Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O salto dos relógios espertos

Em 2014, houve um gigantesco salto na tecnologia e no design dos aparelhos de vestir, principalmente no caso daqueles voltados para a medição da atividade física. A maior expectativa é, certamente, para o Apple Watch, que apesar de anunciado só chega às lojas americanas no início de 2015. Parece elegante – coisa que a maioria dos wearables, como essa tecnologia se tornou conhecida, não é. E trata-se do mais caro (US$ 249 para o modelo mais básico) e o menos poderoso.

O que o Apple Watch traz de novo é o desenho. Quando pensaram o aparelho, os engenheiros da empresa estavam mais preocupados em torná-lo um companheiro de pulso para o iPhone do que um avançado sistema de medição do corpo. Assim, ele avisa quando chega a próxima reunião baseando-se na agenda, informa quem está ligando sem que seja necessário puxar o telefone. É capaz de medir quantos passos a pessoa dá quando anda, por quantos minutos corre, se subiu escadas. Detecta, também, a frequência cardíaca. Mas, segundo a maior parte dos analistas, ele não será capaz de substituir o bom e velho Polar. Durante exercícios pesados, sua leitura deve ser falha.

Há um ano, apenas um aparelho media frequência cardíaca: o Basis B1. A empresa que o fabricava foi comprada pela Intel e, nesse meio tempo, o aparelho de primeira geração foi substituído pelo Basis Peak. Esta nova versão já é capaz de medir a frequência do corredor profissional. Outra inovação que o Basis B1 trouxe era a capacidade de medir o sono: ele percebia quando você adormecia e, a partir daí, media a qualidade do descanso. Se a pessoa se vira muito, se acorda muito, se há tempo para sonhos ou se o descanso é profundo. O Peak continua fazendo tudo isso. Além do quê, é um relógio mais fino do que seu antecessor. Custa menos: US$ 199. É capaz de se sincronizar com celulares Apple e Android para trazer para a tela mensagens de texto recebidas.

O defeito do Peak é não conversar com nenhum app. Geeks que correm usam aplicativos como RunKeeper para avaliar sua performance treino a treino. Nenhum modelo Basis compartilha informação. Muitos dos preocupados com engordar usam sistemas como o MyFitnessPal para a contagem de calorias. Uma das vantagens dum relógio inteligente é conhecer, com precisão, quantas calorias foram consumidas no dia. Isso pode valer um sorvete a mais, ora.

Tamanho do tranco

A FitBit, uma das pioneiras do ramo, chegou ao fim de 2014 com três novos modelos. É sua quinta geração de aparelhos, e a experiência faz diferença. Os dois modelos novos mais avançados são também capazes de medir a frequência cardíaca em momentos de pico. Trata-se do Charge HR (US$ 150) e do Surge (US$ 250).

É uma empresa muito responsável. Quando o material da pulseira do FitBit Force, lançado em 2013, demonstrou dar alergia em alguns poucos usuários, retirou-o do mercado por completo e indenizou quem quis desistir da compra. E sua plataforma conversa com quaisquer aplicativos ligados à saúde, além de também medir o sono.

Há muita expectativa a respeito do que fará a Jawbone, que é a outra veterana deste espaço. Seu último modelo, o Up24, saiu em novembro de 2013. Por apenas US$ 99, não mede frequência, mas acompanha as atividades físicas do dia dando uma contagem de calorias aproximada. É barato, mas é pouco para a oferta que já existe.

Segundo a Morgan Stanley, o mercado de wearables deve se tornar, rapidamente, um negócio de US$ 1,6 trilhão. Até 2017, 248 milhões de aparelhos devem ser vendidos. A transformação deve ter impacto no negócio de relógios. Empresas tradicionais sentirão o tranco que é enfrentar o Vale do Silício.

Afinal: seu relógio ainda dá só a hora?

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Pedro Doria, do Globo