Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Observatório da Comunicação

‘Após dez anos, foi publicado mais um Royal Charter para rever o papel de serviço público da BBC no Reino Unido. O essencial da sua missão mantém-se, mas há mudanças a fazer perante o advento da nova era digital.

O DCMS (Department for Culture, Media and Sport) publicou recentemente um relatório sobre o papel da BBC no contexto da radiodifusão de serviço público no Reino Unido. Este relatório surgiu de um debate público com a BBC, a indústria de radiodifusão e os cidadãos que pagam a taxa de televisão, através de uma consulta pública.

O objectivo geral da BBC é providenciar, enquanto serviço público, programas

de televisão de informação, educação e entretenimento para recepção geral no

Reino Unido.

Os propósitos da BBC são definidos da seguinte forma:

* Lidar com uma variedade de assuntos;

* Procurar atingir uma vasta audiência, através de diferentes tipos de

programas;

* Manter padrões elevados na produção de programas.

De forma a atingir estes objectivos, a BBC deve:

* Informar, educar e entreter;

* Apoiar uma determinada quantidade de produção fora de Londres.

A BBC deve também apoiar os seguintes tipos de programação:

* Programas que reflictam a actividade cultural do Reino Unido (através de

dramas, comédias, artes, música e filmes de longa metragem);

* Notícias e assuntos da actualidade (doméstica e internacional);

* Desporto e lazer;

* Educação;

* Ciência;

* Religião;

* Programas sobre assuntos internacionais e sociais;

* Programas infantis;

* Programas sobre comunidades diferentes, interesses e tradições dentro do

Reino Unido.

A actual definição de objectivos necessita, segundo o DCMS, de ser redefinida. A principal missão – ‘informar, educar e entreter’ através de um vasto leque de assuntos e para uma vasta audiência – é, essencialmente, a mesma desde a original criada nos anos 20. Foi dada à BBC a liberdade de expandir e desenvolver os seus serviços ao longo dos últimos 80 anos. Mas mesmo mantendo-se válida esta missão, ela já não é suficiente.

‘Informar, educar e entreter’ deve manter-se como a principal missão da BBC, mas este relatório explica mais claramente como se espera que esta missão seja atingida. Através da consulta pública definiram-se os respectivos objectivos do serviço público, tendo também em conta a evolução do serviço público na era digital e a definição futura dos seus modelos de financiamento.

Para mais informações consulte o relatório ‘Review of the BBC’s Royal Charter – A strong BBC, independent of government’, publicado pelo DCMS (Department for Culture, Media and Sport).’

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‘Redefinição do papel de serviço público da BBC’, copyright Observatório da Comunicação, 18/03/05

‘O papel de serviço público da BBC foi alvo de uma consulta pública no Reino Unido. A mudança essencial que surgiu da análise das propostas foi a definição deste papel em termos de objectivos e características, ao invés de o ser em termos de programas específicos.

No relatório publicado pelo DCMS (Department for Culture, Media and Sport), realizou-se uma consulta pública sobre o papel de serviço público da BBC. Durante a consulta pública, as pessoas mencionaram o papel da BBC nas seguintes áreas:

* Educação;

* Apoiar uma democracia informada;

* Apoiar a cultura do Reino Unido;

* Representar as diferentes nações, regiões e comunidades do Reino Unido;

* Promover o Reino Unido no estrangeiro e reflectir os assuntos internacionais a nível nacional;

* Definir padrões para outros radiodifusores.

Na consulta pública também participou a OFCOM que sugeriu que os radiodifusores de serviço público devem, no futuro, ser definidos em termos

de objectivos e características, em vez de o serem em termos de tipos específicos de programas. Os radiodifusores de serviço público devem também assegurar que a televisão continua a disponibilizar material de alta qualidade de uma forma e numa escala que o mercado, por si próprio, não providenciaria. A OFCOM propõe que os objectivos da radiodifusão de serviço público devam ser:

* Informar e aumentar a compreensão do mundo através de notícias, informação e análise de assuntos e ideias actuais;

* Estimular o interesse e conhecimento de arte, ciência, história e outros tópicos, através de conteúdos que são acessíveis e que podem encorajar uma aprendizagem informal;

* Reflectir e fortalecer a identidade cultural através de programação original do Reino Unido, a nível nacional e regional, e, em algumas ocasiões, aproximar as audiências para experiências partilhadas;

* Dar conhecimento de culturas diferentes e pontos de vista alternativos, através de programas que reflictam as vidas de outras pessoas e comunidades, tanto dentro do Reino Unido como no estrangeiro.

