Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Da criatividade à futilidade do uso

Em pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em março de 2007, o estado de São Paulo está em segundo lugar em número de usuários da internet, com 29,9%, perdendo apenas para o Distrito Federal, com 41,1% dos acessos à rede de computadores no Brasil.

O acesso à rede na maior cidade da América Latina significa trabalhar e como conseguir trabalho. Significa conhecer a futura mãe ou o futuro pai dos seus filhos. Exprime a resposta concreta de idéias quando se cria um site ou um blog. Para muitos é não sair ou sair menos de casa. Pode ir desde encontrar um filme para assistir, até achar o endereço de um hospital em que um parente acaba de dar entrada e o telefone do famigerado lugar só dá ocupado.

Com o uso da web em São Paulo, podem ocorrer reduções de custos provocadas por mudanças de comportamento – porque hoje se enviam menos cartas e mais e-mails.

Através de um programa de mensagens instantâneas, é possível um usuário da internet se comunicar com um outro que tenha o mesmo programa, em tempo real, por um preço menor em relação à telefonia fixa.

Entrevistas e histórias

Muda-se o tipo das cantadas nas noites paulistanas; ao invés de se pedir o telefone, se pede o e-mail da paquera. E não podemos deixar de falar na febre do Orkut, que conquistou internautas de diferentes idades, estilos e pensamentos. Basta ir a bibliotecas, lan houses, cibercafés e você verá o azul-claro do site de relacionamento brilhando nos monitores de Sampa.

Hoje, ter computador em casa é quase tão necessário quanto um microondas ou televisor, e mais: quem conhece pouco de informática tem a chance reduzida no mercado de trabalho, sendo classificado quase como um analfabeto. A internet deve ser um instrumento de desenvolvimento social. Ela possibilita a partilha de bens como a memória, a percepção e a imaginação.

Nesta reportagem, abordaremos como a ciência define um netviciado e os problemas que a rede poder trazer para algumas pessoas, em entrevista com a psicóloga dra. Andréa Jotta Ribeiro Nolf.

Mostraremos como escolas paulistanas auxiliam na formação de jovens internautas e as conseqüências dos seus atos perante a lei no ambiente virtual. Contaremos como foi o surgimento das lan houses e a história de Vinícius Ortiz Pinelli, um ex-viciado em games que se tornou gerente da Monkey Paulista.

Escolas ensinam implicações jurídicas

Para tentar disciplinar a pesquisa de trabalhos e frear as agressões entre alunos em ambientes virtuais, escolas particulares de São Paulo decidiram incluir nas suas atividades o ensino de ética no uso da internet.

O exemplo mais recente é o tradicional colégio Bandeirantes (zona sul). Neste ano, os professores passaram por uma capacitação específica sobre o tema e os alunos recebem uma cartilha que mostra, entre outras coisas, as implicações criminais que algumas ações na rede podem acarretar. Uma das situações apontadas é o repasse de e-mail que espalhe um boato, ação que se encaixa no Código Penal como difamação – pena de três meses a um ano. Se o autor do crime for menor de idade, os pais serão responsabilizados.

Alunos já publicaram em sites e blogs fotos de professores em posições desconfortáveis e a coordenação de tecnologia do colégio Bandeirantes decidiu fazer ações de prevenção. A partir do ano que vem, os estudantes da 5ª série do ensino médio do Bandeirantes terão no currículo uma disciplina específica sobre ética na internet. Muitos pais, alunos e professores não têm idéia do transtorno legal que pode causar uma simples comunidade no Orkut que ataque um colega de classe.

Outra escola que procurou auxílio jurídico foi o Humboldt, colégio bilíngüe na zona sul. Um grupo de estudantes criou uma comunidade contra professores e alunos. A escola Humboldt consultou um advogado e decidiu promover palestras sobre o assunto. A internet potencializa as agressões verbais porque o adolescente acha que está protegido, não precisa se identificar.

