Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Munição para a inovação

As informações subsidiam decisões e o conhecimento que elas são capazes de expandir permite às pessoas agirem confiantemente sobre processos, produtos e serviços, imprimindo-lhes inovação. Seja aperfeiçoando os que já existem, seja criando outros novos. Problemas decorrentes da inexistência de informação, dispersão, fragmentação, insuficiência, inexatidão, sobrecarga, desorganização inibem, tornam mais lento ou, ainda, inviabilizam o desenvolvimento de atividades e projetos. Particularmente, os inovativos.

A falta de informações constituiu-se numa situação problemática real mesmo para organizações que já são consideradas inovadoras. Por exemplo, para 35,8% das empresas brasileiras consideradas inovadoras pelo IBGE, a falta de informação é um problema (Pintec, 2003).

Em outros países, informações têm sido produzidas e organizadas desde o século passado para reduzir incertezas. No Brasil, importantes medidas vêem sendo tomadas por diferentes governos para desenvolver a ciência e a tecnologia e promover a inovação. Um exemplo é a criação do CNPq na segunda gestão Vargas (1951-54). Iniciativas mais recentes buscam estruturar uma série de informações em ciência, tecnologia e inovação – CT&I e há um reconhecimento geral do aumento da produção científica de brasileiros (Fapesp, 2002).

Contudo, o esforço empregado em CT&I não foi suficiente para a geração do conhecimento capaz de desencadear impactos importantes para impulsionar o desenvolvimento. A comparação entre Coréia e Brasil reforça essa afirmativa. Por exemplo, quanto a investimentos em P&D, enquanto a Coréia aplicou 2,7% do seu PIB no período 1999-2001, no Brasil em igual período o patamar não alcançou 1%.

Ação e inação

Essa baixa disposição para investir, notadamente das empresas, pode ser atribuída, em parte, às dificuldades de acesso às informações técnico-científicas e mercadológicas, entre empresas, instituições de pesquisa, governo e universidades.

Tanto pessoas quanto organizações caso não disponham de informações importantes confiáveis, suficientes e organizadas para expandir-lhes o conhecimento necessário para converter decisões importantes em ações críticas, como as de investir em P&D, a tendência mostrada por pesquisas na área da ciência da informação é que os agentes suspendem a ação até que se obtenham informações relevantes e se construa conhecimento suficiente para então efetivar a ação. Ou, contrariamente, confirmar a inação, mas agora de forma ponderada.

Uma vez realizada a ação, assumida a inação e produzidos seus efeitos, tais implicações representadas simbolicamente por informações tecnológicas, geográficas, gerenciais, serão percebidas pelas pessoas de forma direta, via observação, ou de forma indireta, via utilização de diferentes suportes e canais que disseminam as informações para quem delas necessita ou mesmo para quem nelas tem algum tipo de interesse, seja de que natureza for.

Sobrecarga e dispersão

Acontece que, sendo ainda insuficientes os investimentos realizados em CT&I, mais escassos ainda são os investimentos que se destinam às informações propriamente ditas sobre essa temática. Dá-se importância maior ao veículo do que àquilo que ele entrega: informação. Quando o que existe é uma correlação entre ambos. Isto é, um perde o significado ou a relevância na ausência do outro.

Daí a importância de municiar o processo de inovação com informações organizadas, devidamente selecionadas e integradas, disponíveis a tempo e a hora. Importância de sensibilizar dirigentes, governos, empresas e comunidades científicas a investirem atenção, dinheiro e energia no recurso informação. Ou seja, em superar maximamente os problemas relacionados às necessidades e usos da informação.

Especialmente, porque a evolução dos veículos que as transportam ganharam tanta atenção e volumosos investimentos ao longo das últimas décadas que hoje, ao menos mais do que antes, foram adicionados outros problemas importantes à falta de informação: sobrecarga e dispersão de informações. Os dirigentes que não dispõem de tempo para sair do labirinto de informações em que estão metidos que o digam.

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Economista, funcionário público, mestre em Ciência da Informação, Brasília