Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

ANJ debate reflexo do fim da Lei de Imprensa


Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 16 de julho de 2010


 


LEGISLAÇÃO


Daniel Bramatti


ANJ debate reflexo jurídico do fim da Lei de Imprensa


Representantes de jornais e do Judiciário vão debater hoje, em Florianópolis, as consequências jurídicas do fim da Lei de Imprensa, legislação considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em abril do ano passado.


‘A Lei de Imprensa previa direito de resposta (aos prejudicados pela divulgação de determinadas informações). Há dúvidas sobre a eventual necessidade de nova regulamentação desse instrumento, ou se a mera jurisprudência sobre o tema já estabelece os parâmetros para sua aplicação’, disse Ricardo Pedreira, diretor executivo da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), uma das entidades que promovem o evento.


Segundo Pedreira, outra questão é o risco de juízes, em ações que pedem direito de resposta, determinarem que jornais e revistas publiquem também a sentença em questão. ‘Nossa opinião é que é descabida a publicação dessas sentenças, que em geral ocupam um espaço muito grande e nem sequer são lidas pelo público.’


Também há preocupação em relação aos efeitos penais da revogação da Lei de Imprensa. O advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, um dos painelistas do evento, afirma que, com a revogação da lei, jornalistas podem ficar sujeitos a penas maiores em casos de injúria e difamação.


‘A Lei de Imprensa foi revogada em nome da liberdade de pensamento, mas, no caso dos jornalistas, continha dispositivos mais benéficos que os que estão no Código Penal’, disse Mariz ao Estado. Herança da ditadura militar, a lei entrou em vigor em 1967. Caiu graças a uma ação direta de inconstitucionalidade do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).


 


 


TECNOLOGIA


A. P. Quartim de Moraes


É o fim do livro? Rir para não chorar


O desenvolvimento da tecnologia digital e da internet são uma ameaça ao livro? Essa questão seria fascinante se não fosse falsa. O que é, afinal, que estaria com os dias contados? O objeto livro, o livro impresso em papel, na forma que o conhecemos há mais de meio milênio?


Em Não Contem com o Fim do Livro (Record, 2010, tradução de André Telles), dois famosos bibliófilos e colecionadores de obras raras, o semiólogo e escritor italiano Umberto Eco e o roteirista de cinema e escritor francês Jean-Claude Charrière, colocam inteligência, erudição e bom humor a serviço do esclarecimento dessa momentosa questão, mediados pelo jornalista e ensaísta francês Jean-Philippe de Tonnac.


Afirma Eco (página 16): ‘Das duas uma: ou o livro permanecerá o suporte da leitura, ou existirá alguma coisa similar ao que o livro nunca deixou de ser, mesmo antes da invenção da tipografia. As variações em torno do objeto livro não modificaram sua função, nem sua sintaxe, em mais de quinhentos anos. O livro é como a colher, o martelo, a roda ou a tesoura. Uma vez inventados, não podem ser aprimorados. Você não pode fazer uma colher melhor do que uma colher.’


Ou seja, apesar de sua imagem idealizada – às vezes, sacralizada – de fonte de lazer, informação, conhecimento, fruição intelectual, o livro, enquanto objeto, é apenas ‘o suporte da leitura’, o meio pelo qual o escritor chega ao leitor. E assim permanecerá até que ‘alguma coisa similar’ o substitua. Saber quanto tempo essa transição levará para se consumar é mero e certamente inútil exercício de futurologia. Até porque provavelmente não ocorrerá exatamente uma transição, mas apenas a acomodação de uma nova mídia no amplo universo da comunicação. Tem sido assim ao longo da História.


Tranquilizem-se, portanto, os amantes do livro impresso. Tal como ‘a colher, o martelo, a roda ou a tesoura’, ele veio para ficar, pelo menos até onde a vista alcança. E não se desesperem os novidadeiros amantes de gadgets. Estes continuarão sendo inventados e aprimorados por força da voracidade do business globalizado. E é possível até mesmo que algum deles venha a se tornar definitivo e entrar no time do livro, da colher, da roda…


Assim, o livro-forma parece prescindir dos cuidados de quem teme por seu futuro. Mas já não se pode dizer o mesmo do livro-conteúdo. Que é o que interessa. Este, sim, corre sério risco de soçobrar na tormenta de um mercado movido por insaciável apetite de lucros.


É claro que este é um fenômeno universal, resultante do paradoxo de um extraordinário desenvolvimento tecnológico capaz de globalizar as comunicações e a economia, mas absolutamente desinteressado de acabar com a fome no planeta. Será que são coisas incompatíveis? Faz mais sentido acreditar que seja questão de valores. Valores humanos.


Voltando aos livros, quando os valores humanos passam a se traduzir em cifras, os conteúdos dançam e livro bom passa a ser livro que vende. Não é força de expressão. É uma realidade relativamente recentemente no mercado editorial brasileiro, mas conhecida há pelo menos meio século, por exemplo, no dos Estados Unidos.


Jason Epstein, diretor da Random House por 40 anos e um dos fundadores de The New York Review of Books, afirma sobre as transformações do mercado editorial norte-americano em meados do século passado: ‘Durante esse período, o ramo da edição de livros desviou-se de sua verdadeira natureza, assumindo, coagido pelas desfavoráveis condições de mercado e pelos equívocos dos administradores distanciados, a postura de um negócio convencional. Essa situação levou a muitas dificuldades, pois publicar livros não é um negócio convencional. Assemelha-se mais a uma vocação ou a um esporte amador, em que o objetivo principal é a atividade em si, em vez do seu resultado financeiro’ (O Negócio do Livro: Passado – Presente e Futuro do Mercado Editorial – Record, 2002, tradução de Zaida Maldonado, página 21).


Segue na mesma linha o editor franco-norte-americano André Schiffrin, durante 30 anos diretor da Pantheon e cofundador, em 1990, em Nova York, da editora sem fins lucrativos The New Press: ‘Na Europa e nos Estados Unidos, o trabalho de edição de livros tem longa tradição de ser uma profissão intelectual e politicamente engajada. Os editores sempre se orgulharam de sua capacidade de equilibrar o imperativo de ganhar dinheiro com o de lançar livros importantes. Nos últimos anos, à medida que a propriedade das editoras mudou de mãos, essa equação foi alterada. Hoje, frequentemente o único interesse do proprietário é ganhar dinheiro, e o máximo possível’ (O Negócio dos Livros – Como as Grandes Corporações Decidem o que Você Lê – Casa da Palavra, 2000, tradução de Alexandre Martins, página 23).


