Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

ANJ condena ameaças a rede de comunicação de Curitiba


Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 23 de julho de 2010


 


AMEAÇA


ANJ condena atentado contra a Rede Paranaense de Comunicação


A Associação Nacional de Jornais condenou o atentado cometido na terça contra a Rede Paranaense de Comunicação, de Curitiba. Em nota assinada por Júlio César Mesquita, vice-presidente da ANJ, a entidade deplorou ‘a violência cometida’ contra a RPC e disse esperar ‘que as autoridades policiais identifiquem seus autores e suas motivações, para que a Justiça os puna nos termos da lei’.


No dia 20, um homem parou um carro em frente a uma guarita de acesso ao prédio da TV Paranaense, da RPC, e arremessou um tubo de PVC com pólvora. O conteúdo se espalhou e pegou fogo, mas não explodiu. Ninguém ficou ferido.


No mesmo dia, na sede da ‘Gazeta do Povo’, também da RPC, homens deixaram um pacote perto do acesso à Redação. A polícia fez uma varredura, mas não havia bomba.


 


 


CASO ELIZA SAMÚDIO


Ruy Castro


Pressa em condenar


O delegado encarregado do caso Bruno acaba de completar seus 30 dias de fama. Durante esse período, investigou, acusou, julgou, condenou e só faltou passar a sentença sobre o jogador. Muito além da sola, foi detetive, carcereiro, promotor, júri e juiz. Tal versatilidade pode representar uma economia para os cofres do Estado, mas está em desacordo com noções elementares de justiça.


Ocupado em dar entrevistas, ele só não teve tempo de apresentar as provas de que necessitava -nem mesmo o corpo de Eliza Samudio, dado de barato desde o primeiro instante. Com isso, o advogado de defesa já conta com a vitória numa primeira instância, tantas são as supostas irregularidades técnicas.


Aliás, este é dos raros casos em que o uso do ‘suposto’ -recurso adotado pela imprensa para noticiar sem se comprometer- se aplica. Enquanto não encontrarem o cadáver, Bruno deveria ser apenas o suposto assassino ou mandante. Ou nem isso, porque ainda não está configurado o crime. Pois, justamente neste caso, alguns tabloides e canais de TV já partiram para a acusação frontal: Bruno é tratado como assassino ou mandante, e não se discute.


O curioso é que, um mês depois, o imbróglio parece mais enrolado do que nunca. Pelos depoimentos, Bruno, três cúmplices, seis ou sete testemunhas e uma mulher diferente por semana entram e saem de carros, motéis e chácaras, e o bebê passa de mão em mão enquanto eles se acusam e se desdizem deixando todo mundo tonto. É Agatha Christie ao ritmo dos Irmãos Marx.


No Brasil, temos pressa em condenar. Mas, uma vez estabelecida a condenação, não há pressa para executar a sentença. O jornalista Antonio Pimenta Neves, por exemplo, réu confesso, julgado e condenado pela morte de sua ex-namorada, arrisca-se a morrer de velhice fora da prisão onde deveria estar há dez anos.


 


 


ELEIÇÕES 2010


Dilma critica a mídia por ‘julgamentos sem provas’


A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, afirmou ontem que há setores da mídia que ‘algumas vezes’ dificultam o debate democrático dentro do Brasil. Em sabatina do Portal R7, a petista disse que há ‘julgamentos abruptos sem provas’.


Ela, porém, defendeu a liberdade de imprensa. ‘Mais vale uma mídia com julgamentos abruptos e livre do que uma mídia de mãos amarradas e boca fechada.’


‘Acho algumas vezes que há dificuldade no debate democrático dentro do Brasil. Eu não falo a mídia em geral, não, mas é localizado. Há julgamentos muito rápidos das pessoas, abruptos sem provas. Acho que não é boa prática. O Brasil tem um mérito: uma imprensa livre. Se fizerem um julgamento abruptos ou deixarem de fazer, tá ótimo’, afirmou a petista.


A candidata não comentou a relação do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, com a imprensa.


Na entrevista, Dilma também falou sobre o câncer nos gânglios linfáticos, descoberto em 2009, e disse que os exames não apontaram recaída. Sua única queixa, afirmou ela, é ter engordado por causa da campanha. ‘Estou um pouquinho mais gorda.’


Questionada sobre uma qualidade de seu adversário José Serra (PSDB), Dilma relutou em apontar, mas disse que ‘ele tem sido, ao longo da vida pública, bem intencionado’. A petista não poupou provocações ao tucano e desqualificou a proposta dele de dobrar as famílias atendidas pelo Bolsa Família.


Ela acha a iniciativa é viável, mas Serra teria mostrado quando governou São Paulo que não é capaz de fazê-la.


Sobre o mensalão, Dilma disse que não é característica do PT e que o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) foi prejulgado. A candidata afirmou que ele ‘não está no cerne’ de um eventual governo.


Dilma também explicou a aliança com o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), insinuou que foi ele quem mudou de lado e disse que não pode ser considerado um ex-inimigo.


Dilma foi multada ontem em R$ 2.000 pelo ministro do TSE Joelson Dias por propaganda irregular -é a primeira multa desse tipo aos presidenciáveis- por causa de um painel maior do que o permitido (4 m2).


Também foram multados a coligação de Dilma e o seu vice, Michel Temer (PMDB).


Dilma já foi multada seis vezes por propaganda antecipada. Ela já deve R$ 33 mil.


 


 


Candidatos assinam hoje ida a debate Folha/UOL


Representantes das campanhas de Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) formalizam hoje, em reunião na sede do jornal, documento com as regras do debate Folha/UOL com os candidatos à Presidência, no dia 18 de agosto, em São Paulo, com transmissão ao vivo pela internet.


As negociações da Folha e do UOL com os três candidatos levaram mais de seis meses -nos quais foram propostas datas em abril, maio, junho e julho.


Até o momento, o evento já conta com a participação de outros 14 veículos, que transmitirão ao vivo o debate, entre eles JC Online (Recife), O Povo (Fortaleza), Blog do Josias e Blog do Noblat.


O debate será no teatro Tuca, em São Paulo, às 10h30 -horário em que a internet em geral registra a maior audiência-, com a presença confirmada dos três candidatos, que estarão frente a frente por duas horas.


Metade do debate será entre os próprios candidatos fazendo perguntas entre si. Um moderador controlará o tempo. Ficou definido que o primeiro bloco de perguntas será iniciado por Marina Silva.


Na segunda parte, os três responderão a perguntas de internautas, que já podem participar enviando suas perguntas, de até 20 segundos, pelos sites de eleições do UOL e da Folha.com.