No colégio Augusto Laranja (zona sul), o foco é como pesquisar corretamente. O trabalho começa já para as crianças da 2ª série, que estão na casa dos oito anos. Elas ganham uma cartilha logo no começo do ano e trabalham com professores nos laboratórios. Desde cedo, eles querem mostrar que pesquisar na internet não é só copiar e colar. Tem de se verificar a fonte e qual o autor. E essa informação precisa ser apenas uma parte da pesquisa; o texto final deve ser do aluno.

No Dante Alighieri (zona oeste), as discussões são amplas e vão desde a pesquisa para trabalhos até as ofensas de alunos pela rede.

A febre das lan houses

A ação da escola ajudou Ana (nome fictício), 16 anos, em sua recuperação. Ela sofreu depressão por se achar gorda. Nas férias, ficava o dia todo na internet, não saía de casa. Era uma fuga da realidade. Quando as aulas retornaram, ela não fazia as lições nem estudava; só tinha ânimo para ficar no computador, o que fazia por dez horas ao dia. Não queria nem mais se alimentar. Por isso, teve um princípio de anorexia e chegou a ser internada, com fraqueza. Sua mãe, que é psicóloga e tem 53 anos, conta que, como trabalha o dia todo, tentava monitorar pelo telefone o tempo que a filha usava a internet, mas era difícil. A internação fez com que a estudante passasse a ser tratada por um psicólogo. Mas o que impulsionou sua recuperação foi uma palestra na sua escola, o Santa Maria (zona sul), cujo tema era ‘Perigos e Ameaças Online’, segundo matéria publicada na Folha de S.Paulo.

Elas se espalham pela cidade como rastilho de pólvora; são as lan houses. Uma opção de entretenimento inicialmente introduzida na Coréia do Sul, em 1996. Lá, existem cerca de 22 mil lojas, nos Estados Unidos cerca de 15 mil e há uma multiplicação das casas de jogos em rede no Brasil. As primeiras lans surgiram aqui em 1998, quando o empresário brasileiro Sunami Chun voltou de uma viagem à Coréia do Sul e trouxe a idéia para São Paulo. Fundou a Monkey, hoje a maior rede em território nacional. Depois da Monkey, milhares de lan houses ganharam o espaço de cibercafés e se espalham na terra tupiniquim. É uma febre entre jovens de 13 a 27 anos, dos quais 90% são do sexo masculino. Existem 3,5 mil lan houses no Brasil, das quais 600 estão em São Paulo. Lan vem do inglês Local Area Network. Na versão hi-tech do velho fliperama, vários jogadores se divertem com as últimas novidades no ramo de jogos, todos conectados em rede num único ambiente virtual, diz Lino Pereira, diretor-geral da Monkey.

O estímulo de estar online

Na tarde de quinta-feira, 12 de julho de 2007, fui até a mega-lan house Monkey, que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana. Localizada num lugar onde muitos sonham em morar na capital paulista, alameda Santos – bairro Cerqueira César. Entrei pelo lado direito da alameda, nº 1217, e pedi autorização ao gerente Vinícius para fazer entrevistas com alguns ciberviciados. Entrevistei várias pessoas que ele me garantiu serem dependentes do mundo virtual, mas na hora H elas se mostravam muito equilibradas e me disseram que não passavam mais do que duas horas lá dentro. Quando já estava quase indo embora, eis que surge Vinícius Ortiz Pinelli, 22 anos, ciberatleta e gerente da casa.

E ele me diz: ‘Por que você não me entrevista, pô?’

E eu pergunto, surpreso: ‘Mas você viciado, realmente faz uso excessivo da tecnologia?’

– Me entrevista que eu te conto direito.

Liguei o microfone e…

Quanto tempo você jogava por dia?

– Quando tinha 16, anos ficava jogando o dia inteiro, minha vida era só jogo e estar em frente ao computador. Ficava em torno de 10 horas por dia, mas já fiquei, várias vezes, bem mais do que isso. Me lembro de jogar 27 horas com intervalos de 30 minutos para descansar e voltar a ativa. Jogava profissionalmente o game ‘Counter Strike’.

O resto como ficava, e quais as conseqüências que esse hábito teve na sua vida?

– Não tinha resto, trocava tudo para jogar desde a balada de final de semana com amigos, namoro, até tomar banho e comer. Só comia porcaria, quando comia. Jogava em casa, ia para a lan house, acabava o dinheiro e continuava jogando em casa. Cheguei a pedir grana emprestada e fiquei devendo na lan só para jogar.