Por aqui, era inevitável que o fundamentalismo de mercado também acabasse se instalando no negócio dos livros. Não faz muito tempo, num painel de editores promovido pela Fundação Instituto de Administração (FIA), com apoio da Câmara Brasileira do Livro (CBL), ficou grotescamente evidente a divisão entre os profissionais do ramo. Durante os debates, um jovem e impetuoso autointitulado defensor da saúde financeira dos empreendimentos editoriais (eu não imaginava que houvesse alguém contra isso…) lançou indignadamente sobre os do ‘outro lado’ o anátema implacável: ‘Conteudistas!’


Refeito do susto, pude até a me divertir com a ideia de propor aos do ‘outro lado’ a união em torno de uma nova sigla, a CPC – Confraria dos Perigosos Conteudistas. Pois, como ensina o mestre Millôr Fernandes, aliás Vão Gôgo, ridendo castigat mores. Quer dizer: rindo castiga-se mais…


Jornalista, é editor-associado da Global Editora.


 


 


ELEIÇÕES


Mariângela Gallucci


Procuradora eleitoral vê uso da máquina por Lula


A vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, afirmou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou a máquina pública para promover a candidatura de Dilma Rousseff, o que poderá levá-la a pedir ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a abertura de uma ação que pode provocar a cassação do registro da petista.


Para Sandra, as irregularidades ocorreram durante a cerimônia oficial na qual Lula lançou o edital do trem-bala e atribuiu o sucesso do empreendimento a Dilma. ‘É abuso de poder político, sem dúvida, e incorre em abuso de poder econômico, já que é feito à custa do erário público’, afirmou.


Para propor formalmente no TSE uma ação de investigação judicial eleitoral, a vice-procuradora espera apenas receber o vídeo da solenidade. ‘Se a mídia confirmar o que está nos jornais, fica claro o abuso’, afirmou Sandra. ‘É proibido usar a máquina pública, prédios públicos, serviços públicos (em prol de campanhas). Está na lei’, afirmou. ‘É absolutamente proibido o uso da máquina pública na campanha eleitoral’, repetiu ela, ressalvando que falava sobre o episódio em tese.


Jurisprudência. Se a ação for julgada procedente pelo TSE, Dilma poderá ter o registro de candidata cassado e Lula ser punido até com a inelegibilidade, segundo Sandra. ‘A jurisprudência do TSE já está pacificada no sentido de que se há um candidato beneficiado pelo mau uso da máquina pública, na verdade, não é necessária a participação direta desse candidato no ilícito’, afirmou. O episódio do trem-bala somado a outras ações do presidente na fase de pré-campanha levaram a vice-procuradora a afirmar que ‘o conjunto da obra é muito ruim’.


Para Sandra, a propaganda pró-Dilma na cerimônia do trem-bala é pior do que as promoções que Lula vinha fazendo nos últimos meses, as quais levaram o TSE a multá-lo seis vezes. ‘Agora é uso indevido da máquina pública, uma situação mais grave do que a anterior.’ Sandra comentou que Lula não consegue deixar de falar sobre Dilma. ‘Não arriscaria interpretar o que vai no âmago dele, por que ele faz isso, mas ele não consegue deixar de falar.’


Na terça-feira, durante a cerimônia do trem-bala, Lula disse: ‘A verdade é o seguinte, não posso deixar de dizer aqui que nós devemos o sucesso disso tudo que estamos comemorando aqui a uma mulher. Na verdade, não poderia falar o nome dela por conta da campanha eleitoral, mas a história a gente não pode esconder por conta de eleição. A verdade é que a companheira Dilma Rousseff assumiu a responsabilidade de fazer esse TAV (Trem de Alta Velocidade).’ Na quarta-feira, ao pedir desculpas pelo episódio, Lula citou novamente o nome de Dilma.


 


 


REVISTAS


Dona da Penthouse faz oferta formal pela Playboy


A empresa proprietária da revista americana Penthouse fez ontem uma oferta formal pelo império da Playboy, a despeito de o empresário Hugh Hefner insistir que não tem interesse em vender a companhia e que pretende comprar as ações da Playboy que ainda não possui. Hoje, o fundador possui 70% dos papéis com direito a voto.


A FriendFinder Networks, dona da Penthouse, informou que está pronta para oferecer US$ 210 milhões pela Playboy Enterprises. A oferta vem alguns dias depois de Hefner propor a retirada das ações que hoje circulam no mercado em um negócio que valorizaria a empresa em cerca de US$ 185 milhões.


Em comunicado, a Playboy afirmou que a proposta da FriendFinder será ‘considerada apropriadamente’. Entretanto, segundo o analista da RBC Capital Markets, David Bank, ‘se Hefner não quiser vender, não há negócio’. As ações do grupo de entretenimento Playboy entraram em queda livre desde o pico de US$ 32 em 1999; nos últimos 12 meses, atingiu a cotação máxima de US$ 5,22.


A revista que dá nome à companhia vem perdendo terreno com competidores na internet, que oferecem conteúdo gratuito. Uma das formas que a empresa encontrou para combater a crise foi licenciar sua conhecida logomarca para uma série de produtos de consumo.


Para Marc Bell, presidente da FriendFinder, sua companhia poderia ajudar a Playboy a desenvolver sua marca na internet, com a inclusão de links para o site da revista a partir de outros websites da FriendFinder.


Em uma carta ao Conselho de Administração da Playboy, Bell disse que pretende manter Hefner, de 84 anos, como cérebro criativo da revista: ‘Proporíamos um acordo em que nos tornaríamos parceiros do sr. Hefner nos esforços para trazer valor às ações da companhia.’


 


 


LITERATURA


Raquel Cozer


Pinguim das letras


O logotipo mais famoso do mercado editorial mundial, o da ave marinha que dá nome à gigante Penguin, sofreu apenas retoques sutis desde que, em 1935, o editor britânico Allen Lane decidiu suprir o mercado com livros que fossem ao mesmo tempo baratos e bem editados. Menos tímida foi a expansão da empresa desde então. Ao longo das décadas, a Penguin ampliou seus domínios a outros seis países com idioma inglês, incluindo Estados Unidos, Canadá e Austrália.


E eis que agora, aos 75 anos, o pinguim conclui um terceiro passo em seu projeto expansionista para praias de idiomas estrangeiros. Após fazer parcerias com editoras na China e na Coreia do Sul, o braço americano da Penguin concretiza neste mês o acordo com a brasileira Companhia das Letras, anunciada no ano passado, para a publicação em português de títulos do selo Classics – que por aqui vira Penguin Companhia Clássicos. Já em pré-venda em grandes livrarias, chegam às lojas no próximo dia 26 os quatro primeiros filhotes dessa joint-venture: O Príncipe, de Maquiavel, Pelos Olhos de Maisie, de Henry James, e dois títulos organizados pelo historiador Evaldo Cabral de Mello, Joaquim Nabuco Essencial e O Brasil Holandês.


