Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Documentário amador é
marco do 11 de Setembro

Outra reviravolta na multimídia. Sites inaugurados há relativamente pouco tempo, como o YouTube, de dezembro passado, ou o Myspace oferecem novos horizontes em texto e imagem e provocam mais uma transformação nas relações virtuais. Oferecendo espaço para conteúdos a serem preenchidos pelos próprios usuários, com vídeos musicais, de humor, fotos e reportagens, eles estão atraindo milhões de internautas, como observadores, como personagens principais ou como visitantes interativos. Um nova revolução em curso dentro da própria revolução.


Como sempre, a mídia estabelecida sai perdendo. Sendo possível estabelecer um marco no novo tempo, ele com certeza se relaciona com outro marco que assinalou de forma trágica o começo deste século: o fatídico 11 de setembro de 2001, quando as torres gêmeas de Nova York e o Pentágono foram atingidos por possíveis aviões pilotados por radicais islâmicos. ‘Possíveis’ porque um jovem sem recursos, mas dono de um PC, está jogando abaixo a versão oficial difundida pelas autoridades e a grande imprensa sobre a verdade do ataque terrorista.


Impossibilidade no Pentágono


Dylan Avery, um jovem norte-americano de 22 anos, conseguiu praticamente sem sair de casa, utilizando apenas a internet, realizar o mais espetacular documentário sobre o maior atentado da história das Américas e colocar sérias dúvidas sobre a verdade dos acontecimentos: Loose Change, reportagem com quase 55 minutos de duração [há versões em outras línguas ou mais longas, como uma de mais de uma hora e outra de 22 minutos], chegada à rede através do site alternativo de vídeos do Google, atingiu em pouco tempo mais de 10 milhões de visitas e catapultou seu autor ao pódio da fama na internet. Agora com um site próprio e injeção financeira atraída pelo sucesso, Dylan conseguiu finalmente quebrar o gelo e virou notícia dos jornais, valendo sublinhar que seu trabalho amador fez as pressões por respostas oficiais aumentarem a tal ponto que a própria CIA já se manifestou, afirmando que ele alimenta ‘teorias conspiratórias’.


‘No início parecia tudo fictício’, diz Dylan. ‘Aos poucos fui descobrindo que não era ficção’, é a resposta que dá em seu site. Com profundo faro investigativo, de posse apenas de um PC e um programa de edição de imagens, tudo no valor máximo de 2 mil dólares, Dylan pesquisou em detalhes, baseado em documentos públicos e oficiais, conhecidos e divulgados, dados científicos e contradições de reportagens da TV norte-americana, conseguindo montar o quebra-cabeça que, se não desvenda os bastidores do que na verdade aconteceu, pelo menos revela que a versão oficial de forma alguma é verdadeira. Como prova sua argumentação sobre o Boeing que presumivelmente atingiu o Pentágono: um avião com 38 metros de envergadura jamais deixaria apenas um buraco de cinco metros na parede de um prédio.


O que não aconteceu


Também irrefutável sua investigação de imagens e fatos sobre os dois aviões que atingiram as torres gêmeas. Explosões em diferentes andares deixam a certeza de que bombas, não apenas os aviões, se encarregaram de fazer uma implosão quase controlada dos prédios. Para reforçar a tese, ele mostra entrevistas de TV dadas antes, durante e depois do episódio, captando contradições e matematicamente sugerindo certezas. Dylan busca igualmente provas científicas e declarações de especialistas, quase despercebidas (ou ignoradas) até hoje. Ele junta peças soltas, como as divulgadas sobre o vôo 93, que caiu numa floresta da Pensilvânia sem cumprir seu objetivo, o de destruir a Casa Branca: a aeronave nunca chegou, na verdade, a cair.


Impressionantemente, ele nada apresenta de inédito, somente o que foi visto e noticiado pela imprensa, autoridades e testemunhas.


Como sempre, o documentário de Dylan teve, como é praxe nesses casos, a web e os internautas como molas propulsoras. A propaganda virtual tratou de fazer o vídeo quebrar os recordes de visita em pouco tempo [é o 12º na lista dos top 100 do Google, em meio a vídeos de celebridades e de sexo/pornografia]. Já há versões legendadas em francês e alemão. Musicado por amigos e editado com cortes impactantes, o documentário começou pela curiosidade do autor, que define emblematicamente seu trabalho: ‘Eu não provo o que aconteceu, mas provo o que não aconteceu. Para chegar à verdade, façam perguntas e exijam respostas’. Dylan tem razão, e a internet não deixa mentir. Pelo menos por muito tempo.


Nota do OI


O vídeo faz tanto sucesso que já há blogs criados apenas para desmenti-lo, como Screw Loose Change, de um sargento da Guarda Nacional americana; o site de Dylan Avery, otimizado para o navegador Firefox, estava tendo tanto acesso que, na noite de domingo 30, freqüentemente saía do ar. O autor envia cópia grátis do DVD a quem perdeu parente ou amigo no 11/9. A cópia paga custa US$ 17,95.