Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Ascensão e queda da mídia social

Apenas um ano atrás, a mídia social parecia um grande sucesso e os investidores estavam eufóricos. Quando o LinkedIn abriu capital, em maio de 2011, suas ações mais que duplicaram, chegando a US$ 94,25.

Durante o último ano, empresas da internet como Groupon, Zynga e Yelp fizeram suas estreias na Bolsa. O Facebook as seguiu em maio, a US$ 38 a ação. Desde então a euforia deu lugar a uma crescente ansiedade.

O Facebook não fechou acima de US$ 38 desde então. A Oferta Pública Inicial foi amplamente considerada uma catástrofe, por problemas de corretoras.

Seu declínio se acelerou depois que o primeiro relatório de lucros da empresa como companhia de capital aberto, no fim de julho, acabou com as esperanças dos investidores de um crescimento tórrido. Em meados de agosto, as ações do Facebook caíram mais, chegando a US$ 19,05.

Outras companhias da internet se saíram ainda pior. Assim como o Facebook, o site de cupons de desconto Groupon aumentou seu preço de oferta e o número de ações pouco antes da entrada na Bolsa, em novembro passado. As ações do Groupon fecharam a US$ 26,11 no primeiro dia de pregão, frente a um preço inicial de US$ 20.

Desde então, as coisas só pioram. Em 10 de agosto, as ações do Groupon tinham caído para US$ 4,75, um declínio de mais de 75%. A Zynga, uma companhia que faz jogos sociais on-line, abriu o capital em dezembro a US$ 10 e caiu 5% no primeiro dia. Embora tenha negociado a mais de US$ 14 a ação ainda em março, depois caiu para US$ 3, uma desvalorização de 70%.

Usuários ativos

Twitter e LivingSocial adiaram a entrada na Bolsa. Ambos disseram recentemente que não têm pressa. Não é de surpreender.

O que deu errado? A euforia sobre companhias de mídia social como grupo se enraizava no que os economistas chamam de efeito rede. Quanto mais usuários um site atrai, mais pessoas vão querer usá-lo, o que cria um monopólio natural e um ímã para anunciantes.

Mas o efeito rede tem dois gumes. “O declínio pode ser igualmente feroz”, disse Ken Sena, um analista de consumo na internet da Evercore. “Se alguma delas comete erros com usuários, eles podem abandonar o serviço e o efeito rede entra em retrocesso.”

O caso típico é o do MySpace, que já foi o site de rede social mais visitado e hoje é uma sombra de si próprio.

Um efeito rede positivo também deveria excluir os concorrentes, mas o Groupon é um site que há muito tempo sofre da percepção de que é vulnerável à concorrência. O mercado de leilões on-line é dominado pelo eBay, por exemplo, mas muitos comerciantes oferecem cupons.

A Amazon comprou uma participação de 29% em um site de cupons adversário, o LivingSocial e o Google introduziram suas próprias ofertas depois de serem recusados pelo Groupon.

O LivingSocial tem suas próprias preocupações. Embora a companhia ainda seja privada, a Amazon tem de divulgar alguns detalhes financeiros por causa de sua grande participação no capital. Em julho, a Amazon disse que o LivingSocial perdeu US$ 93 milhões no trimestre que terminou em 30 de junho, apesar de a receita da empresa ter mais que duplicado.

Quanto ao Facebook, em seu primeiro relatório de renda, o site alegou um crescimento de 32% em relação a um ano antes, e quase 1 bilhão de usuários em todo o mundo. Mas apesar de ter superado as estimativas dos analistas, não foi o crescimento de três dígitos que muitos investidores esperavam.

E apesar de o número de usuários mensais ativos atingir 955 milhões são apenas 29% a mais que um ano antes.

Preços e receitas

Alguns analistas dizem que a penetração do Facebook na América do Norte amadureceu e outros notaram que o crescimento dos usuários está desacelerando.

Um grande desafio, assim como uma oportunidade, para o Facebook é a migração de usuários de computadores pessoais para dispositivos móveis.

O Facebook disse que 543 milhões de pessoas usaram o site em dispositivos móveis durante o último trimestre, e seu presidente, Mark Zuckerberg, reconheceu que a mudança “é incrivelmente importante”.

Mas o Facebook não conseguiu dominar como transformar o uso de clientes em receita de anúncios nos dispositivos móveis.

As empresas de mídia social ainda são negociadas com grandes avaliações: mesmo depois dos declínios recentes, a proporção entre preços e receitas do LinkedIn é de estratosféricos 852; a do Facebook é muito menor mas ainda espaçosa: 69. Em comparação, a média de empresas no índice 500 da Standard & Poor’s é de cerca de 16.

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[James B. Stewart, do New York Times]