Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O mundo real através de uma câmera

Com o anseio de levar até o usuário sistemas cada vez mais próximos do real, empresas vêm investindo em um novo conceito de tecnologia: a realidade aumentada. Essa linha de pesquisa busca a criação de um mundo tridimensional de interação entre o mundo virtual e a leitura de objetos do mundo real através de uma câmera. Esse tipo de manipulação vem sendo integrado a aplicações educacionais, jogos virtuais, apoio a tarefas médicas e, agora, ao mundo da LBS e dos smartphones.

Em 2008, o Google lançou o Android Developer Challenge, no qual desenvolvedores mostraram protótipos baseados no Android SDK, sem mesmo existir nenhum dispositivo com este sistema operacional. Na época, um projeto chamado ‘Enkin’ (www.enkin.net) me impressionou muito. Foi desenvolvido um novo conceito de navegação de informações digitais para dispositivos móveis, mostrando conteúdos baseados em localização de uma forma única e diferente das tradicionais aplicações de mapas digitais. A integração de câmera, bússola e GPS permitiu que desenvolvedores criassem uma aplicação de realidade aumentada do tipo espacial, na qual informações virtuais foram projetadas sobre objetos reais que eram capturados em tempo real pela câmera utilizando uma noção de espaço.

Com o lançamento oficial do Android Market e dos primeiros aparelhos celulares com este sistema operacional, novos aplicativos de realidade aumentada começaram a aparecer. Wikitude criou uma nova forma de guia turístico integrando a informação de mais de 350.000 pontos de interesse disponíveis na Wikipedia com a localização do aparelho e as imagens da câmera, trazendo informações de um bar em Paris onde foi visitado por Napoleão para uma pessoa que estivesse na região.

Uma rosa dos ventos

Pesquisadores holandeses criaram o Layar, um browser de realidade aumentada para celulares com Android. Os layers de informações que podem ser vistos sobre as imagens que aparecem na tela vêm dos mais diversos webservices com informações de localização tais como Wikipedia, Yelp com suas resenhas dos locais, Trulia com ofertas de imóveis, Flickr, Twitter e outros.

Em junho, a IBM mostrou como integrar a realidade aumentada a um grande evento com o aplicativo Seer para o Android. No torneio de tênis de Wimbledon, os visitantes podiam localizar restaurantes, bares, banheiros etc. Mas o que mais impressionava era apontar o telefone para as quadras e saber quem estava jogando e o placar em tempo real do jogo.

Com a bússola digital integrada ao novo iPhone 3GS, os vídeos com os primeiros protótipos de realidade aumentada para o dispositivo começaram a circular no YouTube. Porém, somente agora no fim de agosto, após muita pressão dos desenvolvedores, a Apple liberou a publicação dos primeiros aplicativos comerciais na App Store, com o lançamento do novo firmware 3.1 do aparelho. O primeiro aplicativo brasileiro com realidade aumentada estará disponível na App Store em breve. Trata-se do aplicativo ‘Presença Bradesco’ que traz aos seus clientes um serviço de interação. Com uma enorme potencialidade, o aplicativo gera na tela uma espécie de ‘rosa dos ventos’ que aponta a exata localização das agências próximas com a câmera virada para o chão. Ao colocar a câmera com visualização do horizonte, uma linha com pontos e distância é visualizada na tela. Quanto mais distante a agência estiver, mais alto a indicação fica na tela.

Reconhecimento de face

A realidade aumentada também está chegando aos navegadores GPS. O GPS ‘Blaupunkt TravelPilot’ possui uma câmera que mostra a imagem em tempo real do caminho que está sendo percorrido, em vez de usar desenhos de mapas. Enquanto a imagem aparece na tela do GPS, o produto vai guiando o usuário através de setas sobrepostas ao que esta sendo visualizado, além da identificação de placas de sinalização e alertas de velocidade.

A realidade aumentada já faz parte de nosso dia a dia e coisas maiores estão por vir. Produtos serão reconhecidos pela câmera do celular, juntamente com suas principais informações. Dados de usuários de redes sociais (Orkut, Facebook, Twiter) estarão disponíveis na tela do celular, graças à integração de smartphones com a tecnologia de reconhecimento de face.

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CTO da LBS Local (Apontador/MapLink)