A OFCOM também sugere que os programas dos radiodifusores de serviço público devem ter características distintas. São eles:

* Alta qualidade: bem financiados e bem produzidos;

* Original: novos conteúdos, em vez de repetições ou aquisições;

* Inovador: idéias novas ou reinventar abordagens, em vez de copiar outras já existentes;

* Desafio: fazer os espectadores pensar;

* Acoplamento: manter-se acessível e aprazível aos espectadores;

* Disponível em larga escala: se os conteúdos são financiados publicamente, deve ser concedida a possibilidade de serem vistos pela maioria dos

cidadãos.

A BBC sugeriu que há 5 áreas essenciais que conferem valor público. Esta lista é em grande parte consistente com a da OFCOM.

A definição da BBC dos seus objectivos públicos engloba:

* Valor democrático: a BBC apoia a vida cívica e o debate nacional providenciando notícias e informação credíveis e imparciais que ajudem os

cidadãos a compreender o mundo;

* Valor cultural e criativo: a BBC enriquece a vida cultural do Reino Unido juntando talento e audiências, para celebrar a herança histórica e alargar o diálogo nacional;

* Valor educacional: oferecendo às audiências de todas as idades um conjunto de oportunidades educativas formais e informais, a BBC ajuda a construir uma sociedade forte em conhecimento e capacidades;

* Valor social e comunitário: oferece a oportunidade às várias comunidades do Reino Unido de ver aquilo que têm em comum e aquilo que as diferencia, e, assim, procura construir uma coesão social e tolerância através de uma maior compreensão;

* Valor global: a BBC apoia o papel global do Reino Unido por ser o radiodifusor mais credível do mundo em termos de notícias e informação

internacionais, e por mostrar a melhor cultura Britânica a uma audiência global.

Para mais informações consulte o relatório ‘Review of the BBC’s Royal Charter – A strong BBC, independent of government’, publicado pelo DCMS

(Department for Culture, Media and Sport).’

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‘O serviço público da BBC na era digital’, copyright Observatório da Comunicação, 18/03/05

‘A entrada na era digital irá trazer, necessariamente, mudanças ao nível do papel de serviço público da BBC. Para que esta mudança se faça de acordo com princípios de interesse geral, a BBC deverá liderar o processo de switchover digital.

As tecnologias digitais estão a revolucionar a forma como os programas são distribuídos e a forma como as audiências os vêem e ouvem. De acordo com o relatório do DCMS (Department for Culture, Media and Sport), os cinco objectivos de serviço público da BBC manter-se-ão constantes na era digital. Mas para se manter um serviço público de relevância universal para todos os cidadãos, a BBC terá de estar totalmente envolvida na liderança da revolução digital. Na próxima década, a BBC deve ter um objectivo público adicional: ajudar a trazer os benefícios dos serviços digitais a todos os lares e providenciar conteúdos de alta qualidade para conduzir à adopção desses serviços. Em particular, significa que a BBC deverá ter uma posição de liderança no processo de switchover digital na televisão. Nos últimos 50 anos, o mundo da radiodifusão modificou-se mais do que nos 30 anos anteriores. Na televisão, o número de canais cresceu de 4 para cerca de 400 desde 1988.

Esta tendência teve início nos anos 90 com o desenvolvimento da televisão por satélite e por cabo e o crescimento das rádios privadas. Mas a mudança mais importante nos últimos 7 anos deve-se à emergência e crescimento da radiodifusão digital. Cerca de 60% dos lares no Reino Unido têm agora televisão digital. Isto representa um dos maiores ratios de adopção digital no mundo. Mais de 7 milhões de lares têm satélite digital e 200,00 novas set-top-boxes terrestres foram vendidas, em média, a cada mês. O crescimento da televisão digital está a mudar a relação entre telespectadores e radiodifusores. As receitas de subscrições de televisão anuais referentes a 2003/2004 (para canais de Pay TV) foram de £ 3.3 mil milhões, ultrapassando as receitas publicitárias (£ 3.2 mil milhões) e receitas da taxa de televisão (£ 2.3 mil milhões). Desenvolveu-se um mercado que vai muito mais além do que a tradicional radiodifusão de serviço público.

O crescimento dos canais significa mais escolha para os telespectadores. Um maior mercado significa mais concorrência para os principais radiodifusores. Como resultado, as pessoas agora passam menos tempo a ver os principais canais de serviço público: o share médio de audiência da BBC 1 caiu de 29,5% em 1998 para 25,6% em 2003; o share médio da ITV 1 caiu de 31,7% para 23,7% no mesmo período.