‘Avaliamos de perto o mercado brasileiro e vimos grande potencial editorial. É um país em crescimento e no qual há espaço para edições de alta qualidade de clássicos da literatura’, disse, por telefone ao Estado, de Nova York, o CEO da Penguin, John Makinson. Os títulos lançados por aqui custarão de R$ 15 a R$ 35, com tiragens que podem chegar a 18 mil cópias (caso de O Príncipe), num mercado em que o mais comum é lançar livros com algo em torno de 3 mil exemplares. Por exigência da Penguin, todos os volumes sairão também no formato digital, com preços de 30% a 40% menores que os das edições impressas.


Makinson, que participará da Flip no próximo dia 6, em mesa com o historiador americano Robert Darnton sobre o futuro dos livros, é um árduo defensor do formato digital. Seu trabalho nesse sentido lhe rendeu, neste ano, a 76.ª colocação no ranking da Media Guardian sobre os mais importantes nomes da mídia, numa rara seleção de um profissional do mercado editorial.


 


 


Pinguim invade praia do Brasil


O selo Penguin Classics foi lançado em 1946, com tradução de E.V. Rieu para a Odisseia de Homero, e hoje passam de 1.200 os títulos publicados com as faixas branca e preta ao pé da capa. Os títulos desse catálogo previstos para sair pelo selo Penguin Companhia Clássicos não são inéditos nem tampouco difíceis de se encontrar em português. Pelos Olhos de Maisie, de Henry James, por exemplo, que integra a primeira leva, já fazia parte do catálogo da editora paulistana.


Mais que o catálogo, boa parte em domínio público, o que a Penguin cede nessa parceria é conteúdo editorial, o que inclui prefácios e notas de rodapé. Mas também know-how e o prestígio da marca, como ressalta Luiz Schwarcz, editor da Companhia das Letras. ‘Entramos com o trabalho e o conhecimento do mercado local, e ganhamos em troca um patrimônio de 50 anos anterior à nossa editora (a Companhia faz 25 anos em 2011). É um salto de qualidade.’


Assim como Matinas Suzuki Jr. e André Conti, que cuidam do novo selo, Schwarcz chegou a fazer uma espécie de estágio na Penguin americana. Os editores brasileiros têm proposto alterações para cerca de 85% das capas nas edições nacionais. ‘Algumas capas funcionam melhor para o leitor brasileiro. A americana para a seleção de ensaios de Montaigne (que sai numa próxima leva), por exemplo, é ilustrada com uma caveira muito grande. Estamos fazendo uma com desenho mais tropical e vamos propor para Penguin’, diz Matinas.


Alterações editoriais são permitidas, mas não sem aprovação de Nova York. O mesmo vale para a parcela de títulos nacionais que a Companhia tem direito a editar pelo selo – dos 48 títulos nos dois primeiros anos, 16 serão de clássicos em língua portuguesa. Por sua vez, a Companhia dá consultoria informal sobre clássicos nacionais que interessem à Penguin americana. A editora acaba de pôr no mercado dos EUA o primeiro título brasileiro dentro do selo Classics, Os Sertões, de Euclides da Cunha. A escolha foi anterior à parceria, mas a Companhia tem dado parecer sobre outros nomes nos quais a Penguin está ‘mais que interessada’, segundo John Makinson, como o baiano Jorge Amado.


 


 


‘O desafio é tornar a leitura interessante nos E-BOOKS’


John Makinson, que estará na Flip, fala das apostas bem-sucedidas da editora em e-books e das possibilidades do mercado


Uma exigência da Penguin na parceria com a Companhia das Letras foi que todos os livros da coleção Clássicos também saíssem no formato digital. Por quê?


Nos EUA, o mercado de e-readers vem crescendo rapidamente. Em pouco tempo, eles se tornaram plataformas atraentes para o leitor. No Brasil, as opções de leitores eletrônicos em celulares ou tablets ainda são incipientes, mas aposto que em poucos anos haverá um mercado significativo. Essa é uma razão. Outra razão foi entendermos que é possível oferecer bom material extra na literatura em formato digital. Por exemplo, se você pega Jane Austen, Orgulho e Preconceito, pode enriquecer o conteúdo digital com descrições de características do período, informações históricas sobre lugares onde os fatos se passam, trabalhos críticos. Tenho confiança na ideia de testar limites editoriais e acho que o Brasil logo terá mercado para isso. Você, que vê esse mercado de perto, o que acha?


O que me chama a atenção é o receio que editores têm de apostar nesse mercado. Tivemos em São Paulo um congresso sobre livro digital, e era dúvida recorrente a questão dos lucros. É possível lucrar com e-books?


Sim, claro que sim, porque o e-book não exige nada de manufatura, não exige investimento em distribuição e estoque. Você ainda tem o investimento, é claro, na edição, na divulgação do livro, mas não há custos físicos. Então a questão é: você pode determinar o preço do livro de forma que o consumidor fique satisfeito, e também o editor? Essa é uma das questões sobre as quais vou falar na Flip.


Já é lucrativo para a Penguin?


Sim, claro. Por que não seria?


Devido à pirataria, por exemplo.


Sim, isso é um fato. Mas no mercado do livro não tem sido como foi no da música. Há várias diferenças. Uma é que a psicologia do consumidor é outra. Na música, é interessante para jovens ter enorme quantidade de faixas no iPod, milhares delas. Não é cool ter milhares de livros no e-reader, porque ninguém conseguirá lê-los. Isso é um ponto. Outro ponto é que a indústria da música descobriu que o consumidor não queria comprar o álbum, e sim a faixa. Então o modelo desenvolvido por muito tempo não era o ideal. Não é o caso do livro. Não temos evidência de que as pessoas estejam interessadas em comprar capítulos, elas querem o livro. E, em terceiro lugar, as pessoas têm relação sentimental com o livro. Uma coisa importante na Penguin é a certeza de que os livros sejam bonitos para que as pessoas queiram ter e colecionar.


Mas na música também havia relação sentimental com álbuns. Será que as novas gerações terão essa relação com os livros?


Não sei! Creio que sim. Acho que há algo duradouro na relação sentimental com o livro. Nos EUA a oportunidade para pirataria e infração de direitos autorais já existe há muitos anos, há muitos sites de upload de conteúdo de livros. Não digo que não seja um problema. É um problema, mas não é ‘o’ grande problema como na música. As vendas na Penguin continuam bem. Não estamos encolhendo, estamos crescendo.


Qual a parcela de livros da Penguin vendida no formato digital?


