Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O pátio do hospício

Acessar a internet está ficando tão ou mais rotineiro que escovar os dentes logo de manhã cedo. Enquanto dormimos o mundo continua acontecendo e se acontece há que haver registro em algum portal de notícias ou em algum blog.


Gente famosa parece que morre primeiro na internet. Situação vexaminosa envolvendo celebridade ganha ares de tragédia nacional primeiro na internet. E se pensarmos um pouco, a internet está para o século 21 como a língua da vizinha para a primeira metade do século 20. Todo mundo da rua sabia tudo: a que horas o fulano chegou pelas tabelas, carregado por quem, como se deu a recepção no meio familiar. Hoje todo mundo sabe rapidinho que Nizan Guanaes esteve detonando a Bahia, o Chiclete com Banana e sabe que Xuxa foi malcriada com quem se atreveu a questionar o domínio da língua pátria por sua filha Sacha. Em mais dois ou três cliques sabemos que o Brasil perdeu Zilda Arns e o mundo uma Cidadã do Mundo, com diploma e tudo, em recente terremoto no Haiti.


Realmente a língua da vizinha (por que não do vizinho?) não daria conta de tanta coisa nova para comentar. O Brasil é um país que se conecta cada vez mais e alcança todas as classes sociais. Ao invés de nos perder nos imensos alagamentos de São Paulo, que tal nos afogar um pouquinho… em números?


Pois bem, o Brasil tinha 64,8 milhões de internautas segundo o Ibope Nielsen Online em julho de 2009 (ver aqui), um aumento de 2,5 milhões de pessoas em relação ao mês anterior. Em junho de 2008, o Ibope/NetRatings contabilizava 41,5 milhões, mas não contabilizava os acessos públicos (LAN houses, bibliotecas, escolas e telecentros), que agora passou a somar aos acessos do trabalho e de casa.


O Brasil é o quinto país com o maior número de conexões à internet (ver aqui). Nas áreas urbanas, 44% da população está conectada à internet (ver aqui): 97% das empresas e 23,8% dos domicílios brasileiros estão conectados à internet (ver aqui).


Nunca antes neste país…


E nunca se produziu tanto conteúdo, tanta informação acessível a tão grande contingente populacional como nos dias que correm. Não somos uma ilha de conectividade surgida no mar alto do mundo tecnológico. O fenômeno é planetário e mais do que nunca somos um só planeta e um só povo conectado e em vias de conexão. Prova disso é que prevê-se que em 2013, o número total de pessoas ‘conectadas’ à internet passará a marca dos 2 bilhões, mais precisamente na casa dos 2,2 bilhões, significando um aumento de 45%, segundo o Forrester Research.


Este grande aumento se deve principalmente aos novos usuários da Ásia, com a China representando 17% da população online global. África e Oriente Médio também somam a fatia de 13%. Abarca todas as faixas etárias. Mas os jovens brasileiros podem falar com todas as letras que ‘estão ligados’. Aqui, a gíria ‘tá ligado’ poderia ser muito bem substituída por ‘tá conectado’ sem alterar o sentido da simpática expressão remanescente dos últimos anos do século passado. Isso porque, uma pesquisa realizada em 12 países, mostrou que os adolescentes brasileiros podem ficar, em média, 70 horas por mês em frente a um monitor navegando na rede mundial. Fica informado das notícias de seus times, acompanha os seriados, lê os jornais, escutas as rádios, vê os vídeos mais interessantes ou que estejam causando sensação. Além disso, arrasta para seu computador músicas e filmes, fotos e charges.


Adultos na rede


Mas o que não apenas os jovens, mas também os adultos em geral mais fazem é criar relacionamentos sociais e expor-se na vitrine virtual, apresentando-se como isso e aquilo, procurando amizades ou algo mais, descobrindo por onde andam seus amigos de infância, de colégio, de faculdade, de trabalho. É para isso que milhões de pessoas se cadastram em sítios como Facebook, Orkut, Hi5, LinkedIn, MSN. Uma vez ingressados vão logo buscando sua turma, gente com que tenha afinidades, gostos, percepções, estilos de vida.


Vivemos, então, em um admirável mundo novo. Um mundo nem mesmo intuído por Aldous Huxley que cunhou a expressão como título de seu mais famoso livro. No meio de tudo isso os blogues cresceram mais que plantação de cogumelo. Todo mundo tem algo a dizer de si mesmo ou sobre o que outras pessoas pensam. E espera que alguém comente seus pensamentos.


Piados na web


A grande novidade deste século se chama Twitter (piado, em inglês). Trata-se de algo mais que uma ferramenta social de relacionamento. Seu criador Evan Williams acredita que microblogging traz dinamismo ao usuário e as possibilidades são imensas e diferenciadas. A conferir.