É difícil fazer previsões, com um grande grau de certeza, acerca de quais as tecnologias que irão ter êxito. Mas à medida que se avança para a era digital, parece certo que as audiências dos maiores canais se irão reduzir. As pessoas irão procurar mais activamente conteúdos que podem visionar da sua própria maneira, em vez de aceitar a grelha que lhes é dada.

Na televisão, a BBC já se ofereceu para desempenhar um papel de liderança no

processo de switchover digital. Isto significa que o público irá ajudar a pagar pelo processo de switchover digital através da taxa de televisão. Neste sentido, a BBC irá:

* Ajudar a estabelecer e gerir a organização que irá coordenar o processo técnico do switchover – conhecida como SwitchCo;

* Desempenhar um papel de liderança nas campanhas de informação pública que irão informar os consumidores acerca da forma como irá acontecer o switchover, que escolhas de equipamentos têm e como os podem instalar;

* Ajudar a estabelecer e financiar esquemas para ajudar os consumidores mais vulneráveis a fazerem o switchover.

Para mais informações consulte o relatório ‘Review of the BBC’s Royal Charter – A strong BBC, independent of government’, publicado pelo DCMS

(Department for Culture, Media and Sport).’

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‘Formas de financiamento do serviço público da BBC’, copyright Observatório da Comunicação, 18/03/05

‘No Reino Unido tem havido uma grande discussão sobre os modelos de financiamento da BBC enquanto radiodifusor de serviço público. Apesar das alternativas de financiamento, a curto e médio prazo a taxa de televisão mantém-se como o melhor modelo.

No relatório do DCMS (Department for Culture, Media and Sport) afirma-se que a taxa de televisão continua a ser a melhor forma de financiar a BBC. Todos os outros modelos de financiamento têm desvantagens mais significativas, enquanto o princípio de pagamento colectivo através da taxa de televisão retém o apoio público geral. A taxa de televisão deverá continuar a financiar a BBC nos próximos 10 anos.

As mudanças tecnológicas irão, no futuro, permitir às audiências ver programas de televisão numa variedade de formas sem precisaram de um aparelho de televisão – por exemplo, através da Internet ou via telefones móveis. A colecta de uma taxa fixa baseada na propriedade de televisão pode, assim, tornar-se difícil de sustentar a longo prazo. O planeamento deve começar antecipadamente para estabelecer se qualquer modelo de financiamento alternativo, especialmente as subscrições, pode precisar de ser reconsiderado depois de 2016. Isto deve ser um assunto para uma revisão futura à medida que o processo de switchover digital se aproxima da sua conclusão.

Na consulta pública que sustentou este relatório foram discutidas algumas alternativas à taxa de televisão, que são:

* Financiamento directo do governo;

* Financiamento privado para um serviço free-to-air – através de publicidade e patrocínios;

* Financiamento privado para um serviço de Pay TV – através de subscrição (apesar disto não ser possível para serviços de rádio).

Contudo, cada uma destas opções carrega, neste momento, desvantagens significativas. Para já, o relatório refere que a manutenção da taxa de televisão é o melhor modelo de financiamento. Desde 2000, a BBC beneficiou de um aumento anual de 1,5% acima da inflação, para pagar a sua expansão nos novos serviços digitais. Ao mesmo tempo, continuou a beneficiar do crescimento do número de lares no Reino Unido, o que está a adicionar 0,75% por ano ao valor das receitas da taxa de televisão. Se o número de lares no Reino Unido continua a crescer segundo as previsões, daqui a 10 anos a BBC pode esperar receber mais £ 230 milhares todos os anos.

Para mais informações consulte o relatório ‘Review of the BBC’s Royal Charter – A strong BBC, independent of government’, publicado pelo DCMS (Department for Culture, Media and Sport).’



FORBES vs. FIDEL
O Estado de S. Paulo

‘Fidel critica sua inclusão na lista de ricaços da ‘Forbes’’, copyright O Estado de S. Paulo, 19/03/05

‘‘INFÂMIA’: O presidente cubano, Fidel Castro, qualificou de ‘infâmia’ sua inclusão na lista das pessoas mais ricas do mundo da revista americana Forbes, com uma fortuna calculada em US$ 550 milhões.

‘Mais uma vez cometeram a infâmia de falar da fortuna de Fidel, me situando quase acima da rainha da Inglaterra’, disse o líder cubano durante um discurso na quinta-feira à noite.

‘Acreditam que sou Mobutu (Sese Seko, ex-ditador do antigo Zaire), ou algum de tantos milionários, esses ladrões, saqueadores, que o império (os Estados Unidos) amamentou e protegeu’, declarou Fidel, de 78 anos. ‘O que deveria ser feito é procurar onde está o dinheiro de toda essa gente’, disse ele, acrescentando que está pensando em processar a revista, que já o havia incluído em sua lista dois anos atrás, mas com uma fortuna cinco vezes menor.’