Você se considera um ex-viciado?

– Sim, me considero um cara que foi e atualmente não tenho mais pique e nem quero mais fazer isso.

Você buscou algum tratamento psicológico para amenizar a dependência do jogo?

– Não, o meu uso foi decaindo com a idade e força de vontade. É bem parecido com o vício do cigarro. Se a pessoa tiver o fumo como mais importante que a vida dela, não vai parar de fumar. O mesmo acontece com os jogos e o jogador. A pessoa deve ter a capacidade de sair do vício.

A compulsão por ciberjogos foi um dos motivos que te credenciaram a trabalhar numa lan house?

– Estou há cinco anos neste ramo e um dos requisitos básicos para ser gerente da Monkey é, sem dúvida, ser um profundo conhecedor de jogos. Também faço faculdade de designer em informática. Está tudo relacionado. A principal fonte de renda de uma lan são os games, e não a internet, como muitos pensam que é.

Hoje você joga quanto tempo; em média?

– Agora, aos 22 anos, fico cerca de três horas por dia, mas conheço pessoas que continuam jogando muitas horas diariamente, preferem se enturmar com os games e pessoas online do que buscar amigos na vida real.

Como é o game ‘Counter Strike’?

– É um jogo em que um bando de terroristas confronta um grupo de policiais em diferentes situações e o fato de estar online com qualquer jogador do mundo em tempo real é um grande estímulo para a molecada.

Problemas com o uso

No mundo, há entre 50 milhões e 100 milhões de dependentes da internet. Isso corresponde a algo entre 5% e 10% do total de internautas do planeta, segundo artigo da pesquisadora Diane Wieland publicado na revista Perspectivas em Cuidados Psiquiátricos. Em São Paulo, há serviços que cuidam de pacientes que deixaram a web tomar conta de suas vidas.

É o caso do NPPI (Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática), localizado na Clínica Psicológica da PUC-SP. O NPPI foi criado em 1995 a fim de auxiliar as pessoas com problemas psicológicos de grau ampliado, como medo de sair de casa, medo de dirigir, medo de amar demais, pedofilia etc. Os profissionais que atuam nesse grupo são psicólogos formados que buscam um aperfeiçoamento clínico, que vai da triagem com o internauta até o chamado atendimento presencial (face a face). Os especialistas da mente cumprem seus serviços dentro da clínica da PUC.

Em 2006, foi implantado no NPPI o atendimento para pessoas que têm problemas com o uso da internet. Foi a partir de uma matéria publicada na Folha de S.Paulo, em julho daquele ano, que houve um boom com a repercussão da reportagem, pois o jornal recebeu uma enxurrada de e-mails por parte da comunidade com queixas do tipo: ‘Estou perdendo o meu emprego’, ‘Meu filho está perdendo o ano letivo’, ‘Meu marido ou esposa quer sair de casa’… Assim, esse grupo teve que estudar mais a fundo as implicações do uso da rede e foi como se consolidou e se manteve, segundo a dra. Andréa Jotta Ribeiro Nolf.

Características do que não é sadio

Qual é a faixa etária, sexo e classe social dos dependentes da internet?

– Os dependentes não têm uma determinada classe social, idade e sexo. Nos casos dos hard users que atendemos, há de tudo. Desde meninas de 12 anos a senhores de 70, de donas de casa até funcionários públicos e padres.

Quais são os sites e os serviços mais acessados pelos viciados?

– Sem dúvida, a pornografia, seja sites ou salas de bate-papo, e em seguida os games.

Segundo a psicologia, quando uma pessoa é considerada viciada e quais são os critérios de avaliação para se chegar a tal conclusão?