Ao final, Dilma, Serra e Marina responderão a perguntas formuladas por jornalistas da Folha e do UOL.


Com o objetivo de democratizar o acesso ao encontro, todos os meios de comunicação interessados poderão compartilhar e transmitir o sinal de áudio e vídeo do debate. Portais de internet, emissoras de rádio, TVs e outros veículos terão amplo acesso para fazer a cobertura jornalística do evento.


Todos os grandes portais de internet foram convidados a participar do debate.


SEM NANICOS


A legislação impõe restrições à realização de debates em emissoras de rádio e de televisão. No caso da internet, a liberdade é plena.


Como meios de comunicação não podem formular perguntas diretamente ao plenário do Tribunal Superior Eleitoral, a Folha e o UOL fizeram um pedido de esclarecimento por meio de consulta apresentada pelo deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).


O TSE liberou a web para realizar debates, sem exigir um número mínimo de candidatos convidados.


 


 


TSE permite debate livre na internet


Como o TSE autorizou a livre realização de debates eleitorais na web, Folha e UOL definiram a faixa de 10% ou mais de intenção de votos na última pesquisa divulgada pelo Datafolha como critério para participação no debate presidencial. Assim, foram convidados Dilma Rousseff, Marina Silva e José Serra.


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Surpresa no mercado


‘Só três analistas, entre 51 pesquisados pela Bloomberg, previram o aumento de 0,5 ponto’, destacou a agência. A maioria apontou elevação maior nos juros. A Bloomberg foi até entrevistar os três.


A agência e outras despacharam reportagens em série para redesenhar o quadro. O ‘Wall Street Journal’ explicou longamente o significado da alta ‘comparativamente modesta’. O ‘Financial Times’ postou em dois blogs e publicou, do correspondente Jonathan Wheatley, que foi ‘menos que o esperado’ e se soma ‘ao crescente consenso de que a economia perdeu gás’. Anotou que ‘analistas que antes se preocupavam com a lentidão do Banco Central em elevar os juros se preocuparam recentemente, pelo contrário, se ele não havia elevado demais’.


O presidente do BC achou por bem falar no fim do dia, no blog Radar, que a decisão foi ‘técnica’ e que a previsão ‘foi ultrapassada pelos fatos’.


CONFIANÇA LATINA


O instituto Brookings, de Washington, influente no governo Obama, postou longa ‘pesquisa e análise’ com um novo ‘Índice de Recuperação Econômica da América Latina’.


Maurício Cárdenas, diretor para a região, saudou a ‘resistência memorável’, resultado da ‘força dos fundamentos macroeconômicos’, mas também de ‘alguma sorte’ dos exportadores de commodities, beneficiados pela China.


O Brasil tem ‘a recuperação mais forte’ e, aliás, seu ‘índice de confiança mostra um comportamento de superstar’. A confiança das empresas e dos consumidores não foi atingida pela crise de 2008-2009.


Quente O âncora Jim Cramer, do programa ‘Mad Money’, da CNBC, identificou ‘ventos de cauda’ a estimular o mercado. O primeiro é que ‘a China está de volta’. O segundo, ‘o Brasil está quente’ -e ‘muitas empresas vêm mencionando a demanda no Brasil com o mesmo fôlego da China’.


China ajudou Em reportagem sobre relatório da Cepal, da ONU, que apontou a recuperação da América Latina, o chinês ‘Global Times’, o mais nacionalista dos jornais estatais em inglês, publicou que ‘as relações comerciais com a China ajudaram’ a região a sair da crise ‘rapidamente’.


FUKUYAMA & BOLSA FAMÍLIA


O espanhol ‘El País’ publicou ontem longo especial sobre desigualdade na América Latina, com artigos de acadêmicos, políticos e artistas. Entre eles, o filósofo americano Francis Fukuyama, que foi celebrizado por proclamar ‘o fim da história’ após a queda do muro de Berlim.


Ele escreve que, ‘efetivamente, as políticas sociais inovadoras, como os programas de transferência, tais como Bolsa Família no Brasil, foram parcialmente responsáveis pela diminuição da desigualdade que se viu nos últimos dez anos’. Defendeu que ‘os governos precisam promover programas sociais sustentáveis para os marginalizados, mas que também criem condições para fomentar o crescimento econômico e o espírito empresarial’.


MAIS FAVELA Em resenha sobre ‘Favela’, da americana Janice Perlman, a ‘Economist’ destaca o que aconteceu com 750 pessoas que ela pesquisou originalmente nos anos 70. ‘Mais da metade’ saiu do morro, com ‘educação, trabalho duro e sorte’. Porém ‘muitos do grupo estudado, seus filhos e netos, foram pegos no fogo cruzado’ do tráfico


HILLARY NO COMANDO


O Senado americano cortou o projeto que previa ‘limites à emissão de gases de efeito estufa’, postou o ‘Wall Street Journal’ na manchete, num ‘grande golpe para uma das prioridades de Obama’.


Por outro lado, notando que Hillary Clinton vem ganhando destaque na cobertura, o Drudge Report destacou, sobre a criação de uma divisão armada no Departamento de Estado, ‘Hillary no comando’.


Dias antes, o ‘New York Times’ havia postado um ataque aos assessores de política externa da Casa Branca, cobrando que Obama libere pontos de conflito, como Israel e o Irã, para Hillary gerenciar.


 


 


CUBA


Blogueira Yoani Sánchez é impedida de viajar ao Brasil


Yoani Sánchez afirmou ontem, no Twitter, não ter recebido permissão do governo cubano para vir ao Brasil. Ela deveria ir à Bahia para assistir ao documentário ‘Conexão Cuba Honduras’, que estreará hoje.


Do ativista brasileiro Dado Galvão, o documentário conta histórias de blogueiros cubanos e hondurenhos perseguidos pela censura.


Ela disse que, mesmo com carta-convite de autoridades brasileiras e de estar com o passaporte em dia, o governo cubano não deu a permissão.


Em março, a blogueira escreveu uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo que ele intercedesse junto ao regime cubano, mas não obteve resposta.


 


 


INTERNET


Homem de 65 anos é condenado por pornografia infantil


A 10ª Vara Federal Criminal de São Paulo condenou o consultor de empresas M.R.G., de 65 anos, a cinco anos de prisão, mais 161 dias de multa, por fornecer, divulgar e publicar, por 90 vezes, imagens de pornografia infantil na internet.


O caso foi descoberto na Operação Carrossel 2, da Polícia Federal, realizada em setembro de 2008, em colaboração com a Interpol.