Os e-books chegam a 10% das nossas vendas. O que percebemos foi que há livros mais adequados para o formato digital que outros. Não são categorias totalmente consistentes, mas um novo best-seller, por exemplo, tem mais potencial para conteúdo extra na versão digital que um clássico, já que o próprio autor pode produzir esse conteúdo. O que é interessante é tentar entender o que o consumidor não compra quando compra o e-books, se deixa de comprar o livro hardcover (de capa dura, em geral a primeira edição de livros nos EUA) ou o paperback (tipo brochura).


Você foi citado no ranking dos nomes mais importantes da mídia em 2010 segundo o MediaGuardian por ações no mercado digital. Quais os próximos passos da Penguin nesse sentido?


O interessante desse ranking foi o argumento de que estamos redefinindo a indústria do livro. Alguns dos aplicativos que estamos desenvolvendo serão bem diferentes de tudo o que fizemos até agora. A maneira como apresentamos informações de viagem no iPad, ou como fazemos livros ilustrados para criança virem à vida, ou ainda como envolvemos redes sociais e comunidades de um jeito novo no mercado para adolescente. Isso tudo é muito novo e requer novas habilidades de editores. Significa que temos de entender novas tecnologias, novos critérios para determinar preços, temos de ser criativos na maneira de pensar no leitor. Não diminuo as questões que você levantou, a pirataria, a preocupação com lucro, são questões sérias. Mas, acima de tudo, estamos muito otimistas.


A digitalização de clássicos que o Google promove pode prejudicar as vendas da Penguin?


Bem, você pode obter no Google os clássicos em domínio público, mas, se fizer isso, a experiência de leitura não será atraente. Eles digitalizam e escaneiam manuscritos originais, e estes são os velhos, difíceis de ler. Mas eles no Google são espertos, logo darão jeito de melhorar isso. Com isso, nos desafiam a pensar em como tornar os Clássicos da Penguin realmente atraentes por seus preços. A questão é: o que você compra quando compra nossos clássicos é design, introduções, qualidade de tradução, notas de rodapé. Devemos deixar claro para o leitor o que temos de diferente, porque estamos propondo que comprem por uma quantia razoável de dinheiro algo que podem conseguir de graça. É um desafio interessante.


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Reality da Band fará ações sociais por onde passar


O cativeiro da vez é um ônibus. As provas envolvem benefícios para a cidade em que o veículo estiver parado (como pintar uma creche) e entre os prêmios estão passeios ao ar livre. O Estado teve acesso ao novo reality da Band, Busão do Brasil. Formato da Endemol, a atração, que será comandada por Edgar Piccoli, tem estreia prevista para o próximo dia 25 e deve ficar no ar até 17 outubro. Serão ao todo 12 participantes, com a eliminação de um por semana. Os três participantes mais votados pelo público serão emparedados, e o grupo escolherá quem sai. O menos votado na semana terá o direito de sair do ônibus por quatro horas e levar um integrante junto. Ao final da temporada, o participante que restar levará o prêmio de R$ 1 milhão. O ônibus do reality tem ao todo 13 câmeras, e como percurso original sairá de Fortaleza, passando por cidades como Mossoró (RN), Caruaru (PE), Feira de Santana (BA), Domingos Martins (ES), Ouro Preto (MG), Petrópolis (RJ), encerrando viagem em São Paulo, na final. O programa principal vai ao ar aos domingos, às 20 horas, dia de eliminação. Busão do Brasil terá também programetes diários. Provas patrocinadas e merchandisings de produtos fazem parte do reality, com exceção de bebidas, em que a exclusividade é do Guaraná Antarctica.


9 pontos de audiência registrou anteontem a reprise de Ana Raio & Zé Trovão, no SBT, alcançando o segundo lugar em ibope no horário.


‘Você quer que o Maradona fique como técnico da Argentina? Quer que ele venha em 2014 para o Brasil?’, Glenda Kozlowski fazendo campanha no Globo Esporte


Sobre vídeo que circula na web detonando o Legendários, Marcos Mion disse à coluna que achou o vídeo bem editado, envolvendo um extenso trabalho de pesquisa sobre o programa.


‘Infelizmente a pessoa optou por manipular e criar esta imagem do Legendários, mas felizmente as imagens originais estão à disposição de qualquer um pra que tirem suas conclusões.’


Em tempo, o vídeo dos Legendários está no Facebook do CQC Felipe Andreoli, não no do Felipe Solari.


Reginaldo Faria recusou o papel que faria – tá, não podia perder essa – em Ti-Ti-Ti, da Globo. Disse que não queria um personagem com sotaque. O ator teria uma participação como um coronel nordestino na trama.


Mesmo assim, a autora do remake de Ti-Ti-Ti, Maria Adelaide Amaral, ainda pretende contar com Reginaldo na novela e pensará em outra participação especial para ele.


O Discovery Channel desistiu de fazer um documentário sobre o desabamento nas obras da estação Pinheiros do Metrô (na zona oeste de São Paulo) em 2007.


No início do ano, o instituto, que se pronunciou à imprensa na época da conclusão dos laudos, proibiu seus técnicos e geólogos de falarem ao Discovery, que acabou abandonando a empreitada.


Já estão em produção na Globo os roteiros da terceira temporada de Força Tarefa, que deve ir ao ar em 2011.


Nanda Costa, a Soraia de Viver a Vida, estará em Clandestinos, nova série de João Falcão na Globo.


Curiosa a ação publicitária do SBT sobre sua programação de domingo: a emissora enviou para alguns profissionais do mercado uma cesta de massas, com um risoto com a cara de Silvio Santos, penes e espaguetes com Eliana e Celso Portiolli estampados na caixa.


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 16 de julho de 2010


 


COPA


Editorial


Arena paulista


Não deixa de ser um sinal de maturidade o fato de São Paulo, através de representantes políticos, da imprensa e de outras instâncias da sociedade civil, ter rechaçado a ideia de o poder público arcar com a construção de uma arena para sediar a abertura da Copa do Mundo de 2014, ao elevado custo de R$ 1 bilhão.


Como adiantou a coluna de Mônica Bergamo, na edição de ontem desta Folha, o governador Alberto Goldman agendou encontro com o sr. Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local (COL), para dar-lhe a palavra final do Estado e da cidade: não haverá investimento público na construção do estádio.


Ou a Fifa, a entidade máxima do futebol, revê sua posição sobre o Morumbi ou a maior cidade do país declinará do convite de hospedar a abertura da Copa. Ao agir assim, São Paulo dá exemplo e mostra-se em sintonia com um sentimento que vai se difundido pelo país: a Copa dever servir ao Brasil -e não o contrário.