– Quando a pessoa deixa de fazer coisas na vida presencial para na fazer vida virtual e começa a ter um uso restritivo ou patológico, ou seja, restringe as atividades normais – por exemplo, não transa com a mulher para visitar site pornográfico, fica conectado o dia inteiro, não quer trabalhar, estudar, comer ou conviver com a família e deixa de ter amigos. Os problemas são do tipo de uso, do mau uso. Ninguém fica viciado em internet por causa da internet, e sim, por problemas anteriores. Veja o clássico exemplo do assassino que mata por causa do revólver e dizermos que não é por um instinto ou por conta de algo dentro dele. Assim como o revólver, a web é um instrumento que as pessoas usam para viabilizar um conteúdo que já é delas, aquilo já estava ali. O que acontece é que, pela impunidade e inocência, o mundo virtual é uma coisa muito ampla e desconexa com o que temos como realidade.

Alguns internautas não se enxergam nesse tipo de atitude e se escondem numa virtualidade. Fingem que aquela pessoa matando velhinhas, por exemplo, não são eles – é só um jogo. Tentam disfarçar que essas coisas não lhes pertencem. O que começamos a perceber é que existe agora uma intersecção entre vida presencial e vida virtual. Para nós, do NPPI, desde 2003 vida real é a presencial mais a virtual. O que faço dentro da internet, o que faço na minha vida virtual, é o que faço nas minhas relações face a face, isto é, a minha vida real. Daqui a dez anos, ninguém poderá dizer que tem uma vida virtual e que esta não tem nada a ver com a vida presencial, coisa que já se reflete hoje, com a web 2.0 e o preenchimento da cultura com a virtualidade em grandes metrópoles como São Paulo.

Repetição e restrição: é assim que a psicologia avalia um netviciado, quando chega a ponto da tecnologia não fazer parte da vida do viciado, mas sim, ela ser a vida dele. Ele não se relaciona mais com amigos numa balada e só quer se comunicar com amigos virtuais, não tem mais relacionamento sexual com sua esposa ou outras mulheres para fazer sexo virtual.

O dependente da web não se satisfaz mais com a vida face a face; fica ansioso em se conectar novamente e só fala sobre isso. O que o faz se sentir bem é estar conectado à internet. Viver em um lugar onde a pessoa pode tudo e tudo é perfeito. Exemplo disso é o ambiente virtual e tridimensional ‘Second Life’. Ali, ter um avatar é ser a versão perfeita de você mesmo e a pessoa pode viver mais nesse ambiente do que com ela mesma.

A tecnologia facilita muito a fantasia e, fazendo isso, o viciado evita entrar em contato com a vida presencial. Lá ele voa, tem dinheiro, casa e uma série de coisas que não tem aqui. Então, essa pessoa se dá conta do que tem aqui e prefere ficar lá. Isso é considerado um sofrimento, não é sadio. Outra característica de mau uso é consumir toda a informação e conter tudo de uma vez, como se alguém pudesse absorver todo o conteúdo da internet. Da mesma maneira em que se iria ao museu ou a uma biblioteca para se identificar todo o conteúdo das obras desses lugares em apenas um dia.

Largou tudo por um saudita

Quem são os personagens problemáticos do ciberespaço?

– Um casal adulto, marido ou esposa, começa a conversar com ex-namorados (as), almoça com amigos (as) virtuais e muita coisa pode acontecer… Isso tem interferido nos relacionamentos. Recebo vários e-mails a respeito disso. É o caso de uma esposa que descobriu que seu marido conversa com outras mulheres no MSN. Criou um perfil fictício, conversou com o homem, seduziu o próprio marido e o levou a ter um encontro presencial com ela. Sem que ele soubesse que era ela. Isso criou uma cisão no casamento e eles se separaram porque, de certa forma, essa esposa se sentiu traída por ela mesma.

Casais estão tendo que conversar e esclarecer o que pode e o que não pode na internet. Como, por exemplo, conversar no MSN, ter perfil no Orkut, ter a senha para acessar os e-mails do outro etc.O comportamento está tendo que ser revisto, os casais inteligentes já fazem isso. Alguns chegam a englobar no relacionamento o uso da tecnologia e vêem juntos sites pornográficos.