Na sentença, a Justiça rechaçou a argumentação da defesa, que alegava que quem usava o computador era um sobrinho do réu e que, portanto, o consultor não distribuiria pornografia infantil a partir de sua conexão. A operação da PF resultou em denúncias em São Paulo, Sorocaba e Jales.


 


 


TELEVISÃO


Audrey Furlaneto


Horário eleitoral tira R$ 8 mi por dia de publicidade da Globo


Principal foco de publicidade da televisão brasileira, a Globo poderia arrecadar mais de R$ 8 milhões por dia nos horários que serão ocupados pela propaganda eleitoral gratuita, no ar a partir de 17 de agosto.


A estimativa segue tabelas de mercado que a emissora adota hoje e tem como parâmetro programas desta semana, que são exibidos nos períodos futuramente preenchidos pela propaganda gratuita (das 13h às 13h50 e das 20h30 às 21h20).


É no chamado horário nobre, quando leva ao ar o ‘Jornal Nacional’ e ‘Passione’, que a arrecadação seria mais substancial: apenas com intervalos comerciais do ‘JN’, a Globo pode vender cerca de R$ 3 milhões -um anúncio de 30 segundos no break do jornal custa hoje R$ 402.900.


Com a novela das 20h, em apenas um bloco de publicidade (de 279 segundos), a Globo pode conseguir vender R$ 3,6 milhões em anúncios publicitários.


A perda é compensada pela legislação eleitoral que autoriza as emissoras de rádio e TV a deduzir do Imposto de Renda 80% do que receberiam caso o período destinado ao horário gratuito fosse vendido para propaganda.


Já a Central Globo de Comunicação afirma que ‘existem estratégias, que são internas, para acomodar a grade nessa época’.


Copa interna 1 Se teve audiência 273% maior que a da ESPN, principal concorrente na exibição da Copa pela TV paga, o SporTV perde em crescimento: a audiência média da ESPN cresceu 86%; já a do SporTV, 62%.


Copa interna 2 ‘Não tivemos mais audiência, mas crescemos mais’, diz o diretor de jornalismo da ESPN, José Trajano. Para o SporTV, trata-se de uma ‘pegadinha matemática’: ‘o crescimento da concorrência é superior pelo fato de terem audiência mais baixa’.


Paz infantil O primeiro lugar no ranking da TV paga brasileira, no entanto, é do infantil Discovery Kids. Líder desde 2009, o canal reforçou a marca no primeiro semestre deste ano, mesmo com a Copa nos concorrentes.


Bentão Ator e VJ da MTV, Bento Ribeiro tirou a camisa na bancada do jornal ‘Furo MTV’, programa que mescla humor e notícias. Ele homenageou Faustão, que à coluna disse que um dia vai apresentar o ‘Domingão’, na Globo, sem camisa.


Para seguidores Anunciada na sinopse de ‘Passione’, que está na casa dos 60 capítulos, a vinda da família italiana da novela ao Brasil está prestes a acontecer. Segundo Silvio de Abreu, o clã de Tony Ramos deve mudar de país no capítulo 70.


Na tela O ‘Brasil Urgente’, que vai ao ar das 17h30 às 19h20 na Band, cresceu 49% de maio a julho, mês de caso Bruno e outros assuntos frequentes no jornal policialesco comandado por Datena.


 


 


Vitor Moreno


Marco Luque testa formato e disputa audiência do domingo


No primeiro voo solo como apresentador, Marco Luque vai enfrentar uma concorrência de peso. O novo programa dele, ‘O Formigueiro’, vai estrear na Band no disputado início de noite dos domingos.


Mesmo assim, Luque diz não estar preocupado em brigar pela audiência com ‘monstros’ como Faustão (Globo), Gugu (Record) e Silvio Santos (SBT). ‘Meu foco não é competir’, avisa. ‘Só de ser uma opção diferente do que está na TV aos domingos há dez, 20 anos, já vai ser um diferencial’, aposta. ‘Acho que as pessoas vão ficar curiosas.’


No programa, Luque entrevista, enfrenta desafios, faz experiências científicas, aprende mágicas e interage com duas formigas -Tana e Jura. São elas que fazem as perguntas mais ‘descontraídas’ aos convidados.


O formato, sucesso na Espanha há cerca de quatro anos, pertence à Cuatro Cabezas, produtora do ‘CQC’, do qual Luque já faz parte. Segundo ele, a versão brasileira não terá muitas adaptações. ‘É difícil criar algo novo. A novidade está na forma de conduzir o programa’, explica.


NA TV


O Formigueiro


QUANDO dom., às 19h, na Band


CLASSIFICAÇÃO não informada


 


 


EUA


Receita do grupo que publica o ‘New York Times’ sobe 1% no 2º tri


Balanço do grupo que publica o ‘New York Times’, divulgado ontem, mostra que a empresa elevou em 1,2% o faturamento no segundo trimestre de 2010, em relação ao mesmo período do ano anterior.


O resultado foi impulsionado por ganhos na publicidade on-line. Com isso, os negócios relacionados à internet do grupo passaram a representar 26% da receita total do conglomerado de mídia americano.


Desde 2007, a companhia não observava ganhos nas receitas trimestrais.


Já o lucro líquido teve queda de 21%, para US$ 32 milhões, no período. Mas, no ano passado, a companhia teve receitas fiscais extraordinárias, o que desvirtua a comparação.


Além do ‘NYT’, a companhia edita outros jornais, como ‘The Boston Globe’ e ‘International Herald Tribune’.


 


 


PUBLICIDADE


Mariana Barbosa


AmBev faz campanha para mostrar lado ‘menos agressivo’


Terceiro maior anunciante do país, a AmBev estreia amanhã sua primeira campanha cujo foco não é cerveja, mas a própria empresa.


Criada há dez anos com a fusão de Brahma e Antarctica, a AmBev é conhecida por sua agressividade.


Com uma cultura corporativa focada em meritocracia e resultados, o trio Marcel Telles, Jorge Paulo Lemann e Carlos Alberto Sucupira transformou a cervejaria brasileira na maior do mundo (após fusão com a belga Interbrew e, depois, com a Anheuser-Busch, dos EUA).


Agora a empresa quer também ser conhecida pelas histórias de seus funcionários.


Até o fim do ano, leitores de 20 dos principais jornais e revistas e de sete portais de internet do país serão apresentados a 30 profissionais da empresa, de diferentes áreas e níveis hierárquicos.


Cada peça da campanha trará a foto de funcionários, clicada por Bob Wolfenson e sem retoques em photoshop, e um curto depoimento. Não estão previstos, ao menos no primeiro momento, filmes.


