Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Twitter ou Facebook? O papo continua

Um dos “efeitos colaterais” da pesquisa que fiz na semana passada entre usuários de Twitter e de Facebook foi uma coleção de bons depoimentos sobre as duas plataformas. Ficou claro que, para a maioria, o Facebook é o ponto de encontro com a família e com os amigos, ao passo que o Twitter é uma espécie de mural de notícias — ainda que seja imbatível na hora de ver e comentar programas de televisão. O Twitter é ideal para reclamar de empresas, serviços e políticos; o Facebook, para contar para os amigos o que aconteceu com a reclamação.

“O Twitter é um dos maiores enigmas do universo”, escreveu Roberto Real. “Você segue um bando de pessoas que não têm a menor ideia de quem são e é seguido por uma multidão que não conhece.”

“Uso as duas da mesma forma, ou seja, postando conteúdo, fotos, locais…”, disse o Oldon Machado. “Mas, diferentemente do Facebook — e aí está o grande barato do Twitter —, poderia usá-lo apenas como ferramenta de informação. Nesse sentido, o Twitter me parece infinitamente mais eficiente que o Facebook, já que seguindo as contas dos principais veículos de informação, formadores de opinião e ‘personalidades’, você acaba sabendo de TUDO — tudo mesmo — quase que imediatamente. Para mim, como jornalista, esta vantagem que tem o Twitter é incomparável em relação a qualquer outra rede social.”

“Tenho paixão pelo Twitter, porque é uma janela aberta para o mundo”, explicou Carla Rangel. “Por lá convivo com pessoas que jamais encontraria na vida real, opiniões diversas, vidas diferentes, todos dando pitacos. Gosto até de ouvir a opinião de quem não gosto. Já no Face limito meus contatos, não curto ficar acompanhando a vida de quem não conheço, ou não gosto. Nem quero dividir minha questões com desconhecidos. Faço essa separação.”

Para Sidney Puterman, o Twitter é “um espaço onde as ideias e o conteúdo são os protagonistas. Já no Facebook, o relacionamento pessoal vem em primeiro plano e é dominante”. Jussara Ormond destacou a velocidade: “Adoro a rapidez da informação, a inteligência da concisão e até os ‘memes’ que só quem frequenta o Twitter entende”.

Informação demais, porém, nem sempre é uma vantagem. Vejam o que escreveu a Bete Bior: “O Twitter me deixava nervosa e frustrada. Procurei seguir jornalistas e vários portais de notícias na ilusão de me manter informada em tempo real. Como trabalho o dia todo, por mais que tentasse, não conseguia acompanhar as notícias que chegavam… Hoje prefiro canais de informação mais lentos, apropriados às minhas possibilidades”.

Monica Langer está até sofrendo de overdose: “Eu gosto dos dois e ficaria zapeando de um para o outro se tivesse mais tempo. Acontece que o Facebook já é um sorvedouro do meu tempo de vagabundagem explícita, que, aliás, tem estourado com frequência. Se eu frequentar o Twitter também, a minha vida prática vai desmoronar. Não consigo ser dentista, estudar, ser mãe de quatro filhos e dona de casa *e* usar Facebook *e* Twitter! Eu quero a minha vida dos tempos das cavernas de volta, mas não consigo (porque nem tento). Eu acho que qualquer hora vou ‘morrer de Facebook’, de falta de tempo, de vício de olhar tudo nas redes nos intervalos entre ser e existir. Pronto. Falei tudo, mas só porque é sexta à noite e agora deu tempo”.

Antes que alguém se assuste e fuja de vez das redes, termino com dois depoimentos curtinhos, mas muito eloquentes.

Ricardo Dias: “Conheci a mulher amada no Facebook”.

Gilson Lopes: “Bom, eu conheci a minha mulher no Twitter e casei-me e com ela”.

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Cora Rónai, do Globo