Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

A vida daqui para a frente

Todas as tardes, às quatro e meia em ponto, o Roomba, meu robozinho aspirador, sai pela casa. Primeiro limpa o quarto onde vive, isto é, onde fica a sua base, depois segue pelo corredor afora. Às vezes entra no escritório onde estou trabalhando e confesso sentir uma vaga alegria ao vê-lo cumprindo o seu dever de forma tão diligente. Os gatos, que nos primeiros tempos ficavam cabreiros com aquela coisa barulhenta, já se habituaram de tal maneira que nem se dão mais ao trabalho de sair do caminho. Para eles, como para mim, a maquininha passou a ser parte da família.

Maluquice? Que nada: segundo o relatório do ConsumerLab, da Ericsson, somos tendência, isso sim. Este relatório, produzido regularmente há quatro anos, com base em entrevistas feitas com usuários de smartphones em dez diferentes cidades (São Paulo, Johannesburgo, Londres, Cidade do México, Nova York, Moscou, São Francisco, Xangai, Sydney e Tóquio), aponta o que esperamos do futuro. E lá, entre outras nove probabilidades, está a companhia cada vez mais notável dos robôs: nada menos de 64% dos entrevistados disseram acreditar que, no ano de 2020, teremos diversos deles nos ajudando nas tarefas domésticas.

Os entrevistados pelo ConsumerLab, cujas idades variam entre 15 e 69 anos, representam, estatisticamente, um universo de 85 milhões de usuários frequentes de internet. As tendências principais:

1. O futuro transmitido. A palavra mágica é streaming. Os consumidores estão usando serviços que lhes dão acesso a conteúdo em vídeo em diversas plataformas, e já neste próximo ano de 2015, mais pessoas assistirão a vídeos transmitidos sob demanda do que através da TV convencional.

2. Casas úteis. Os consumidores querem sensores que os alertem para questões relativas à luz e à água, por exemplo, ou a respeito da chegada e da saída de membros da família.

3. Pensamento compartilhado. Antigamente se chamava telepatia; hoje se chama tecnologia. A ideia é que possamos nos comunicar uns com os outros através do pensamento. Dois terços dos entrevistados acham que isso será comum em 2020.

4. Cidadãos inteligentes. As cidades não evoluem sozinhas; elas precisam de nós. Mapas de volume de tráfego, aplicativos de comparação de uso de energia e verificadores de qualidade da água podem nos ajudar a melhorar o mundo.

5. Economia compartilhada. Graças à internet, que nos permite trocar informações como nunca, será cada vez mais fácil compartilhar espaços e objetos. Alugar em vez de comprar, usar sem ter, eis o segredo do sucesso.

6. Carteira digital. Quase 50% dos usuários preferem usar o celular para fazer pagamentos; 80% acreditam que, em 2020, não precisaremos mais andar com as nossas carteiras.

7. Minhas informações. As pessoas não se incomodam em compartilhar as suas informações quando isso lhes traz algum benefício, mas não acreditam em divulgar tudo o tempo todo. Cerca de metade dos entrevistados gostaria de fazer pagamentos via celular sem precisar transferir dados pessoais (afinal, dinheiro não é assim?) e 56% deles gostariam que toda a comunicação via internet fosse criptografada.

8. Vida mais longa. Aplicativos de corrida, medidores de pulso e pratos que pesam a comida devem nos ajudar a prolongar nossas vidas.

9. Robôs domésticos. Os companheiros indispensáveis do futuro.

10. Crianças conectam tudo. Ou seja: as crianças vão continuar a conduzir a demanda por uma internet cada vez mais acessível.

O relatório (em inglês) está em aqui.

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Cora Rónai é colunista do Globo