MENOS AGRESSIVIDADE


‘O público que queremos atingir, formadores de opinião, investidores, são leitores de mídia impressa’, diz Sandro Bassili, diretor de relações socioambientais.


Na visão do diretor, que cuidou da seleção das histórias, a imagem de agressividade da AmBev no mercado é verídica do ponto de vista de atitude comercial. ‘Temos metas a cumprir, e essas metas nos tornam mais competitivos externamente’, diz.


Bassili explica ainda que, para ser líder na AmBev, é preciso atingir metas -mas ‘quem bate meta passando por cima do time e de forma errada está fora’.


Práticas erradas contribuíram para uma imagem negativa. No ano passado, a empresa foi condenada pelo Cade por práticas anticoncorrenciais, como exigir exclusividade em pontos de venda, o que lhe rendeu a maior multa da história do conselho (R$ 352,6 milhões).


A campanha ‘AmBev. Feita por gente e sonhos’, criada pela Loducca.MPM, traz histórias como a do vice-presidente global de vendas, Thomás Oliveira. Quando era responsável por apenas uma região do Brasil, inventou um método para incrementar vendas que, depois, foi adotado globalmente.


A campanha também vai apresentar o novo logotipo -mais suave e grafado em minúsculas-, criado pela agência inglesa Wolff Olins.


Passar imagem ‘menos agressiva’ é uma das preocupações de fabricantes de bens de consumo como bebidas e cigarros, cujas responsabilidades sociais têm sido cada vez mais cobradas.


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 23 de julho de 2010


 


AMEAÇA


Evandro Fadel


Polícia investiga atentado contra TV em Curitiba


A Delegacia de Explosivos, Armas e Munições de Curitiba (Deam) analisa gravações de câmeras de segurança para tentar identificar os responsáveis por um atentado à sede da emissora de televisão da Rede Paranaense de Comunicação (RPC), afiliada à Rede Globo, no Bairro Mercês, em Curitiba, no fim da tarde de terça-feira.


Uma pessoa que estava em um Renault Twingo preto tentou jogar uma bomba caseira no pátio da emissora, mas o artefato bateu em um muro e incendiou-se. Ninguém ficou ferido.


A Associação Nacional de Jornais (ANJ) divulgou nota em que manifesta preocupação diante do atentado. ‘A ANJ deplora a violência cometida contra a Rede Paranaense de Comunicação, a quem se solidariza, e espera que as autoridades policiais identifiquem seus autores e suas motivações, para que a Justiça os puna nos termos da lei.’ A RPC edita o jornal Gazeta do Povo, de Curitiba.


De acordo com o levantamento das polícias Militar e Civil, um homem encapuzado parou o carro em frente a uma das guaritas da emissora de TV, colocou fogo no pavio e arremessou a bomba, que consistia em pólvora colocada dentro de um tubo de PVC. ‘As imagens são analisadas quadro a quadro’, disse o superintendente da Deam, Rogério Luís Matuella. Como o modelo de carro usado não é muito comum em Curitiba, o trabalho pode ser facilitado. Um isqueiro encontrado no local também está sendo periciado.


Segundo Matuella, aparentemente a bomba foi feita por quem não conhece o mecanismo, o que provocou a abertura do invólucro. De qualquer modo, ele acredita que uma possível explosão não causaria muitos estragos. ‘A pólvora usada é uma que só faz fumaça’, disse. Além disso, ela não estava compactada e apresentava fragilidade nas extremidades. ‘Aparentemente, é coisa de moleque’, ponderou. A pedido da própria polícia, a empresa manteve discrição sobre a ocorrência.


Na mesma noite, a presença de um pacote preto na calçada que dá acesso à Redação do jornal Gazeta do Povo, no centro da cidade, fez com que a polícia fosse chamada para verificar se não se tratava de outro atentado. Todos os funcionários saíram do prédio para que os policiais fizessem uma vistoria no local e averiguassem o conteúdo do pacote. Segundo a polícia, tratava-se apenas de lixo.


 


 


ELEIÇÕES 2010


Mariângela Gallucci


Dilma ganha direito de resposta em site tucano


O ministro Henrique Neves, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), condenou o PSDB a veicular por dez dias uma resposta do PT às declarações de Índio da Costa, candidato a vice na chapa de José Serra (PSDB), vinculando o partido ao tráfico de drogas.


‘Todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior. Não tenho dúvida nenhuma disso’, disse Índio em entrevista no site Mobiliza PSDB, na sexta-feira.


‘O tom ofensivo é evidente’, afirmou Neves, lembrando que, em 2002, o PSDB já havia ligado o PT ao tráfico. ‘Passados quase oito anos, o mesmo partido que patrocinou aquela inserção considerada como ofensiva pelo tribunal – não pelas referências às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, mas pela associação à pessoa condenada por tráfico de drogas – retorna ao mesmo expediente’, disse. ‘A afirmação de ser o PT ligado ao narcotráfico e ‘ao que há de pior’ é, por si, suficiente para a caracterização da ofensa e o deferimento do direito de resposta.’


A resposta do PT terá de ser divulgada na página de abertura do site Mobiliza PSDB por dez dias ininterruptos, segundo o ministro, que citou três fatores: 1) na eleição de 2002, o TSE já tinha considerado ofensivo um comportamento semelhante do partido; 2) as declarações tiveram grande repercussão diante da divulgação por vários meios de comunicação social; 3) as acusações foram graves.


Apesar de ter atendido ao pedido do PT, Neves não concordou que houvesse referência à presidenciável petista no texto que o partido pretendia divulgar para se defender. ‘Nossa candidata, Dilma Rousseff, é recebida com entusiasmo pelas multidões, numa campanha pautada pelo comportamento republicano’, dizia um dos trechos. O ministro deu prazo de 24 horas para ajuste do texto.


O líder do PSDB e porta-voz da campanha de José Serra à Presidência, deputado João Almeida (BA), afirmou que o partido vai recorrer da decisão de Neves. O tucano disse que a decisão é ‘no mínimo abusiva’. Para ele, o período de exibição da resposta deveria ser igual ao tempo de veiculação das declarações do candidato a vice.


‘Bobagem’. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu ontem, em Salvador, às acusações, feitas pela oposição, de que o PT tem relação com as Farc. ‘É uma irresponsabilidade tratar o PT como tendo qualquer ligação com as Farc, é não conhecer nada da história política do Brasil’, afirmou. ‘Se as pessoas pensassem antes de falar as bobagens que falam, não falavam tanto.’