Como não quero ficar sabendo dez anos depois que o homem pisou na Lua também não quero ser dos retardatários que ingressam em uma onda quando esta já perdeu boa parte de seu impulso inicial, impulso sempre criativo, sempre surpreendente, sempre com gosto de futuro. Foi então que há dois meses entrei no Twitter. As regras são bem simples, é como o esperanto das redes sociais: textos de até 140 caracteres incluindo espaços, possibilidades de acompanhar a vida de outras pessoas cadastradas no sistema e também de ser acompanhado. São criados então conceitos como ‘seguidor’ (de alguém) e ‘seguido’ (por alguém), podemos reencaminhar para ‘nossos seguidores’ a alguém, o texto legal que encontramos e receber, vez por outra, comentário de alguém sobre algo que expressamos no Twitter.


O uso do microblog foi logo incorporado à atividade jornalística. Jornais e revistas, emissoras de tevê, jornalistas, escritores, além das indefectíveis celebridades passaram a usar a tal ferramenta. Para alguns é um exercício de vaidade poder dizer quantos ‘seguidores’ têm. E há narcisismo a dar com o pau. Muitos textos são para dizer que está na hora de ir dormir porque o dia foi cansativo. Outros aproveitam para endeusar suas preferências políticas e demonizar seus desafetos. E existem também as listas. Um jornal que é seguido por uma lista significa que é ‘acompanhado’ por aqueles que assinam a lista. É um efeito multiplicador.


‘Audiência’ no Twitter


Apresento ao leitor os números de seguidores de alguns jornais e revistas e de alguns dos jornalistas renomados, mencionando também quantas listas os seguem: O Globo (29.946 seguidores, 1.104 listas), Folha de S.Paulo (43.806, 1.793 listas), Estado de S.Paulo (14.406, 701 listas), Jornal do Brasil (3.623, 194 listas).


Agora vamos para as revistas no Twitter: Veja (119.912 seguidores, 3.250 listas), Época (22.304, 1.058 listas), Carta Capital (17.803, 879 listas) e IstoÉ (6.805, 280 listas).


Outros veículos também chamam a atenção: Observatório da Imprensa (13.752 seguidores, 785 listas), BBC Brasil (24.046, 1.169 listas).


Como é a performance de alguns dos jornalistas mais acessados na internet brasileira no uso do Twitter? William Bonner (335.624 seguidores, 8.004 listas), Diogo Mainardi (12.617 seguidores, 184 listas), Blog do Josias (505, 31 listas), Ricardo Kotscho (100, 5 listas), Ricardo Noblat (24.700, 1.136 listas). Calma! Alguns já estão trabalhando o Twitter há anos, meses, enquanto outros faz apenas algumas semanas ou dias. E nesse caso tempo é determinante para ter uma presença forte ou fraca no Twitter. Os que são vistos em programas líderes de audiência na TV aberta levam vantagem avassaladora. O mesmo para os que escrevem em jornais e revistas de circulação nacional.


Questão de estilo


É comum que os veículos de comunicação e seus profissionais divulguem manchetes e títulos de suas matérias e forneçam de forma abreviada o hipertexto para acesso ao teor completo da matéria. William Bonner, apresentador do Jornal Nacional (TV Globo) não faz isso, cria amizade, é leve nos comentários, trata do cotidiano e parece sempre bem disposto e bem-humorado. Alguns exemplos:


** ‘Santo Deus! Como é que tem tanta gente nesse troço a essa hora? Eu só vim aqui descarregar fotos da viagem em vez de ficar rolando na cama.’ (22/1/2010)


** ‘Sobrinhada, como vocês todos sabem, REJUVENESCER se escreve assim – e não como o tio cometeu, só com C, né? Ocêis tudo perdoarão, espero.’ (21/1/2010)


** ‘Propaganda boa surpreende. Quando o recurso se repete, você já não sabe mais quem está anunciando. Marcas e produtos de perdem na mesmice.’ (19/1/2010)


Diogo Mainardi (colunista da revista Veja) extravasa comparações entre coisas que se encaixam e outras que se desencaixam. Mas são sempre comparações. Exemplos do Mainardi:


** ‘A embaixada brasileira em Tegucigalpa é o BBB2 sem a Cida.’ (1/10/2009)


** ‘O novo acordo ortográfico é o AI-5 da língua portuguesa.’


** ‘Battisti é a von Richthofen que não deu certo.’


** ‘CQC é o Pânico na UTI.’


** ‘Joaquim Barbosa é o Sivuca do Supremo.’


** ‘Nizan é o Repórter Vesgo da propaganda.’


** ‘Dimenstein é o Derico da Folha.’


Ricardo Kotscho mantêm o estilo que o consagrou na imprensa escrita e também no seu Balaio. Exemplos:


** ‘Direita vive, mostra a reação a programa de direitos humanos http://bit.ly/8liLxE


** ‘Excelências em recesso, notícias saem de férias http://bit.ly/75lkue


** ‘Inclusão digital: o copo está meio cheio ou meio vazio? http://bit.ly/8SrZeH


Danilo Gentili, o jovem mestre do stand up comedy é hoje um dos mestres do Twitter. Ele é seguido por 518.233 e por 8.374 listas. A seguir algumas das melhores ‘twittadas’ do comediante:


** ‘São Paulo Fashion Week começou. A profecia de José no Egito finalmente se concretiza: a época das vacas magras chegou.’


