Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

‘Internet das Coisas’ torna-se objeto de política pública

O BNDES realizou há pouco, no Rio de Janeiro, o seminário Internet das Coisas: Oportunidades da Nova Revolução Digital para o Brasil.

O termo “internet das coisas” é gozado. Ele sintetiza a tendência de que tudo -tudo- tende a se conectar à rede. Da geladeira ao ar-condicionado, do carro às próprias estradas, passando por plantas, pessoas e produtos.

É gozado também o uso do termo “nova revolução”. E também o fato de ter sido organizado pelo BNDES. É possível que a “internet das coisas” seja responsável pelo surgimento da nova onda de empresas bilionárias.

Por isso, o tema já virou política pública em outros países. Na China, há mais de dez anos a política industrial do país foca-se nele. Assim, é salutar que o Brasil esteja entrando na onda, ainda mais com o apoio do BNDES. No entanto, ao menos dois passos precisam ser tomados.

Gente de paletó

Primeiro, fazer com que o decreto que vai regulamentar o Marco Civil desobrigue a “internet das coisas” da guarda de dados por parte de provedores. Com bilhões de dispositivos na web, o volume de dados será extraordinário. Se o decreto não criar uma exceção, pode inviabilizar a área antes mesmo de decolar.

Segundo, reconhecer que parte da inovação nesse campo virá de garotos e garotas do chamado movimento “maker”. São os novos Mark Zuckerbergs, que, de seus quartos, criam ideias capazes de gerar grandes empresas.

No seminário do BNDES só vi pessoas de paletó. Na próxima edição, deveria estar cheio de jovens. Essa é uma área típica em que quem está de jeans pode mostrar o caminho para quem está de terno e gravata.

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Ronaldo Lemos é colunista da Folha de S.Paulo; @lemos_ronaldo