Lula fez a declaração logo após receber, do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), a Grã-Cruz da Ordem 2 de Julho. / COLABORARAM TIAGO DÉCIMO e ANDREA JUBÉ VIANNA


 


 


Anne Warth, Clarice Thomé e Tiago Décimo


Candidata avisa: só vai a quatro debates na TV


A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, anunciou ontem que participará de apenas quatro debates eleitorais na TV aberta – na Band, Record, RedeTV! e Globo. Cobrada por adversários, por recusar outros convites, alegou problemas de agenda. Ela decidiu também não comparecer ao debate digital da próxima segunda-feira, 26, organizado por quatro sites da internet – Terra, iG, MSN e Yahoo.


Esta sua decisão levou o rival José Serra (PSDB) a anunciar, no início da noite de ontem, que também não irá ao debate digital – e, sem os dois, os sites desistiram. Nota da TV1, que coordenava o evento, informa que ‘Dilma recusou oficialmente o convite na terça-feira e hoje (ontem), no início da noite, o candidato Serra informou que não participaria mais por problema de agenda’.


Dilma defendeu-se alegando que ‘queria uma coisa mais racional, juntar todo mundo, mas eles não chegaram a um acordo’. Ela confirmou, no entanto, que vai participar de sabatina no UOL.


Horas antes, a orientação de Dilma foi desafiada pelo coordenador de mídia de sua campanha, Marcelo Branco, que disparou mensagens no Twitter defendendo sua presença no debate do dia 26. Informada, a candidata ordenou que Branco tirasse essa sua campanha do ar.


Dilma não é a única a reduzir sua participação em debates eventos. Os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e da Bahia, Jaques Wagner (PT), que lideram as pesquisas em seus Estados, anunciaram decisões semelhantes.


‘A população nos conhece. Há uma avaliação nesta eleição se este governo merece continuar ou não’, justificou Cabral. Ele disse estar à disposição para entrevistas, ‘mas em questão de debates (com adversários), em princípio não’. Há três eventos previstos por TVs do Rio. O primeiro na Band, a 12 de agosto. Os outros dois serão em setembro – dia 16 na RedeTV! e dia 28 na Globo.


A posição de Cabral foi logo criticada por seu rival direto, o candidato do PV, Fernando Gabeira. ‘Isso só vai empobrecer o debate’, afirmou o deputado, segundo colocado na disputa.


Em Salvador, o governador Wagner, que lidera as pesquisas, avisou que não irá ao encontro de 11 de agosto, entre candidatos a governador. Seu rival Geddel Vieira Lima (PMDB), terceiro nas pesquisas, o acusou de ‘posicionar-se como um coronel’.


 


 


Roldão Arruda


Lógica do marketing irrita entidades da sociedade civil


Organizações da sociedade civil preocupadas com a melhoria do sistema político e eleitoral do País consideram abominável a decisão de alguns candidatos de não participar de debates em época de campanha. Para eles, essa atitude, determinada quase invariavelmente pela lógica do marketing, contraria o espírito democrático da eleição.


‘Esse é um momento fecundo para a troca de ideias e a exposição de opiniões e propostas’, diz Gilberto Palma, diretor do Instituto Ágora, organização voltada para a educação política e o acompanhamento de parlamentares em assembleias legislativas e câmaras municipais. ‘Ir para o debate é o mínimo que se espera de um candidato. Quando alguém se recusa, deixa de cumprir um serviço importantíssimo, que é ajudar o eleitor a votar de maneira responsável.’


Para a vice-diretora do Movimento Voto Consciente, Rosângela Giembinsky, a recusa cada vez mais frequentes aos convites para debates confirmam o crescente predomínio dos marqueteiros nas campanhas. ‘É uma atitude abominável’, diz.


Ainda segundo Rosângela, o debate é real e direto e expõe o candidato de maneira ampla, com sua história de vida e seu pensamento. ‘Ele corre riscos, sem dúvidas, mas é o debate que permite ao cidadão avaliar melhor cada um dos pretendentes ao cargo.’


Os marqueteiros, porém, preferem outra arena: ‘Querem os candidatos sempre bem maquiados, nos estúdios, com todos os recursos televisivos disponíveis, como se estivessem numa telenovela e sem correr riscos. Se continuar assim, logo vamos ter uma lei obrigando os candidatos a participar de debates.’


Outros casos. A estratégia da recusa é usada sempre por quem está na dianteira nas pesquisas de intenção de voto, independentemente do partido. A atitude adotada agora pela petista Dilma Rousseff segue a linha da que foi usada por Fernando Henrique Cardoso em 1998.


Os sites de apoio à petista não cansam de lembrar o episódio. Bem situado nas pesquisas, o tucano não foi a nenhum debate. Ignorou as provocações de seus oponentes, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PPS). Aparentemente funcionou, porque venceu no primeiro turno.


Em 1990, no segundo turno para as eleições estaduais em São Paulo, o candidato Luiz Antonio Fleury (PMDB) recorreu à mesma tática. Apontado como favorito, fugiu do oponente Paulo Maluf, que era filiado ao PDS, e acabou vencendo.


Para o consultor político Ney Figueiredo, que fazia parte do staff de Maluf naquela eleição, é inevitável o choque entre a atitude pragmática do marqueteiro, preocupado em esconder e proteger o candidato que vai bem nas pesquisas, e o desejo dos cidadãos de conseguir o máximo de transparência nas eleições.


‘O maior compromisso do marqueteiro não é com a ideologia, mas com a vitória’, diz ele. ‘Para isso recorre a todas as ferramentas disponíveis.’


Mudança. Figueiredo também comenta que não são raros os casos em que a estratégia da recusa é abandonada no meio da campanha. Isso ocorre quando se percebe que, em vez de ajudar, ela prejudica o candidato.


‘Os marqueteiros descobrem isso por meio de pesquisas, que hoje consomem grande parte dos recursos das campanhas. Ao menor sinal de que o candidato está sendo prejudicado, eles mudam. Não são burros. Não querem que o remédio mate o paciente’, diz Figueiredo.


Ainda usando o exemplo da eleição paulista de 1990, no primeiro turno era Maluf, líder nas pesquisas, quem fugia olimpicamente dos debates, enquanto Fleury, o lanterna, queria debater tudo a qualquer custo.


 


 


TRIBUNAL


Ricardo Rodrigues


Lessa consegue na Justiça recolher jornal


Os advogados do candidato Ronaldo Lessa, que disputa o governo do Estado pelo PDT, conseguiram na Justiça Eleitoral impedir a circulação da edição desta semana do jornal Extra.


Os exemplares foram recolhidos das bancas por determinação judicial. O ex-governador alegou que o semanário teria publicado uma pesquisa de intenção de votos para o governo do Estado sem citar o instituto responsável pelo levantamento e o número de registro da pesquisa na Justiça Eleitoral.


