Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Tão boa que atrapalha

Jornais do mundo inteiro investem cada vez mais em suas páginas de internet na esperança de recuperar o dinheiro que não têm conseguido faturar com suas edições impressas. No Reino Unido, esse processo também acontece, mas os diários dali, que perderam 38% de seus leitores desde 1990, tem um sério problema adicional: a excelente qualidade dos sítios da BBC.

A companhia pública de comunicação mantém 525 páginas na Rede. Ela investe apenas US$ 27 milhões anuais diretamente em sua divisão de internet, mas os mais de 5.000 profissionais de imprensa de outros departamentos suprem seus portais com material de qualidade muito superior ao da concorrência privada. O portal do Guardian é, de longe, o mais visitado entre os dos jornais britânicos. No entanto, não atrai nem metade dos visitantes da BBC. O modelo de sítio baseado em cobrança de assinaturas está condenado por princípio. Quem vai pagar para acessar uma página se há outra melhor disponível gratuitamente?

Como reporta a Economist [16/6/05], a infra-estrutura da companhia pública é muito melhor que a dos concorrentes. Pete Picton, editor do tablóide Sun, exemplifica a dificuldade que eles enfrentam por causa disso. Ele conta que o jornal enviou quatro repórteres para a recente cobertura do julgamento de Michael Jackson. Não é pouco, mas quando chegaram aos EUA, viram que a BBC tinha uma equipe enorme, que produzia imagens de diversos ângulos, vídeos próprios e um sítio exclusivo para o caso. O know-how de televisão da BBC é outro fator que a coloca muito à frente dos jornais, que não estão tão bem preparados para o ambiente multimídia que a internet proporciona. O resultado é que suas páginas são muito mais dinâmicas.