Não há dúvida de que a Fifa acerta em muitas de suas reivindicações com vistas ao evento. É preciso, sem dúvida, avançar em infraestrutura, transporte e comunicações para que o Mundial possa ser realizado a contento.


Bem diferente é apresentar requisitos por demais custosos ao poder público com vistas à realização de uma única partida de futebol. Outros países que patrocinaram mundiais, como a Alemanha, já se depararam com situações análogas e refutaram as exigências exorbitantes da entidade.


Além de conceder à Fifa discutíveis isenções fiscais para lucrar com a Copa, o poder público, em suas diversas esferas, flexibiliza licitações, acena com empréstimos a juros camaradas e investe diretamente na construção de estádios que podem se transformar, ao fim do torneio futebolístico, em ‘elefantes brancos’.


O péssimo exemplo dos Jogos Panamericanos do Rio já mostrou como a irresponsabilidade de alguns é capaz de manipular o entusiasmo de muitos e produzir descalabros com o dinheiro de todos. Menos mal que São Paulo não se incline a fazer esse papel.


 


 


Eduardo Galeano


Insólito


Pacho Maturana, colombiano, homem de vasta experiência nestas lides, diz que o futebol é um reino mágico, onde tudo pode acontecer. A Copa confirmou suas palavras: foi um Mundial insólito.


Insólitos foram os dez estádios onde se jogou, belos, imensos, que custaram uma dinheirama. Não se sabe como fará a África do Sul para manter em atividade esses gigantes de cimento, desperdício multimilionário fácil de explicar, mas difícil de justificar em um dos países mais injustos do mundo.


Insólita foi a bola da Adidas, ensaboada, meio louca, que fugia das mãos e desobedecia aos pés. A tal da Jabulani foi imposta, apesar de não agradar aos jogadores. De seu castelo em Zurique, os senhores do futebol impõem, não propõem. Têm o hábito.


Insólito foi a todo-poderosa burocracia da Fifa ter reconhecido, após tantos anos, que será preciso estudar uma maneira de ajudar os árbitros nas jogadas decisivas. Não é muito, mas já é alguma coisa.


Até mesmo esses surdos de surdez voluntária tiveram de ouvir os clamores desencadeados pelos erros de alguns juízes, que no último jogo chegaram a ser horrorosos. Por que temos que ver na TV o que os árbitros não enxergaram ou, quem sabe, não puderam enxergar?


Clamores do bom senso: quase todos os esportes -basquete, tênis, beisebol e até esgrima e corridas de carros- usam a tecnologia para sanar dúvidas. O futebol não.


Os árbitros podem consultar uma invenção antiga chamada relógio, para medir a duração dos jogos e o tempo a descontar, mas estão proibidos de passar disso. E a justificativa oficial seria cômica se não fosse simplesmente suspeita: o erro faz parte do jogo, dizem. E nos deixam boquiabertos, descobrindo que ‘errare humanum est’.


Insólito foi o primeiro Mundial africano ficar sem países africanos, incluindo o anfitrião, já nas oitavas. Só Gana sobreviveu, até perder para o Uruguai no jogo mais emocionante do torneio.


Insólito foi a maioria das seleções africanas manter viva sua agilidade, mas perder autoconfiança e fantasia. Muitos correram, mas poucos dançaram. Há quem diga que os técnicos, quase todos europeus, tenham contribuído para esse esfriamento.


Se assim foi, fizeram pouco a um futebol que tanta alegria prometia. A África sacrificou suas virtudes em nome da eficácia, e a eficácia se destacou por sua ausência.


Insólito foi que alguns africanos brilharam, mas nas seleções europeias. Quando Gana pegou a Alemanha, enfrentaram-se dois irmãos negros, os Boateng: um com a camisa de Gana e o outro com a da Alemanha. Dos ganenses, nenhum jogava o campeonato do país. Dos jogadores da Alemanha, todos jogavam o Alemão. Como a América Latina, a África exporta mão e pé de obra.


Insólita foi a melhor defesa do torneio, obra não de um goleiro, mas de um goleador. O uruguaio Suárez deteve com as duas mãos, na linha do gol, uma bola que teria eliminado seu país. Graças a essa patriótica loucura, ele foi expulso, mas o Uruguai não.


Insólito foi o percurso do Uruguai. Nosso país, que tinha entrado na Copa a duras penas, jogou dignamente, sem se render, e chegou a ser um dos melhores. Alguns cardiologistas nos avisaram que o excesso de felicidade podia ser perigoso à saúde.


Muitos uruguaios, que parecíamos condenados ao tédio, festejamos esse risco, e as ruas viraram festa. O direito de festejar os próprios méritos é sempre preferível ao prazer que alguns sentem com a desgraça alheia.


Ficamos em quarto lugar. Fomos o único país que pôde evitar que a Copa acabasse sem ser mais que uma Eurocopa. Não por acaso, Forlán foi eleito o melhor jogador.


Insólito foi o campeão e o vice da Copa anterior terem voltado para casa sem abrir as malas. Em 2006, Itália e França fizeram a final. Agora, encontraram-se na saída do aeroporto. Na Itália, multiplicaram-se as críticas a um futebol jogado para impedir que o rival jogue. Na França, o desastre provocou crise política e incendiou fúrias racistas, porque quase todos os atletas que cantaram a ‘Marselhesa’ eram negros.


A Inglaterra também durou pouco. Brasil e Argentina sofreram cruéis banhos de humildade. Meio século atrás, a Argentina foi recebida com chuva de moedas após uma Copa desastrosa, mas desta vez recebeu boas- -vindas de uma multidão que crê em coisas mais importantes que o êxito ou o fracasso.


Insólito foi que faltaram ao encontro os superastros mais aguardados. Messi quis comparecer, fez o que pôde, e viu–se alguma coisa. Dizem que Cristiano Ronaldo esteve lá, mas ninguém o viu: talvez tenha estado ocupado demais vendo a si mesmo.


Insólito foi uma nova estrela, inesperada, ter surgido da profundeza dos mares e se elevado ao ponto mais alto do firmamento futebolístico.


É um polvo que vive num aquário da Alemanha, de onde formula suas profecias. Chama-se Paul, mas poderia se chamar Polvodamus. Antes de cada jogo, davam a ele a opção de escolher entre mexilhões que levavam as bandeiras dos dois rivais. Paul comia os mexilhões do vencedor, e não errava.


O oráculo octópode influiu decisivamente sobre as apostas, foi ouvido no mundo inteiro com religiosa reverência, foi odiado, amado e até caluniado por alguns ressentidos, como eu, que chegamos a suspeitar, sem provas, que o polvo era um corrupto.