Outro exemplo da era da modernidade, mas fora do NPPI, é o de Carolina, 24 anos, e Luciano, 27, moradores do bairro Jardim Miriam, zona sul de São Paulo. Namoravam havia três anos e fazia três meses que moravam juntos. Eram um típico casal de classe média. Luciano, desempregado, se viu deslumbrado pelo mundo virtual, que se tornou bem real. Pulou a cerca duas vezes, ou seja, conheceu duas mulheres fora do casamento pelo Orkut (site de relacionamento na internet). Ele ficava direto conectado à web e fez de tudo para a sua companheira não ter um perfil no Orkut. Doce ilusão. Na facilidade que essa ferramenta tecnológica traz, Carolina desacatou a ‘ordem’ e rapidamente encontrou o seu homem e as sua ‘amiguinhas’. Conversou com o namorado pessoalmente, Luciano confirmou a história e se separaram.

Há um caso de uma jovem que conheceu um rapaz da Arábia Saudita, se apaixonou, largou tudo em São Paulo para ir morar no país dele. A mãe dela estava em grande sofrimento, mandou um e-mail desesperada, pois a menina não conhecia o rapaz pessoalmente e a cultura dele era completamente diferente da nossa.

‘Todo ser humano é agressivo’

Onde fica o lado bom da internet, existem mudanças positivas?

– Quando é feito o uso correto dessa ferramenta, o normal é que essa tecnologia nos ajude não só a trabalharmos, mas também a nos relacionarmos. Se pensarmos numa cidade como São Paulo, onde existe trânsito intenso, dificuldade de estar em contato presencial com nossos amigos todos os dias para encontrar com as pessoas que conhecemos e utilizar o ciberespaço para fazer isso é uma prova de bom uso. Você pode facilitar a comunicação para estar com as suas escolhas e, em vez de ligar para uma só pessoa de cada vez, é possível enviar um e-mail de tarde com uma mensagem para vários destinatários. Dessa forma, ocorre um ganho de tempo e espaço para combinar um encontro com eles à noite.

O bom uso da internet é isso, o uso criativo que traz coisas boas. Posso fazer uma pesquisa escolar bem feita. Se não puder me deslocar fisicamente a uma biblioteca, eu acesso um mundo de informação que, se souber usar, irá acrescentar alguma coisa, como cultura e conhecimento. Nós, aqui, somos apaixonados pela internet e a estudamos porque é extremamente prazerosa e se você usar corretamente será maravilhoso.

Há meio termo para não cair no vício?

– Olha, isso depende do ser humano que está acessando a tecnologia. O meio termo é o resultado da forma que cuidamos da nossa vida fora da web, nos relacionamento com amigos, parentes, namoros e vida profissional. Não devemos deixar lacunas nos relacionamentos presenciais. Tomando esses cuidados, como conseguir ter equilíbrio na vida face a face e sentir prazer em tudo isso, dificilmente você será um netviciado, pois automaticamente haverá uma normalização no uso, ou seja, usar a internet para aquilo que me serve, e não como uma válvula de escape sobre algum problema na vida face a face.

Somos assassinos por natureza?

– Todo ser humano é agressivo por natureza. Com o advento do virtual, isso se tornou mais tolerável pela sociedade que atualmente está num limiar mais próximo de aceitação desse sentimento. O que antes ficava escondido dentro de nós era tido como ruim. Hoje, você pode, através de um jogo, matar pessoas. É melhor matar gente pela internet do que matar nas ruas porque o ser humano já era agressivo e sempre foi.

Como é feito o contato com o NPPI?

– No caso do uso patológico, temos uma orientação que dura oito semanas e começa por correio eletrônico. Na quarta troca de e-mail, é possível notar qual é o problema do netviciado e se a pessoa chegar até a oitava semana com o uso restritivo ela é encaminhada para um tratamento psicológico. O dependente tem a opção de procurar quem o atendeu por e-mail e ter a assistência do profissional na clínica. Depois é feito o processo formal pelo paciente, que preenche uma ficha com seus dados, como nome completo, endereço etc. O NPPI segue as normas do CFP (Conselho Federal de Psicologia), que considera o grupo como um serviço clínico apto em psicologia. O custo por consulta presencial é o valor referência R$100,00, com quatro consultas mensais.

Para mais informações acesse o site http://www.pucsp.br/nppi/

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Estudante de Jornalismo, São Paulo, SP