Na representação, o candidato do PDT alegou que o jornal teria cometido crime eleitoral e ainda pediu que o semanário pagasse a ele R$ 105 mil de multa indenizatória.


Sem citar valores, o diretor do Extra, Fernando Araújo, disse que o jornal teve prejuízo financeiro esta semana após ter seus exemplares recolhidos das bancas de revistas de Maceió.


Outra vitória. Os advogados de Lessa conseguiram também ganhar uma ação na Justiça Eleitoral contra a chapa do governador Teotônio Vilela (PSDB). Segundo a decisão, Vilela terá de retirar o banner que cerca a sede do seu comitê no bairro da Jatiúca.


Na ação, a coligação de Lessa alega que o banner – com foto, nome e slogan do candidato tucano – está maior do que padrão exigido pela legislação eleitoral. Os advogados de Vilela disseram que iriam recorrer da decisão.


Outra ação bem sucedida da coligação de Lessa foi conseguir impedir que o Extra veiculasse notícias sobre a pesquisa em sua página virtual. Um pedido para tirar do ar o Blog do Bob, do site Cadaminuto, no entanto, foi indeferido pelo TRE-AL.


 


 


REGULAÇÃO


Karla Mendes e Rosana de Cássia


Governo quer mudar regras de telecomunicações e radiodifusão


O governo deu ontem o primeiro passo para o novo marco regulatório das telecomunicações e da radiodifusão. Foi publicado no Diário Oficial da União decreto que cria uma comissão interministerial para elaborar estudos e apresentar propostas de revisão do marco regulatório, organização e exploração dos serviços de telecomunicações e de radiodifusão.


A comissão será integrada por titular ou representante dos ministérios das Comunicações e da Fazenda, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência e da Advocacia-Geral da União. A Casa Civil da Presidência é quem vai coordenar os trabalhos e convidar representantes de entidades privadas para comparecer às reuniões do grupo. Pelo decreto, não há prazo de trabalho da comissão. As atividades da comissão interministerial serão concluídas com a apresentação ao presidente da República do relatório final.


Segundo o ministro das Comunicações, José Artur Filardi, ainda não foi marcada a data para entrega do relatório final ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele garantiu, no entanto, que isso ocorrerá até o fim do ano. O ministro explicou que o relatório terá como base as propostas apresentadas pela sociedade na 1.ª Conferência Nacional de Comunicações (Confecom), realizada no ano passado. Muitas delas, observou Filardi, podem resultar em mudanças na Lei Geral de Telecomunicações (LGT).


‘O grupo tem de entregar ao presidente uma minuta de projeto de lei para ser enviado ao Congresso Nacional, para que o próximo governo, seja quem for, implemente as propostas’, disse uma fonte do governo. A Confecom produziu 633 propostas, que podem ser resumidas em cinco temas, segundo essa fonte.


Um deles é o marco legal da radiodifusão e das telecomunicações. O segundo é a regulamentação do artigo 221 da Constituição Federal, que estabelece princípios para a produção e a programação de rádio e TV. O terceiro diz respeito à comunicação pública, o quarto aos direitos autorais e o quinto à criação de um marco regulatório da internet.


Polêmica


A Confecom ressuscitou a proposta de criação do Conselho Nacional de Jornalismo (CNJ), rechaçada anteriormente por ser vista como uma forma de controle dos meios de comunicação.


 


 


NEGÓCIOS


Naiana Oscar


Pearson, dona do ‘FT’, compra parte da SEB e triplica de tamanho no Brasil


A Pearson, empresa do segmento editorial e de informação digital que controla o jornal Financial Times, comprou parte do Sistema Educacional Brasileiro (SEB) – grupo com origem em Ribeirão Preto (SP) que controla escolas e oferece sistemas de ensino. O negócio chega a quase R$ 900 milhões. Com isso, a Pearson triplica sua operação no Brasil e passa a ter o País como seu maior mercado na América Latina, à frente do México.


O acordo entre as duas empresas prevê que o grupo britânico passe a ter o controle do sistema de ensino das quatro marcas que pertenciam ao SEB: COC, Pueri Domus, Dom Bosco e Name (esse último voltado apenas para escolas públicas). Na prática, o sistema de ensino compreende a elaboração de material didático e serviços de assessoria para as escolas contratantes. É um modelo exclusivamente brasileiro e que vem atraindo o interesse de grandes editoras.


‘O mercado editorial escolar brasileiro movimenta mais de US$ 2 bilhões por ano. É um mercado muito positivo e dinâmico, por isso o interesse em fazer parte dele’, disse Juan Romero, presidente da Pearson para a América Latina. A meta, disse, é aumentar o número de alunos no sistema de ensino dos atuais 400 mil para 1 milhão em cinco anos. ‘E pretendemos mais tarde exportar o modelo brasileiro para outros países’, disse Guy Gerlach, presidente da Pearson no Brasil.


A compra inclui também a gráfica do SEB e as operações de logística e distribuição, além do site Klick Net. Até então, a atuação da Pearson no Brasil se restringia à venda de livros universitários e material para ensino de inglês. Presente em 54 países, a empresa britânica teve um faturamento global de £ 5,6 bilhões em 2009. O desempenho do País nos negócios não foi divulgado.


O fundador e CEO da companhia brasileira, Chaim Zaher, continua com o controle das escolas, cursos pré-vestibulares e faculdades adquiridas nos últimos anos pelo SEB e com as operações do ensino à distância. Reunido com seus diretores ontem, logo após ter concluído o negócio, Zaher estava exultante: ‘Tudo foi discutido e fechado em poucos dias’, disse ele ao Estado. ‘Vendemos o sistema de ensino, as editoras, e permanecemos com 100% da nossa vocação original, as escolas.’


As primeiras negociações entre Pearson e SEB começaram em 2007, quando a empresa brasileira abriu capital. Desde então, os donos do Financial Times fizeram uma série de investidas frustradas: nenhuma das partes aceitava ser minoritária. O aquecimento do segmento de sistemas de ensino acelerou o processo. Há duas semanas, o Grupo Abril anunciou a compra do Anglo, passando a ser o segundo maior nesse mercado, atrás do Positivo. A própria Pearson estava nessa briga, mas perdeu para a proposta da família Civita.


Para Ryon Braga, da consultoria Hoper, especializada em mercado educacional, a corrida de grandes editoras para entrar no segmento de sistema de ensino está ligada, em grande parte, à possibilidade de elas abocanharem nos próximos anos um mercado gigantesco no ensino básico do setor público. Atualmente, estima-se que cerca de 4% das prefeituras deixaram de usar o livro didático para adotar algum sistema de ensino. ‘Esse mercado verá uma concorrência brutal daqui para frente’, disse Zaher.