** ‘O Otávio Mesquita foi no show hoje e disse `Danilo, quando comecei a carreira era assim igual você´ eu disse `Por favor. Não me desanima´.’


** ‘Eu queria muito que o Datena apresentasse o Miss Brasil. Quando a miss Maranhão passasse ele ia dizer: `Mas isso é uma calamidade´.’


** ‘À todos desejo Feliz Natal… E aos que estão assistindo o especial da Xuxa desejo meus pêsames.’


** ‘Atenção vocês que ficam me seguindo: Se não pararem vou chamar a polícia.’


Qual a graça?


Minha filha Lara, 11, me perguntou o que é o Twitter. Expliquei que era algo como pátio de hospício: todo mundo falando sozinho e eventualmente alguém responde… Ela sorriu e me perguntou: ‘Mas, pai, qual é a graça disso?’ Repliquei que não sabia ainda direito, que estava testando esta rede social que parece estar sempre fazendo dieta: os textos são curtos, os retornos são escassos e o ambiente é sedutor para quem tem humor ácido ou sarcástico, típico de quem prefere perder o amigo, mas não o twitter, ou melhor, a piada.


Quase 60 dias gritando no pátio, descubro que já sou seguido por mais que uma centena de outros loucos. Estes são sempre simpáticos, mansos mesmo e chegam mesmo a ficar amigos, com expressões de afeto e tudo. Quem não nos segue, mas nos visita ocasionalmente, nem chega a perceber que somos (todos) estranhos no ninho. No Twitter descobri outras facetas que até então pareciam estar submersas, algo do meu lado sombra (atenção estudiosos de Jung). Fui muitas vezes irônico. Alguns exemplos:


** ‘São Paulo parece Atlântida do Platão e autoridades dizem que vai tudo bem, tudo ótimo. Cidadãos precisam ser.. anfíbios!’


** ‘Viver a Vida da Globo lembra Ari em `esse coqueiro que dá coco´… e haja encheção de linguiça que vira a abobrinha no BBB do Bial. É dose.’


** ‘É de lascar. O cônsul (ou cômico) do Haiti acredita que o terremoto é coisa de vodoo e aproveita pra destilar racismo. Me lembrou o Boris.’


** ‘Cônsul do Haiti em São Paulo, racista e parlapatão, deveria ser expulso do Brasil. E logo. Olha as sandices: http://br4.in/SCRn1


** ‘Os votos de feliz 2010 dos dois garis na Band foram os mais sinceros que recebi nos últimos 30 dias… e vocês? Não perguntem ao Boris.’


** ‘OESP: `Beyoncé confirma quatro shows no Brasil´. Você não pode deixar de perder!’


** ‘Cristiane Pelajo no JG apresenta notícias como quem estivesse revelando a todo o momento novo segredo de Fátima!’


** ‘Na Final do Juízo: Judas (já está advertido para não entregar o jogo), Moisés (abrir caminho na defesa), Davi (lançar à distância).’


‘Drummond: `Só aceito um de cada vez. Passa uns tempos comigo, depois mando embora, e o outro fica no lugar. 2 anjos ao mesmo tempo é demais´.’


Toques de pura filosofia


Descobri que ficar olhando aquela placa em branco, aquela lacuna a ser preenchida com as 14 dezenas de caracteres era um convite quase irrecusável à filosofia. E quando me dei conta estava espalhando filosofia. Exemplos:


** ‘Memória é uma maneira de guardar as coisas que não queremos perder nunca.’


** ‘Que cada manhã seja melhor do que sua véspera e cada novo dia mais rico que o dia anterior. ‘


** ‘Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela. (Joseph Pulitzer)’


** ‘Eu te amo, disse seu olhar para uma pedra… (Clarice Lispector)’


** ‘`Morri e fui diagnosticado no céu´ disse House, após checar sintomas de novo paciente que acabou de despertar numa cama do hospital…’


** ‘Como diria Jung `todos nascemos originais e morremos cópias…´’


** ‘Temos que fazer tudo o melhor possível, pois não sabemos o que é pequeno aos olhos de Deus (Martha Root)’


** ‘Repórter: `Clarice, o Recife aparece em seus livros?´ Resposta: `O Recife está todo em mim´. Bonito ver a insuspeitada paixão pelo Recife.’