Insólito foi que no fim houve justiça, o que não é frequente no futebol e na vida. A Espanha venceu a Copa pela primeira vez. Quase um século esperando. O polvo anunciou, e a Espanha desmentiu minhas suspeitas. Ganhou merecidamente, por obra e graça de seu futebol solidário, um por todos, todos por um, e pelas habilidades assombrosas de um pequeno mago, Iniesta. Ele prova que, às vezes, no reino mágico do futebol, há justiça.


TRANCADO


Quando a Copa começou, pendurei na porta de minha casa um cartaz que dizia ‘Fechado em razão do futebol’. Quando o tirei da porta, um mês depois, já tinha disputado 64 partidas, cerveja na mão, sem me mexer de minha poltrona favorita.


Essa proeza me deixou exausto, com os músculos doloridos e a garganta gasta. Mas já estou com saudade.


Já começo a ter saudade da insuportável litania de vuvuzelas, da emoção de goles impróprios para cardíacos, da beleza das melhores jogadas repetidas em câmara lenta.


E também da festa e do luto, porque, às vezes, o futebol é uma alegria que dói, e a música que celebra alguma vitória dessas soa muito próxima do silêncio retumbante do estádio vazio, onde a noite já caiu e algum derrotado continua sentado, sozinho, incapaz de se mexer, em meio às imensas arquibancadas sem ninguém.


EDUARDO GALEANO, escritor e jornalista uruguaio, é autor de ‘As Veias Abertas da América Latina’, ‘Memorias del Fuego’ e ‘Espelhos Uma História Quase Universal’


Tradução de CLARA ALLAIN


 


 


CASO BRUNO


Ruy Castro


Ex-tudo


Em 1994, o ídolo do futebol americano O.J. Simpson foi acusado de matar a facadas, por ciúme, sua ex-mulher, Nicole, que ele já atacara fisicamente três vezes, e Ronald Goldman, que suspeitava ser amante dela.


Simpson fugiu, foi perseguido pela polícia por 96 km, trancou-se durante horas em seu carro e só então se entregou, tudo isso em rede nacional de TV. Seu julgamento, transmitido ao vivo, foi outro carnaval -somente a sessão do veredicto, em 1995, foi assistida por 20 milhões de pessoas. O júri o absolveu.


Onze anos depois, para faturar com a própria história, Simpson publicou um cínico pseudo-romance, ‘If I Did It’ (‘Se Eu Tivesse Matado’), em que conta como foi à casa de Nicole, matou Goldman com dezenas de facadas e aplicou outras tantas à sua ex-mulher que quase lhe separou a cabeça do corpo. Como nos EUA não se pode ser julgado duas vezes pelo mesmo crime, ele estava tranquilo para confessar.


Era inevitável que, com essa onipotência, Simpson se metesse em novas encrencas, o que aconteceu em 2007: um assalto à mão armada a uma joalheria, em Las Vegas, para roubar besteiras. Só que, desta vez, o júri o mandou para a cadeia por nove anos. Deve ter sido um choque para O.J.: heróis de milhões, como ele, não podem ser condenados, nem ficam presos. Mas ele foi e ficou.


O caso de Bruno tem óbvias semelhanças. Até hoje ele parece não ter se dado conta de sua situação. Seu alheamento ao que lhe acontece, visível nas fotos e declarações, antes e depois de ser preso, indica que ainda não percebeu que já não é apenas ex-goleiro do Flamengo. É ex-goleiro, ex-cidadão, ex-tudo. Acabaram-se suas imunidades.


Não vê que, além de preso, já está condenado e a um passo do linchamento. E que o fato de ser tão famoso só lhe complicou a vida -fosse goleiro do Ibis, sua história já teria saído do noticiário.


 


 


ELEIÇÕES


Sarney ‘libera’ TV Senado na campanha


Sob pressão de parlamentares, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), rejeitou parecer da Advocacia-Geral da Casa que sugeriu veto a discursos considerados de campanha no plenário.


Sarney também liberou as reapresentações das sessões pela TV Senado que estavam suspensas seguindo recomendação da área jurídica.


No parecer, o advogado-geral do Senado, Luiz Fernando Bandeira de Mello, recomenda que quem presidir as sessões solicite ao orador ‘que evite as referências expressas a candidaturas’.


Ele quer que os discursos sejam editados se as sessões foram reprisadas. Os discursos ao vivo estão protegidos por imunidade parlamentar, mas as retransmissões têm caráter de programa de TV.


O documento foi encaminhado a Sarney há 15 dias. A TV Senado suspendeu as retransmissões, mas ontem voltou atrás. Sarney entendeu que cada senador é responsável por seu pronunciamento e que, se ele usar a tribuna para fazer campanha, irá responder pelos seus atos. Não cabe a ele fazer censura.


O Ministério Público Eleitoral entende que a TV Senado pode transmitir as sessões, mas os senadores não podem usar o plenário para fazer campanha pela TV.


 


 


Fábio Zambeli e Fábio Amato


Blog oficial divulga obras em campanha


Mantido pela Secretaria de Comunicação da Presidência, o Blog do Planalto divulga obras e realizações do governo Lula no período em que a legislação restringe publicidade institucional.


Temas como a expansão de benefícios sociais para as mulheres e a massificação de acesso ao financiamento habitacional se misturam à defesa dos discursos do presidente no diário virtual, hospedado no portal da administração e abastecido por funcionários públicos.


A página chegou a ser usada para referendar a citação de Lula à ex-ministra Dilma Rousseff em evento do governo no qual foi lançado o edital do trem-bala, na terça.


Sob o título ‘Citação à ex-ministra foi reconhecimento histórico’, notícia postada anteontem no blog reproduzia fala do presidente em que ele enaltece o papel de Dilma no projeto e tenta justificar sua menção no ato oficial. O texto saiu do ar ontem.


MULTA


Para a subprocuradora-geral Sandra Cureau, a inserção fere a legislação eleitoral: ‘Não poderia estar no blog. Porque ele [Lula] está repetindo e voltando a citar a candidata. Assim, dá conhecimento geral aos internautas a uma fala anterior que enaltece a ex-ministra. Isso num sítio mantido pelo governo’.


Para ela, a conduta, isoladamente, é passível de multa de até R$ 30 mil. Mas, se analisada ‘no conjunto da obra’, pode ensejar ação por abuso de poder político.


O site exibe ainda fotos de Dilma produzidas em março, mês em que ela já havia sido lançada pré-candidata, mas ainda ocupava a Casa Civil.


Mesmo caracterizada a infração, a efetivação de qualquer sanção, na jurisprudência do TSE, requer elementos que caracterizem potencial ofensivo capaz de afetar o equilíbrio da disputa.


