Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Um milagre da informação

No ano de 1992, estava fazendo uma pesquisa que depois resultou num livro – foi uma das peças das comemorações do que se chamou o Centenário de Copacabana. O material que me tocou recolher era de caráter iconográfico e depois serviu para ilustrar a obra.

Fiz a pesquisa na seção de periódicos da Biblioteca Nacional, no Rio, e levei pouco mais de um mês para realizá-la, mesmo tendo muitas facilidades, uma vez que, durante anos, freqüentei essa seção sempre pesquisando e por isso tinha acessos que não eram permitidos aos leitores comuns, como poder ir diretamente às estantes procurar o que poderia me interessar.

Nessa época, já existiam os PCs (personal computer) – mas no Brasil eram raros devido a uma danosa reserva de mercado – e também existia o sistema windows de Bill Gates, mas somente para os privilegiados.

Hoje, passados 15 anos, moro numa pequena cidade encravada nas montanhas das Dolimitas, na região do Vêneto italiano, onde há três anos monitoro um blog cuja sede é em Cuiabá (MT). À meia-noite de Brasília (numa variação que vai de três a seis horas a mais na Itália), começo a publicar as matérias. Tenho uma rotina: Abro no word o documento em que vou escrever, depois o blog, para me permitir editorar as matérias, e duas janelas do Google, onde tiro dúvidas que possam vir a acontecer. Sempre à mão, os principais jornais e revistas brasileiras, que me permitem escrever ou simplesmente republicar as principais notícias do país.

Melhor emprego do mundo

Tudo isso é possível pois faço uso do motor Google. A pesquisa sobre Copacabana que me tomou mais de um mês, poderia hoje ser feita em algumas horas.

No último sábado (15/9), completaram-se 10 anos que, num escritório montado numa garagem, dois jovens alunos da Universidade de Stanford – o estadunidense Larry Page e o russo Serge Brin – registraram sua pequena empresa que trazia o engraçado nome de Google, mas de grandes pretensões, como foi dito na época: ‘Organizar os conhecimentos do mundo e torná-los acessíveis a todos.’

Seus passos foram firmes e de avanço: em 1997 começa a colaboração de construir um novo motor de pesquisa; em 1998 receberam o primeiro patrocínio, US$ 100 mil da Bechtolshein; em 1999, no mês de fevereiro, saíram da garagem e montarem os escritórios em Palo Alto, no Silicon Valley; em 2004, o Google lança seus serviços de correios eletrônicos; em 2005, a pesquisa é enriquecida com imagens por satélite; e em 2007, segundo a revista Fortune, é o melhor emprego do mundo. Tem 13 mil funcionários, que vivem como num campus universitário, comem juntos, brincam juntos e valem-se de benefícios (dentista, barbeiro etc.) juntos e têm somente uma obrigação contratual: devem dedicar no mínimo 20% do tempo à procura de idéias novas.

O nome de Deus

Não existe no mundo uma empresa, nem na própria China, com seus milagres, que tenha crescido tanto em tão pouco tempo: 164 mil vezes o capital inicial. Hoje, no mercado de capitais, representa US$ 164 bilhões, mais que o Produto Interno Bruto (PIB) de 170 nações.

O Google lança-se agora a uma louca idéia: oferece US$ 30 milhões ao primeiro homem que enviar um robot à Lua, valendo-se de meios privados e de lá mandar imagens contínuas, que obviamente, serão utilizadas pelo Google. O Google é a própria história do sistema norte-americano, que saiu da garagem do papai para a Lua. É a história da genialidade de dois jovens, que fizeram renascer a Torre de Babel.

Sobre o motor de pesquisa se conta uma piada ímpia: foi há 40 anos, quando surgiu um supercomputador absoluto, que havia armazenado todo o conhecimento humano. Reuniram-se junto a esta máquina todos os chefes de Estado e líderes religiosos e fizeram a pergunta que até então ninguém soubera responder: ‘Existe Deus?’ ‘Sim, agora existe’ respondeu o computador. Hoje conhecemos até seu nome: Google.

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Jornalista