** ‘Se procurar bem você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa) da vida, mas a poesia (inexplicável) da vida. (Drummond)’


** ‘Vi Avatar com Lara. Ótima releitura do que aconteceu nas Américas a partir de 1492. Desejo a todos em 2010 um bom Avatar!’


** ‘Qdo ensinamos ética em Brasília corremos o risco de os alunos sempre terem algo de muito grave a delatar.’


Observação da imprensa


Trabalhar com crítica da imprensa é como criar pulgas em cativeiro. Estamos sempre buscando o que está por trás daquela informação ou imagem, daquela frase ou decisão editorial. Observei que emitir comentários vários sobre suculentos pratos do dia (i.e. polêmicas) encontrava no formato do Twitter um meio ambiente igualmente sedutor. Mergulhei de ponta em alguns dos espinhosos temas. Exemplos:


** ‘Não seria o caso de agora a Folha e a Veja entrevistarem o cineasta Silvio Tendler que conhece por dentro o surto do Cesar Benjamin?’


** ‘Brasília precisa ser resgatada. Está soterrada em grossa corrupção. Em abril faz 50 anos. Aqui meu texto: http://br4.in/waqef


** ‘Mensalão do Arruda e Mensalão Mineiro estão para os Diários Associados assim como a Kriptonita está para o Super Homem.’


** ‘Kindle DX chega ao Brasil – http://migre.me/fJGM – A engenhoca está para o livro como Knorr está pra galinha!’


** ‘Boris Casoy deveria ficar ouvindo seu áudio vazado ao longo de todo o ano de 2010, sempre antes de pegar no sono. Seria sua pena!’


** ‘Brickmann: De filmes sobre líderes providenciais, Os Dez Mandamentos foi o suficiente.’


** ‘Tenho pena do Sean Goldman: ninguém merece ter pai (USA) e avó (BRA) tão descompensados. Menino tem família infernal.’


** ‘Brasil enviou USD 15 milhões ao Haiti. O Japão USD 5 milhões. A força de um povo se mede por sua generosidade com o sofrimento alheio.’


** ‘Celebridades estrangeiras são super solidárias com infelizes da Terra. Já as do Brasil… Escrevi sobre isso aqui: http://br4.in/zmMiy


** ‘Os 10 piores barracos políticos – http://veja.abril.com.br/blog/10-mais/politica/os-10-piores-barracos-protagonizados-por-politicos/


Polêmicas na rede


Há também a síndrome do pensamento vazado. Algumas vezes a pessoa se empolga muito e começa a dizer sandices. A coisa se espalha como fogo em floresta canadense. Aconteceu com o publicitário Nizan Guanaes. Ele desconcertou seus 15 mil seguidores no Twitter com uma onda de ataques a Salvador e ao grupo de axé Chiclete com Banana, um ícone, na sua visão, da decadência da cidade.


Nizan publicou entre a noite de segunda-feira (11/1) e a manhã de terça (12/1) quase trinta comentários, falando mal da capital baiana. ‘Salvador não tem praia pro turista, não tem hotel e a orla é uma favelão’, escreveu Guanaes no microblog. Aproveitou para expor seu imenso amor ao Rio de Janeiro e a Florianópolis. Sentindo cheiro de edifício em chamas o publicitário baiano tenta de todas as formas se desculpar pela confusão já descontrolada, pedindo perdão via Twitter e elogiando a música doChiclete: ‘A musica do chiclete é uma delicia O problema é o que o twitter é uma briga de marido e mulher, pai e filho,transmitidas ao vivo.’


Um exemplo do uso inusitado da ferramenta foi o desenvolvimento da campanha de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos. Obama utilizou o microblogging exaustivamente e criou o slogan tão conhecido pelo mundo: Yes, We Can (sim, nós podemos). O uso como propaganda política não estava nos planos, nas possibilidades que o Twitter poderia cobrir. Mas foi usado de forma tão intensiva e exitosa que só encontra paralelo na campanha presidencial que nos anos 1960 contrapôs Nixon a Kennedy usando o novo meio de comunicação moderna e eficiente conhecido como… televisão.


Mas quem sai bem mesmo no Twitter se a métrica for a quantidade de seguidores não é nenhum político, nem estadista, nem candidato a alguma coisa, nem gente com dezenas de anos lidando com o público. É o apresentador de tevê Luciano Huck. Ele tem 1.686.502 seguidores e é acompanhado por 9.675 listas.


No mais… o pátio do hospício só faz aumentar e nunca tantos falaram tanto ao mesmo tempo.

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Jornalista e escritor, mestre em Comunicação pela UnB e escritor; criou o blog Cidadão do Mundo; seu twitter