Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Setor de PCs põe esperança em notebooks mais finos

A cruzada da Intel para redefinir o computador pessoal está entrando numa fase crítica, à medida que uma nova geração de portáteis finos e elegantes briga com tablets e smartphones pela atenção do consumidor. Um grupo de empresas usará uma feira de eletrônicos – semana que vem, em Las Vegas – para exibir suas novidades numa categoria chamada Ultrabooks, um termo que a gigante dos microprocessadores cunhou para motivar seus consumidores a fabricar produtos mais atraentes.

Entre os fabricantes que deverão apresentar novos computadores finos durante a feira estão a Dell Inc., a Lenovo Group Ltd. e a Acer Inc. Seus produtos virão na esteira de outros portáteis apelidados de Ultrabooks de companhias como Hewlett-Packard Co., Toshiba Corp. e Asustek Computer Inc. Tornar computadores portáteis menores não é nenhuma novidade. Os entusiastas dos Ultrabooks, inspirados em grande parte pelo destacado MacBook Air da Apple Inc., esperam poder tornar mais baratos os seus modelos elegantes, que geralmente conseguem ser vendidos a um preço mais alto. Apesar de a maioria dos Ultrabooks estar na faixa de US$ 899 a US$ 1.400 nos Estados Unidos, os fabricantes esperam atingir logo preços mais amigáveis, de US$ 699 ou menos.

Os Ultrabooks também inicializam de forma mais rápida e têm uma bateria mais duradoura do que laptops convencionais, qualidades também inspiradas no iPad, da Apple. As empresas por trás dos Ultrabooks esperam que modelos futuros adotem as telas sensíveis ao toque, tornando-se um híbrido de tablet e laptop. “Os consumidores já tiveram uma experiência com os tablets, que iniciam rápido, são finos e iluminados e suas baterias duram um bom tempo”, disse Jeff Barney, vice-presidente da Toshiba.

Um fundo de capital de US$ 300 milhões

Trata-se de uma aposta alta para muitas companhias – mas particularmente para a Intel e a Microsoft Corp., fornecedores líderes para a indústria de PCs que viram seu crescimento de vendas ser ultrapassado com o aquecimento da demanda por outros tipos de dispositivos portáteis. As vendas de tablet no mundo, por exemplo, devem crescer cerca de 63% em 2012, para mais de 103 milhões de unidades, de acordo com a firma de pesquisas Gartner Inc. Já as vendas mundiais de PCs devem crescer 4,5%, para cerca de 370 milhões de unidades.

Mas a Apple continua provando que um design atraente pode ter um grande impacto, tendo registrado um aumento de 26% no número de computadores Macintosh vendidos no trimestre encerrado em setembro, comparado com o mesmo período no ano anterior – o que representa um recorde trimestral para a empresa, em grande parte graças ao MacBook Air. Esse Mac portátil, que chegou às lojas americanas em 2008 ao preço de US$ 1.799, tornou-se mais popular no final de 2010 depois de ser incrementado e ter o seu preço reduzido para US$ 999, fazendo dos chips de memória de rápida inicialização o novo padrão de armazenamento de dados, em substituição às unidades de disco. (O MacBook Air custa a partir de R$ 2.999 no Brasil.)

“A indústria do PC em geral acordou quando a Apple introduziu o MacBook Air”, disse Tim Bajarin, um analista da empresa de pesquisas Creative Strategies. “O pessoal dos PCs começou a entender que a Apple não era apenas uma sensação, mas um formato destinado a realmente redefinir o que os consumidores esperam de computadores.” A Intel ajudou a estimular uma reação da indústria mais ampla de PCs ao lançar a iniciativa Ultrabrook no final de maio, numa feira em Taiwan. A empresa formou um fundo de capital de US$ 300 milhões para ajudar firmas de tecnologia, e planeja aumentar o seu marketing e apoio promocional a fabricantes de PC para gerar demanda para os Ultrabooks.

Processadores mais rápidos e robustos

A fabricante de chips aposta no tamanho mais atraente e nas funções dos Ultrabooks para transformar a categoria dos laptops, impulsionada pelos seus planos de lançar sucessivas gerações de chips que ajudarão a incrementar o desempenho e o tempo de vida das baterias. Ainda que nem todos os Ultrabooks sejam tão finos quanto o MacBook Air – que vai de 17,2 milímetros de espessura para 2,8 milímetros num certo ponto – a Intel espera que as dimensões diminuam rapidamente. “Esse é mesmo o novo modo como vamos usar PCs daqui para frente, tornando-os muito mais portáteis do que antes”, disse Dadi Perlmutter, diretor executivo do grupo de arquitetura da Intel.

A Intel prevê que os Ultrabooks serão responsáveis por 40% das vendas de computadores portáteis em 2012. Alguns pesquisadores do mercado acreditam numa transição mais lenta; a firma IHS iSuppli vê os Ultrabooks atingindo 43% das vendas mundiais de PCs em 2015. Os fabricantes torcem por um resultado diferente do obtido na última vez que a Intel ajudou a promover uma nova categoria de portáteis: os netbooks. Os pequenos e despojados laptops começaram custando US$ 300 e ganharam tração em 2008. Mas as vendas tiveram uma queda drástica depois, porque os netbooks não tinham o poder de processamento necessário para muitas tarefas. O iPad e outros tablets também surgiram como alternativas atraentes para tarefas mais simples, como navegar na internet.

Os Ultrabooks, ao contrário, possuem processadores Intel mais rápidos e robustos. A Acer, por exemplo, diz que o seu Aspire S3 Ultrabook, cujo preço básico nos EUA é US$ 899, permite aos usuários reiniciar uma sessão em menos de 2 segundos e se conectar à internet em 2,5 segundos. A companhia promete um bateria que dura 50 dias com o computador inativo e seis horas em uso contínuo. O Aspire S3 custa em torno de R$ 2.800 no Brasil.

Notebooks ultrafinos”

Reduzir preços será crucial, dizem analistas e executivos da indústria. Um obstáculo é a memória flash, uma alternativa cara para a memória de disco, embora os preços dos chips continuem caindo. No total, a Intel disse que 10 ou 11 modelos Ultrabooks deveriam ser comercializados até o final de 2011, com cerca de 60 outros modelos na linha de produção para 2012. A companhia promoverá uma conferência no dia 9 de janeiro, um dia antes da abertura oficial da feira de eletrônicos, para promover os Ultrabooks e estabelecer planos de marketing para eles.

Se por um lado é difícil imaginar que computadores finos não interessarão os consumidores, por outro, fazer dos Ultrabooks uma categoria separada talvez seja um desafio. Os consumidores podem se confundir à medida que fabricantes introduzem laptops parecidos sem o nome Ultrabook.

A Advanced Micro Devices Inc. costuma usar a frase “notebooks ultrafinos” porque o termo Ultrabook foi registrado pela Intel e requer o uso dos seus chips. Consumidores podem ficar desconfiados de uma nova categoria de produtos, pois eles “acabaram de passar pelos netbooks”, disse John Taylor, diretor de marketing de produtos globais da AMD.

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[Ian Sherr e Shara Tibken, do Wall Street Journal]