Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Governo critica CNN e ameaça Globovisión

O caso RCTV abriu precedente perigoso para os veículos de comunicação de oposição na Venezuela. Um dia depois do fechamento da Rádio Caracas Televisión, à meia noite de domingo (27/5), o governo do presidente Hugo Chávez pediu a abertura de uma investigação da Globovisión. A emissora é acusada de incitar o assassinato do líder de esquerda.


O ministro das Comunicações, Willian Lara, apresentou um documento à procuradoria do Estado segundo o qual especialistas contratados pelo Ministério descobriram que o canal Globovisión teria incitado tentativas de assassinato do presidente. Como prova, o ministro citou uma exibição de imagens da tentativa de assassinato do papa João Paulo II, em 1981, acompanhadas de música que diz ‘Isso não pára por aqui’. ‘A conclusão dos especialistas é a de que, neste segmento, eles estão incitando o assassinato do presidente da Venezuela’, Lara afirmou a jornalistas.


Al-Qaeda e México


Também na segunda-feira (28/5), o governo declarou que abriria queixa contra a rede de TV a cabo CNN, acusada de fazer uma suposta ligação entre Chávez e a al-Qaeda. O ministro afirmou que a emissora americana levou ao ar imagens em seqüência mostrando o presidente venezuelano e um líder do grupo terrorista. Lara também reclamou que a CNN apresentou uma matéria sobre protestos na Venezuela, mas usou imagens filmadas no México, relativas a uma outra reportagem. ‘A CNN exibiu uma mentira que liga o presidente Chávez a violência e assassinato’, ressaltou.


A rede dos EUA divulgou uma declaração onde admite ter feito uma confusão de imagens, mas nega fazer parte de ‘uma campanha para desacreditar ou atacar a Venezuela’. Segundo a CNN, foi feita ‘uma correção detalhada’ e um pedido de desculpas pelo ‘erro involuntário’. Sobre a imagem do líder da al-Qaeda, a emissora afirmou que ‘diferentes reportagens podem ser justapostas em um determinado segmento televisivo, assim como uma página de jornal ou um sítio jornalístico podem trazer matérias sem relação entre si próximas umas das outras’.


Sem licença


A RCTV, que tinha 54 anos de existência, não teve sua licença de funcionamento renovada pelo presidente da Venezuela, que a acusava de apoiar um golpe que o tirou brevemente do poder, em 2002. A emissora de oposição também sofria acusações de violação de leis de transmissão e de exibição freqüente de programas impróprios, com cenas excessivas de sexo e violência. Informações de Brian Ellsworth [Reuters, 28/5/07] e da AFP [29/5/07].