Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Elite domina nata do jornalismo britânico

Mais da metade dos principais jornalistas britânicos estudou em Oxford ou Cambridge, de acordo com uma pesquisa divulgada pelo Sutton Trust, organização que visa ampliar o acesso à educação, na semana passada. O estudo realizado com os 100 mais influentes editores, colunistas, apresentadores e executivos de mídia do país sugere que a profissão é cada vez mais dominada por uma elite educada em escola e universidade particulares.

Além de listar o histórico educacional dos profissionais, a pesquisa também colheu depoimentos de editores de jornais e executivos de rádio e televisão sobre suas políticas de recrutamento de funcionários editoriais – eles negam contratar intencionalmente pessoas que tenham passado pelas melhores escolas ou universidades.

Posições influentes

Sir Peter Lampl, fundador do Sutton Trust, afirma que o estudo confirma o mesmo padrão já encontrado entre advogados e políticos. ‘Este é outro exemplo de predominância daqueles educados em escolas privadas em posições influentes na sociedade’, diz ele. Estudos anteriores da organização revelaram que 70% dos advogados das Cortes Superiores e um terço dos Membros do Parlamento britânico tiveram educação privada. Entre os jornalistas, este índice chegou a 54%. Na última pesquisa do tipo, feita há 20 anos, 49% haviam sido educados em escolas privadas.

Os resultados apontaram ainda que, dos 81% que foram à universidade, mais da metade dos principais jornalistas do país estudou em Cambridge ou Oxford. Entre os ex-alunos de Oxford citados no estudo estão Lionel Barber, editor do Financial Times, Roger Alton, editor do Observer, e John Bryant, do Daily Telegraph.

Segundo Lee Elliot Major, que coordenou a pesquisa, as práticas de contratação da indústria contribuem muito para este panorama. Isso acontece por causa do alto custo do treinamento de jovens profissionais, dos baixos salários para quem começa e da instabilidade no emprego – fatores que acabam levando pessoas de famílias mais abastadas e influentes a se arriscarem com maior freqüência na carreira jornalística. Com informações da Reuters [15/6/06] e de Owen Gibson [The Guardian, 15/6/06].