Curtimos muito. É segunda pele no Facebook: clicar o botão Like (Curtir). Às vezes por uma boa causa, um “Salvem as Baleias” que esteja em voga. O Curtir virou ato contínuo, clicamos todo dia já há alguns anos. E tudo o que curtimos desde que entramos no Facebook, agora pode se voltar contra nós.

Descurtir as páginas em que não nos sintamos seguros

É porque o Facebook decidiu levar o Curtir a sério e implementou um novo recurso. A ONG do Salvem as Baleias no exemplo fictício, por exemplo, pode decidir comprar espaço de propaganda no Facebook. Qualquer um pode fazer isso. Mas essa nova propaganda social funciona diferentemente. Aparece no meio da tela e informa que Fulano, seu amigo, curte aquela causa. Como se ele tivesse publicado a atualização. Quem um dia curtiu uma marca de refrigerante ou de tênis periga aparecer na página de amigos como se estivesse recomendando a compra hoje. E se a ONG das baleias decidir apoiar um candidato, não importa muito que a intenção inicial do pobre usuário era apoiar a causa, não um político. Se curtiu a página da ONG, aparece seu nome apoiando a propaganda.

Nos EUA, os jornalistas da ZDNet já registraram dois episódios de uso político deste recurso. Num deles, o usuário havia curtido o grupo For America, um chamado patriótico. Meses depois, seus amigos receberam um panfleto anti-Obama como se fosse recomendação do sujeito. Mas ele não havia compartilhado aquilo. Noutro caso, um segundo usuário curtiu a página da conhecida ONG Planned Parenthood, que faz campanha a favor da legalização do aborto. O pobre coitado apareceu na tela dos amigos recomendando uma campanha contra o Partido Republicano. Não era sua intenção se posicionar na política partidária assim. A causa, sim; o candidato, não. Mas a ONG que ele curtiu um dia decidiu se meter na campanha eleitoral e ele se tornou, involuntariamente, promotor no meio da disputa por votos.

Em tempo de eleição, todo o cuidado com o Facebook é pouco. Virou campo minado. E só há uma defesa: passar batido por todas as páginas que já curtimos um dia e descurtir todas pelas quais não nos sintamos seguros, muito seguros.

Um iPad mais barato deve vir por aí

Rumores sobre produtos da Apple são um passatempo à parte na internet. O que agita as redes sociais e blogs, no momento, é a especulação sobre um novo iPad: tela menor, porém mais barato. O principal argumento contra são declarações passadas de Steve Jobs. Vivo, Jobs dizia que o iPad foi lançado no tamanho certo, qualquer modelo menor teria pouca utilidade. É um argumento que não se sustenta. Antes de lançar o próprio iPad, Jobs havia dito que tablets eram uma ideia terrível. Ele funcionava assim: dizia que não queria e que não servia, aí um dia a Apple lançava. Despiste.

Circula um gráfico sobre a estratégia da empresa bastante convincente. No mercado americano, um iPhone 4 bloqueado pela operadora sai por algo próximo de US$ 100. E o 4S topo de linha, desbloqueado, custa quase US$ 1 mil. Há um iPhone em cada faixa de preço de smartphones no mercado. Com iPods é igual: de US$ 50 a US$ 400, tem para todos os gostos.

A Apple deixou de ser competitiva nos tablets. Já há opções boas e abaixo do preço do iPad mais barato. Sua praxe tem sido disputar em todos os preços. Um iPad mini, mais barato, deve vir por aí.

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[Pedro Doria, do Globo.com]