DISNEY SEM MIRAMAX
Folha de S. Paulo

‘Disney diz que não vai renovar com irmãos da Miramax’, copyright Folha de S. Paulo, 17/03/05

‘O próximo principal executivo da Walt Disney, Robert Iger, disse que a empresa não vai renovar os contratos dos co-presidentes do conselho administrativo da Miramax, Harvey e Bob Weinstein, o que colocará fim a uma parceria de 12 anos que criou filmes como ‘Chicago’, ‘Cold Mountain’, ‘Diários de Motocicleta’ e ‘Shakespeare Apaixonado’.

‘Negociar um acordo que resultará, em última instância, na nossa separação [dos co-presidentes] de alguma forma é a providência acertada nesta altura’, disse Iger em entrevista.

Os comentários de Iger são o primeiro reconhecimento por parte da Disney de que a empresa romperá seus laços com os Weinstein. A separação segue-se a conflitos ocorridos entre os irmãos e o principal executivo da Disney, Michael Eisner. Iger, que assume o posto de Eisner no dia 30 de setembro, disse na entrevista que qualquer distanciamento em relação aos Weinstein seria ‘amigável’.

‘Provavelmente, os Weinstein passaram dos limites’ na disputa com Eisner em torno dos custos dos filmes, disse Peter Goldman, administrador de investimentos da Chicago Asset Management, que detinha cerca de 480 mil ações da Disney em sua carteira de US$ 1 bilhão em ativos, em dados de janeiro.

‘A Disney quer disciplina no setor de cinema.’

Matthew Hiltzkik, porta-voz da Miramax, preferiu não comentar.

A Miramax foi responsável em 2004 por 25% da receita de bilheteria de US$ 1,16 bilhão da Disney, segundo a Nielsen EDI, que monitora as vendas de ingressos. A Disney disse em 2004 que pretendia reduzir os gastos com os filmes e que os negócios da Miramax, que adquiriu em 1993, não continuariam ‘no mesmo nível’.

A Disney e os Weinstein vinham discordando sobre o rumo que a Miramax deveria tomar. No ano passado, a Disney vetou a distribuição do documentário de Michael Moore ‘Fahrenheit 9/11’, contrário ao presidente dos EUA, George W. Bush e que foi produzido pela Miramax. Os irmãos Weinstein fizeram um acordo de distribuição com duas empresas.’



PAPA NA MÍDIA
Folha de S. Paulo

‘Doença leva igreja a apelar a ‘videopapa’C’, copyright Folha de S. Paulo, 16/03/05

‘A longa convalescença do papa João Paulo 2º fez com que o Vaticano inaugurasse a era do ‘videopapa’. De fato, as próximas aparições públicas do pontífice serão realizadas por meio de conexões de televisão.

‘É evidente que o emprego do sistema de videoconferências se converterá numa característica desta fase do pontificado’, escreveu ontem Marco Tosatti, vaticanista do diário ‘La Stampa’.

A imprensa italiana também já começa a falar de ‘telebênçãos’ e não exclui a possibilidade de que o papa presida as beatificações e canonizações programadas para este ano por meio de videoconferências.

João Paulo 2º voltou ao Vaticano no último domingo, após ter passado 18 dias internado no hospital Gemelli, em Roma, e sofrido uma traqueostomia. Uma fonte do Vaticano disse ontem que o pontífice não celebrará hoje a tradicional audiência geral das quartas-feiras.

O Vaticano também está preparando métodos alternativos para que, apesar das recomendações médicas de silêncio e descanso, João Paulo 2º, 84, possa participar das celebrações da Semana Santa.

‘[O papa] sairá pouco de seu apartamento e estará presente nas celebrações com conexões de vídeo. A capacidade televisiva será usada como instrumento de governo’, escreveu o vaticanista do jornal italiano ‘Corriere della Sera’, Luigi Accattoli.

As principais cerimônias da Semana Santa foram delegadas a diversos cardeais. O programa oficial divulgado pelo Vaticano indica que o papa dará apenas sua bênção ‘Urbi et Orbi’ no domingo de Páscoa, em 27 de março.

Mas os vaticanistas não excluem que o papa presida a procissão da via-crúcis na sexta-feira, para a qual não foi designado um cardeal substituto.

‘Podem instalar um toldo fechado com calefação para protegê-lo da umidade da noite ou o papa segue a via-crúcis em seu escritório no Vaticano, e uma câmera de TV transmitirá sua imagem numa tela gigante instalada no Coliseu’, escreveu Tosatti.’