A Secretaria de Imprensa da Presidência afirmou que ‘o Blog do Planalto publica informações jornalísticas’ e que, ‘em dez meses e 15 dias de existência nunca recebeu esse tipo de contestação ora feita pela Folha’. A Secom não informou a razão da retirada do material do blog após o questionamento.


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


50%-75%


No alto das buscas de Brasil pelo Yahoo News e pelo Google News, com BBC (imagem acima), ‘Time’, ‘Wall Street Journal’, ‘Financial Times’ e agências, ‘Grande declínio no desmatamento ilegal’. É o que diz estudo britânico divulgado ontem.


Na ‘Time’, ‘a redução foi especialmente dramática em três países, Camarões, a Amazônia brasileira e a Indonésia, onde caiu impressionantes 50%-75%’. No ‘WSJ’, ‘novas normas e a implementação mais dura levaram à queda’. Na France Presse, ‘no Brasil, com mais de um quarto da floresta tropical do planeta, o desmatamento caiu ao longo da última década entre 50% e 75%, principalmente por causa da legislação mais estrita e da execução mais rígida’.


Por aqui, a BBC Brasil destacou sob o enunciado ‘Desmatamento ilegal caiu 22% desde 2002’. Já o G1, da Globo, destacou um outro levantamento, realizado via satélite, postando na home que o ‘Desmatamento em maio foi o segundo pior do ano’.


AMAZÔNIA & PROGRESSO


O blogueiro de meio ambiente do ‘New York Times’, Andrew Revkin, biógrafo de Chico Mendes, comentou ontem, antes de sair a pesquisa sobre desmatamento, um debate de que participou, com o tema ‘A Amazônia pode prosperar no século 21?’.


Ele defende que sim, ‘estou convencido de que o sistema de rios e florestas é sólido o bastante para perdurar -e até florescer- se o Brasil desenvolver sua economia’, inclusive estradas e hidrelétricas. Justificou com a estabilização da população e a urbanização. Já um militante brasileiro da Conservation International, diz Revkin, ‘focou as ameaças’ de Belo Monte.


RECORDES


Na escalada do ‘Jornal Nacional’ e na manchete do UOL, ‘Emprego bate recorde no semestre’.


Ecoou no exterior via Reuters, ‘Crescem empregos na economia brasileira pelo sexto mês seguido’, e Xinhua, ‘Brasil cria 1,5 milhão de vagas na primeira metade de 2010’.


Por outro lado, logo abaixo da manchete do UOL, ‘Arrecadação de impostos é recorde’, também no primeiro semestre.


Falta engenheiro


O correspondente Andrew Downie postou no ‘Financial Times’, ecoando a coluna Mercado Aberto, que a ‘Falta de engenheiros dificulta inovação em alta tecnologia’ no Brasil. ‘Na pista de dança, na praia e no campo de futebol, os brasileiros são conhecidos como criativos, mas novo relatório sugere que não são tão criativos quando se trata de negócios’, escreve.


Enlouquecendo


A nova edição da revista para executivos de finanças ‘CFO’ ressalta em longa reportagem que o ‘Brasil está explodindo (e enlouquecendo)’. Em suma, ‘as empresas americanas estão ansiosas para se expandirem no maior mercado da América Latina, mas os diretores financeiros relatam que o país traz desafios singulares’, a começar do sistema tributário.


BOLSA FAMÍLIA LÁ


Sob o enunciado ‘Em busca de soft power, Brasil se torna um dos maiores doadores de ajuda, mas está indo longe demais, rápido demais?’, a ‘Economist’ destaca o ‘bem-sucedido’ programa Lèt Agogo no Haiti, ‘baseado no Bolsa Família’. Mas cobra atenção a ‘políticas’, não assistencialismo


OBAMA REAGE?


Nas manchetes on-line alternadas dos jornais americanos ‘NYT’, ‘WSJ’ e ‘Washington Post’ e também dos sites Huffington Post e do Drudge Report, ontem, ‘Congresso aprova reforma financeira de grande alcance’ e ‘Vazamento de petróleo para, com novo tampão, afirma BP’.


Mas o site Politico já apostava, prevendo a aprovação da reforma financeira, que pouco deve melhorar a aprovação de Obama. E o conservador Pete Du Pont, no ‘WSJ’, sugeria à secretária de Estado ‘montar um desafio formidável a Obama’, no artigo ‘Hillary para presidente!’.


 


 


TELEVISÃO


Gustavo Villas Boas


Em série, professor aprofunda envolvimento com narcotráfico


Aos 50, o professor de química Walter White (Bryan Cranston) descobriu que tem câncer terminal de pulmão. A mulher está grávida e eles têm um filho com dificuldades de locomoção decorrente de paralisia cerebral.


Para garantir o futuro da família de classe média em ‘Breaking Bad’, White decide produzir e vender metanfetaminas. E ele faz a droga com arte, segundo Jesse (Aaron Paul), um ex-estudante que vira seu parceiro.


Negócio perigoso: o cunhado de White trabalha na divisão de narcóticos da polícia. Nesse meio, eles têm que lidar com maníacos como Tuco (Raymond Cruz).


O membro de um cartel mexicano sequestra White e Jesse logo no primeiro capítulo da segunda temporada. Tuco quer que o professor produza drogas ininterruptamente para ele distribuir. A mulher desconfia dos telefonemas estranhos.


Pelo papel, Cranston já recebeu dois Emmys e concorre a um terceiro. Na premiação, em agosto, a série disputa em sete categorias, incluindo melhor drama. A terceira temporada acabou mês passado nos EUA. A quarta já foi confirmada.


NA TV


Breaking Bad


Estreia da 2ª temporada


QUANDO Terça, às 21h


CLASSIFICAÇÃO Não informada


 


 


Clarice Cardoso


TV fisga animação brasileira no Anima Mundi


Prestes a comemorar seu 18º aniversário, o Anima Mundi (Festival Internacional de Animação do Brasil) chega à idade adulta querendo mostrar a maturidade da animação nacional com uma centena de filmes daqui.


Não há, porém, nenhum longa entre os 108 títulos brasileiros no festival que começa hoje no Rio e vem a São Paulo no dia 28. Indicação de um mercado que atrai mais e mais animadores à medida que cresce: o das séries.


‘As pessoas começam a ver as séries como um mercado possível. E a demanda é enorme. Novos canais surgem o tempo todo, são engolidores de programação’, diz o organizador Cesar Coelho.


‘O AnimaTV e editais específicos de governos serviram de fomento para produtores menores apresentarem mais pilotos’, diz Marão, que exibe no Anima Mundi ‘Eu Queria Ser um Monstro’. Essas iniciativas serão debatidas no Anima Forum.


‘As séries têm saída maior, dentro de alguns parâmetros, são mais fáceis de vender’, diz Arnaldo Galvão, diretor comercial da ABCA (Associação Brasileira de Cinema de Animação).