Ações. O processo de aquisição da SEB pela Pearson deve levar em torno de 60 dias para ser concluído. A operação é complexa e exige a cisão dos negócios da empresa brasileira. A Pearson ofereceu R$ 22 por ação da SEB S/A, de capital aberto. Pagou R$ 613 milhões pela participação de 71% da família controladora e pagará outros R$ 275 milhões para os sócios minoritários, que detêm 29% das ações. A Oferta Pública de Aquisição será realizada nos próximos dois meses. Com isso, o capital da SEB será fechado.


A parte dos negócios que permanece sob o controle de Chaim Zaher integra a empresa SEB PAR, de capital fechado. Como ela é resultante de uma companhia de capital aberto, deve oferecer aos acionistas a possibilidade de manter as ações em circulação. Os minoritários terão a chance de permanecer como acionistas ou vender os papéis por R$ 9. Isso só será possível se mais de 95% dos acionistas quiserem continuar com o investimento. Caso contrário, a empresa também fechará o capital.


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Record abandona Troca de Família


Escalado para reforçar em ibope o Tudo É Possível, de Ana Hickmann, Troca de Família acabou abandonado pela Record. A atração, que virou quadro no dominical, está fora do ar há mais de um mês, com edições de estoque gravadas e sem previsão de exibição. Troca de Família, que como programa chegava a registrar 14 pontos, viu seu ibope cair para a casa dos 6 pontos encaixotado em outra atração. Uma prova do abandono é o desmanche da produção. Parte da equipe foi dispensada e outra parte, realocada em Ídolos. Via assessoria de imprensa, a Record, informa que o desmanche da produção é normal e que, apesar de ter oito edições gravadas, não há previsão de exibição.


45 metros quadrados tem o ônibus do reality Busão do Brasil, que estreia dia 30 na Band, com 12 participantes confinados dentro dele


‘Não, o Selton Mello não tem Twitter. E pelo que o conheço nunca terá.’ Bruno Mazzeo, em resposta a pedidos no Twitter sobre o endereço do microblog do amigo


Paulo Zulu, integrante da atual edição do Dança dos Famosos, do Faustão, está no elenco em Corações Feridos, próxima novela do SBT.


No folhetim de Iris Abravanel, Zulu vai morrer rapidinho, ou melhor, suicidar-se a bordo de um jipe. Mesmo assim, seguirá aparecendo na trama em flashbacks.


A novela também apostará em uma cara nova como protagonista: a modelo e atriz Patrícia Barros.


Mais uma série estrelada vem por aí na HBO: Luck. A produção de Michael Mann foi aprovada pelo canal e terá como protagonista Dustin Hoffman. A série começa a ser gravada em novembro.


Dividindo espaço com o futebol na RedeTV!, Brothers, dos irmãos Suplicy, não vai sair do ar de vez. A emissora garante que o programa apenas se revezará aos sábados com os jogos.


A Globo promete ainda para este semestre, no Fantástico, a exibição da premiada série Vida, do Discovery.


Nem sinal da produção do longa-metragem de A Lei e o Crime, de Marcílio Moraes, na Record. Para este ano, o assunto está praticamente enterrado na emissora.


Márcia Goldschmidt sairá em breve da grade diária na Band para ganhar um programa aos sábados, A novidade promete resgatar o programa Márcia de antigamente.


O Discovery Kids anuncia que fechou o primeiro semestre de 2010 com a liderança em ibope na TV por assinatura no período.


Uma nova Sônia Braga. Essa será a pegada de Suzana Pires – pelo menos a tentativa – em Araguaia, próxima novela das 6 da Globo. A atriz viverá uma morena brejeira, viúva, dona de um bar e que cuida do filho sozinha.


 


 


 


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O Globo


Sexta-feira, 23 de julho de 2010


 


AMEAÇA


Ana Paula de Carvalho


ANJ, em nota, repudia ataque a emissora de TV


A Associação Nacional de Jornais (ANJ) divulgou ontem nota em repúdio ao atentado sofrido pela RPC TV, afiliada da Rede Globo no Paraná e que pertence à Rede Paranaense de Comunicação. Um homem encapuzado atirou, na noite da última terça-feira, uma bomba de fabricação caseira contra os muros da sede da RPC TV, responsável também pela edição do jornal ‘Gazeta do Povo’.


Em nota, assinada pelo vicepresidente da Associação Nacional de Jornais, Júlio César Mesquita, a entidade reivindica apuração do fato: ‘A ANJ deplora a violência cometida contra a Rede Paranaense de Comunicação, a quem se solidariza, e espera que as autoridades policiais identifiquem seus autores e suas motivações para que a Justiça os puna nos termos da lei’, diz a nota da ANJ.


O fato ocorreu na noite da última terça-feira, quando uma bomba artesanal foi atirada por um homem encapuzado contra os muros da sede da RPC TV, em Curitiba. Ele estava num Renault Twingo preto. O suspeito usou um isqueiro para acender a bomba numa das pontas, antes de atirá-la. O artefato bateu no muro, partiu-se, e o conteúdo se espalhou e pegou fogo. Ninguém ficou ferido. O Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar, que tem um esquadrão antibombas, foi acionado para checar o artefato, que está sendo periciado.


O caso gerou transtornos na sede da ‘Gazeta do Povo’, que faz parte do grupo. Após a ocorrência na emissora de TV, um segurança da empresa suspeitou de um saco que fora jogado em frente à entrada da ‘Gazeta do Povo’. Por precaução, o COE foi novamente acionado, mas se tratava apenas de lixo.


A Secretaria de Segurança Pública do Paraná informou que foi aberto um inquérito para investigar o caso e estão sendo ouvidos funcionários da TV. Também estão sendo analisadas as imagens das câmeras de vigilância da empresa para tentar identificar o responsável por ter atirado a bomba.


De acordo com a gerente corporativa de Comunicação Institucional da RPC, Carmem Murara, a empresa está acompanhando a investigação, mas não fará comentários sobre o caso.


No entanto, há suspeita de que a motivação possa ter origem política — seria uma retaliação a uma reportagem recente feita pela emissora. O grupo RPC denunciou recentemente casos de corrupção na Assembleia Legislativa do Paraná com a contratação de funcionários-fantasmas.


A série de reportagens, que ficou conhecida como ‘Diários Secretos’, da ‘Gazeta do Povo’ e RPC TV, causou protesto da população e adesão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que chegou a exigir a renúncia do presidente da Casa, deputado estadual Nelson Justus (DEM).


