Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Desigualdade ameaça inclusão digital

O número de usuários de internet no Brasil cresceu 75,3% no país entre 2005 e 2008 e boa parte dos novos incluídos na rede pertencia à baixa renda, segundo o IBGE, mas a desigualdade social e educacional ainda prejudica a inclusão digital no Brasil.

Em 2008, 56,4 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais acessavam a internet (34,8% do total) contra 31,9 milhões em 2005. Enquanto isso, o ranking da Internet World Statis coloca o Brasil atrás de países da América do Sul como Argentina (48,9%), Chile (50,4%), Uruguai (38,3%) e Colômbia (45,3%).

‘Os avanços de 2005 a 2008 foram fantásticos, mas ainda vivemos um apagão digital que está ligado aos níveis de educação e distribuição de renda’, declarou o coordenador de um suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE.

Na Europa, o nível de acesso atinge 52%, na Oceania 60,4% e na América do Norte 74,2% da população. A média da América Latina ficou em 30,5% contra 19,4% na Ásia.

Do total de novos usuários no Brasil, 17 milhões ganham até 2 salários mínimos per capita ao mês. ‘O acesso à internet está mais democratizado no Brasil’, disse o coordenador da pesquisa, Cimar Pereira Azeredo.

Segundo o IBGE, no ano passado o país ainda tinha 104 milhões de pessoas que não acessavam a internet, mas o contingente diminuiu em relação a 2005, que era de 120,3 milhões de brasileiros. Nas regiões consideradas mais pobres do país, o acesso à internet ganhou velocidade, segundo a pesquisa. Na região Norte, o total de usuários passou de 12 para 27,5% da população com dez anos ou mais de estudo. No Nordeste, passou de 11,9 para 25,1%.

Acessibilidade e renda

‘Vários fatores explicam o maior acesso entre os mais pobres. O acesso está mais barato e as lan houses estão mais espalhadas pelo país. Além disso, a renda do brasileiro e a escolaridade aumentaram em reação a 2005′, avaliou o coordenador do IBGE. Em 2008, 51,7% dos internautas do país acessaram a rede mundial de computadores de casa e 35,2% a partir de lan houses, contra 49,9 e 21,9%, respectivamente. Nas regiões mais ricas do Brasil, os percentuais de acesso são bem mais elevados – na região Sudeste, o índice foi de 40,3%.

‘O Brasil tem uma das piores distribuições de renda no mundo e não é novidade que essa diferença social tenha reflexo também no acesso à internet. A desigualdade de renda é um empecilho para um maior acesso’, disse Azeredo. Ele destacou que quanto maior a renda e a escolaridade, maior é o acesso à rede mundial de computadores. A pesquisa mostra que famílias com renda per capita domiciliar acima de 5 salários mínimos têm um percentual de acesso à web de 75,6%.

Em média, os conectados têm 10 anos de estudo, o equivalente ao ensino fundamental.

A idade média dos internautas em 2008 era de 27,6 anos contra 28,1 anos em 2005. Na faixa entre 15 e 17 anos, o percentual de conectados alcança 62,9%.

Segundo a pesquisa, 86 milhões de brasileiros tinham um aparelho de celular em 2008, o equivalente a mais da metade da população. Em 2005, eram 56 milhões ou 36,6% da população.