Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Até quando vai durar o fenômeno Twitter?

Max Ganik tem certeza de que as ações do Twitter – que tiveram valorização de 145% desde que começaram a ser negociadas no dia 7 de novembro – estão firmemente instaladas dentro de uma bolha.

“Mas isso não significa que o preço vai parar de subir”, disse Ganik, de 16 anos, que cursa o primeiro ano do ensino médio em Scarsdale, Nova York, e dobrou seu dinheiro antes da hora do almoço negociando opções de ações do Twitter na última quinta-feira, após forte rali ter impulsionado a ação em 182% em relação ao seu preço inicial de US$ 26, em novembro.

Ele pretende continuar as negociações, embora as ações tenham entrado em queda na sexta-feira (na segunda, a tendência continuou; o papel caiu 5,1%, cotado a US$ 60,51. “As transações vão fazer o preço subir. A esta altura, a avaliação do valor dos papéis não importa.”

O sentimento dele ajuda a explicar a mistura de esperança e cinismo que levou as ações do Twitter a uma valorização de 76% entre 1º de dezembro e quinta-feira, seguida por uma queda de 13% na sexta feira – tudo isso sem alterações nas perspectivas da companhia.

Embora as ações de empresas de tecnologia não tenham voltado à era do vale-tudo de sites como Pets.com e TheGlobe.com, a rápida valorização das ações do Twitter é sinal da frivolidade geral que infecta o Vale do Silício.

As ações ligadas à internet se valorizaram bastante este ano, ainda mais do que a valorização geral observada no mercado de ações. Investidores estão cheios de dinheiro, queixando-se da falta de boas oportunidades para investi-lo.

Independência

A maioria das startups tem feito como o Snapchat, de mensagens instantâneas, que recusou em novembro uma oferta de quase US$ 3 bilhões, preferindo conservar a independência na esperança de tornar-se o próximo Twitter. “A situação vai muito além do ridículo”, disse Timothy Connolly, gestor de dinheiro de Nova York.

O Twitter, que teve crescimento de três dígitos na receita, mas nenhum lucro, tem suas ações negociadas com uma valorização muito superior à de nomes de peso na internet, como Facebook e Google.

Desde a oferta pública inicial, a empresa não divulgou notícias importantes nem informações financeiras substanciais que pudessem alterar a percepção dos investidores em relação à empresa. Mas isso não impediu que as ações chegassem a patamares vertiginosos.

“Avaliada em US$ 45 bilhões, a empresa pode ter o maior valor de mercado para uma empresa que não gera renda desde a bolha das ‘pontocom’ em 1999-2000”, publicou a Barron’s durante o fim de semana.

Futuro

As ações são negociadas tendo em mente diversos fatores, como as perspectivas potenciais da empresa para os próximos anos. Recente pesquisa realizada pela RBC e AdAge indicou que o Twitter deve se beneficiar com a mudança do uso da internet para os celulares e a migração dos orçamentos dedicados à publicidade na TV para a internet.

Ainda assim, as ações do Twitter são extremamente caras e são negociadas atualmente a um valor aproximadamente 39 vezes superior à receita de US$ 1,1 bilhão estimada para 2014.

Robert S. Peck, da SunTrust Robinson Humphrey, escreveu recentemente que, para justificar até mesmo o preço de US$ 50 por ação, os investidores teriam de acreditar que o Twitter terá receita de aproximadamente US$ 4 bilhões em 2017, sendo que este ano a receita da empresa foi de US$ 630 milhões.

Em outras palavras, o valor de mercado do Twitter equivale a um terço do Facebook, que tem cinco vezes mais usuários e receita dez vezes maior.

Os analistas dizem que as expectativas dos investidores em relação ao Twitter se tornaram tão altas que qualquer surpresa negativa – crescimento mais lento, problemas no lançamento de um produto, resultados trimestrais decepcionantes – provocarão uma queda acentuada no preço de suas ações.