 


 


ELEIÇÕES 2010


Leila Suwwan


CNBB tira de site texto de bispo contra Dilma


Após a repercussão negativa, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) decidiu tirar de seu site o artigo de dom Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo de Guarulhos, que prega um boicote eleitoral à candidata Dilma Rousseff (PT). O autor, porém, reiterou sua posição em entrevista ao GLOBO ontem e classificou a petista como uma ‘abortista’, que tenta ‘mascarar’ seus pensamentos sobre a descriminalização do aborto no país para evitar prejuízos nas urnas.


Questionada sobre a posição do bispo, a presidenciável Dilma Rousseff defendeu que a interrupção da gestação seja tratada como questão de ‘saúde pública’, sem interferência religiosa. Ela reiterou que o aborto clandestino é causa de morte materna e ressaltou o problema da desigualdade, que leva mulheres pobres a práticas insalubres, enquanto mulheres ricas têm acesso a clínicas.


— Defendemos que se trate essa questão não como uma questão religiosa, mas como uma questão de saúde pública e de obediência legal — disse Dilma, em entrevista àrádio Marano, de Garanhuns (PE). — O aborto é uma violência contra o corpo da mulher. Nós reconhecemos uma outra coisa: é uma questão de saúde pública.


O programa de governo do PT — não endossado por Dilma ou sua coligação — defende a aprovação de uma lei de descriminalização. Hoje, o aborto ilegal pode ser punido com até três anos de detenção, exceto em casos de risco de morte da gestante ou de gravidez decorrente de estupro. Especialistas estimam que cerca de um milhão de gestações é interrompido de forma clandestina por ano no Brasil.


A CNBB explicou que retirou o artigo porque ele cita nominalmente um candidato e um partido, o que fere a posição de neutralidade da entidade. ‘Recomendamos a todos verdadeiros cristãos e verdadeiros católicos que não deem seu voto à senhora Dilma Rousseff e demais candidatos que aprovam tais ‘liberações’, independentemente do partido a que pertençam’, diz o texto, revelado ontem pelo GLOBO.


— Não tenho nada contra ela pessoalmente, mas sou contra o pensamento dela. Ela é abortista. Como cristão e como católico, tenho que dizer que não devemos votar em pessoas assim. Tenho direito de me manifestar como cidadão.


Como bispo, tenho obrigação de orientar a população — disse dom Luiz Gonzaga.


Segundo ele, Dilma tem um discurso vago porque estaria preocupada com a perda de votos. Amanhã, por exemplo, Dilma recebe apoio de entidades evangélicas em Brasília, lideradas pelo deputado Pastor Manoel Ferreira (PR-RJ), da Assembleia de Deus.


— Ela já apresentou três projetos de governo. No segundo, maquiou o primeiro.


No terceiro, maquiou o primeiro.


Não é possível confiar em quem reescreve dessa forma.


Eu defendo a lei natural, mais do que princípios religiosos.


Tem até candidato que defende um plebiscito. Muito bonito isso! Vamos colocar a sociedade para discutir se pode matar ou não? — disse o bispo de Guarulhos, em referência à proposta da presidenciável do PV, Marina Silva. Evangélica, ela tem posição pessoal contrária à legalização do aborto.


O candidato José Serra (PSDB) já se declarou contra a liberação do aborto, que, segundo ele, levaria a uma ‘carnificina’ nos hospitais.


Quando foi ministro da Saúde, porém, ajudou a regulamentar a realização do aborto legal pelo SUS.


 


 


EUA


Lucro da editora do ‘NYT’ volta a subir


A New York Times Company, editora do jornal homônimo, registrou lucro acima das estimativas do mercado no segundo trimestre e, pela primeira vez em quase três anos, obteve aumento da receita, graças à estabilização do mercado de publicidade e ao fato de os leitores estarem pagando mais pelo jornal. A editora informou ontem que a receita com publicidade ficou estável, e a receita total aumentou 1,2%, para US$ 589,6 milhões.


A estimativa era de US$ 576,1 milhões. No primeiro trimestre, houve queda de 3,2%.


O lucro líquido foi de US$ 32 milhões, ou US$ 0,21 por ação, contra US$ 39 milhões, ou US$ 0,27, há um ano. Mas o lucro por ação ajustado, que exclui ativos no setor de esportes, mais que dobrou, para US$ 0,18 (US$ 0,08 no segundo trimestre de 2009), superando as projeções, de US$ 0,13. O lucro operacional subiu de US$ 23,5 milhões para US$ 60,8 milhões na mesma comparação.


Receita com anúncio digital cresceu 21% no 2º trimestre A receita com circulação cresceu, e um aumento de dois dígitos na área de publicidade digital ajudou a compensar a queda nos anúncios impressos. A Times Company continuou sua estratégia de corte de custos operacionais, que recuaram 4,3%, para US$ 528,8 milhões, no segundo trimestre.


Apesar da probabilidade de que os custos — sobretudo para notícias impressas — saltem no segundo semestre, a presidente e diretora-executiva da Times Company, Janet Robinson, mostrou-se confiante de que a estratégia de reviravolta da editora do ‘New York Times’ seja bem-sucedida.


— Esses resultados positivos continuam a se somar à recuperação iniciada nos últimos trimestres, quando a empresa conseguiu elevar sua receita e cortar os custos operacionais — disse Janet. — A companhia está bem posicionada para prosperar no mercado de mídia, graças ao progresso significativo que estamos fazendo no esforço de reinventar nosso negócio.


A receita com anúncios digitais cresceu 21%, ao passo que diminuiu o ritmo de perda com publicidade impressa, que registou recuo de 6%. Isso deixou o ganho total da companhia com publicidade praticamente neutro. Além disso, a participação da publicidade on-line se tornou a maior fração da receita com anúncios, subindo para 26% do total da publicidade da editora.


Dentro das várias propriedades da empresa, que incluem o ‘New York Times’, o About.com e o ‘Boston Globe’, o cenário publicitário foi misto. No ‘Times’, a receita com anúncios cresceu 1,1%, para US$ 185,3 milhões. No New England Media Group, que inclui o ‘Globe’, houve recuo de 9,1%, para US$ 53,3 milhões. About.com teve um bom desempenho, recebendo US$ 32 milhões em publicidade, o equivalente a uma alta de 23,6%.


A receita com circulação avançou 3,2%, para US$ 234,8 milhões, devido ao aumento de preço nas vendas em bancas do ‘Times’ e do ‘Globe’ no ano passado. Mas, segundo Janet, o crescimento não deve continuar.


 


 


 


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