Outro incentivador é o sucesso de títulos como ‘Princesas do Mar’, ‘Peixonauta’ e ‘Escola pra Cachorro’.


‘A indústria que se forma aqui precisa de continuidade e as séries vêm preencher essa lacuna, criar um mercado de produção mais industrial’, diz Galvão, que tem piloto com o personagem Godofredo, de Eva Furnari.


‘Mas não é possível sair produzindo sem amparo do mercado de fora. É imprescindível pensar em distribuição internacional’, afirma Andrés Lieban, da 2DLab, pai de ‘Meu Amigãozão’, série que estreia na semana que vem na América Latina e em agosto no Brasil.


Em coprodução com outros países, elas também conseguem driblar problemas comuns ao cinema nacional como um todo.


‘Como fazer um filme com poucos recursos brigar com Disney, Pixar? No fundo, é o drama de todo filme brasileiro’, diz Cesar Cabral, que tem projeto para série com Angeli nos moldes do premiado ‘Dossiê Rê Bordosa’.


TEMPOS MODERNOS


Uma consequência do crescimento das produções de séries é a reestruturação da cadeia produtiva que elas demandam, levando estúdios a dobrarem de tamanho, dando emprego a mais profissionais por mais tempo.


‘Elas têm mais potencial de gerar estabilidade, mas é importante tapar os buracos por trás: o espaço nas emissoras e a disposição delas em exibir conteúdo nacional, a aposta dos distribuidores e a formação de mão de obra mais qualificada’, diz Lieban. ‘Hoje, se três estúdios grandes resolverem fazer longas ao mesmo tempo, um não vai conseguir pessoal.’


A ausência de longas neste Anima Mundi, concordam os entrevistados pela Folha, não é indicativo de crise. ‘Há pelo menos nove longas em pré-produção, produção ou quase prontos. A previsão é de que tenhamos um filme inédito por ano na próxima década’, prevê Marão.


‘Nos pouco mais de 90 anos de cinema de animação no Brasil, foram produzidos apenas 20 filmes’, explica Galvão. ‘Quase metade nos últimos três ou quatro anos. Ou seja, estamos crescendo.’


 


 


Audrey Furlaneto


Com grade ‘disciplinada’, SBT triplica crescimento


Com menos danças de programas na grade, o SBT viu seu faturamento aumentar em 32% no primeiro semestre deste ano. O aumento é quase três vezes maior que o do mesmo período em 2009 (11%) e quatro vezes maior que o de 2008 (8%).


Apesar disso, a emissora não conseguiu reconquistar os índices de audiência de quando era a principal concorrente da Globo.


Em 2010, diminuíram as mudanças de horário ao gosto de Silvio Santos, que foram, aliás, uma das melhores piadas do SBT nos últimos anos -e motivo de ira de apresentadores, como Adriane Galisteu que, então no canal, usou pantufa e pijama no programa de madrugada.


‘Não tivemos Copa, como a Globo, nem grande estreias, como os realities da Record. Só trabalhamos a grade’, diz Henrique Cascioto, diretor comercial do SBT.


Os conteúdos estão mais fixos: ‘Esquadrão da Moda’ está no ar há dois anos, ‘Super Nanny’, há quatro. Além disso, anunciantes veem no SBT, segundo Cascioto, espaço para linhas populares. Se na Globo a Unilever anuncia Dove, por exemplo, o SBT é o canal do Lux Luxo.


Olheiro virtual Autor de ‘Cobras & Lagartos’ (2006), o último sucesso da faixa das 19h na Globo, Walcyr Carrasco está caçando atores para a próxima novela. Divulgou no Twitter o e-mail da produtora de elenco da trama prevista para depois de ‘Ti ti ti’.


Olheiro de época Já Bosco Brasil, de ‘Tempos Modernos’, a última trama a patinar no horário das 19h, vai sugerir texto à Globo em outro formato: microssérie de até oito episódios e de época -o Brasil no pós-Guerra do Paraguai.


Oxigênio Para ele, formatos curtos oxigenam a grade e as próprias novelas. ‘Como autor, amo novela. Mas os capítulos são enormes, de 50 minutos. É difícil para todos: autor, elenco, público’, avalia.


Os sem-vergonha 1 Na Record, o ‘Fala que Eu te Escuto’ dedicou-se a vídeos bizarros (comentados por pastores) na madrugada de quinta. O tema: ‘Os sem-vergonha: não se intimidam com câmeras porque só querem ‘zoar’ ou vale tudo pela fama?’


Os sem-vergonha 2 Ao fim de um vídeo de striptease (com homem de sutiã e shortinho), um dos pastores não se conteve e caiu na risada. E as ligações dos ‘espectadores-fiéis’ aumentaram o clima de chacota, com elogios à ‘espontaneidade do brasileiro’.


Vale tudo O caso Bruno foi o hit das tardes da TV aberta, de Sônia Abrão à TV Gazeta. O canal até entrevistou criadores de cães rottweiller, tendo como mote o assunto.


 


 


REVISTAS


‘Penthouse’ faz oferta para adquirir concorrente Playboy Enterprises


A dona da revista ‘Penthouse’, a empresa FriendFinder Networks, tornou pública uma oferta de US$ 210 milhões para a compra da Playboy Enterprises, editora da revista.


A oferta da FriendFinder foi feita três dias após o fundador da Playboy, Hugh Hefner, oferecer-se para comprar todas as ações da empresa.


Segundo informação da companhia, Hefner está preocupado com a marca Playboy e com a direção da revista. Há três dias, ele disse que ‘não estava interessado em venda, nem fusão’.


 


 


INTERNET


Lucro do Google sobe 24% no 2º trimestre


O Google, empresa de internet mais rentável do mundo, aumentou em 24% seu lucro no segundo trimestre de 2010 em comparação com o mesmo período do ano passado. No balanço trimestral, divulgado ontem, a empresa anunciou que obteve lucro líquido de US$ 1,84 bilhão entre os meses de abril e junho.


Os dados também mostram um incremento de 20% nas despesas, o que preocupou os investidores. Após o anúncio do balanço, as ações do Google caíram 4,5%.


As despesas aumentaram devido a investimentos da companhia para manter a liderança entre as ferramentas de busca e diversificar seu portfólio, aumentando sua atuação nas áreas de conteúdos de vídeo e para celular.


Para cumprir essas metas, o Google contratou cerca de 1.200 funcionários no segundo trimestre deste ano e terminou o mês de junho com 21.800 empregados.


A empresa também anunciou que, pela primeira vez em seis anos, vai tomar um empréstimo significativo.


Mesmo com US$ 30 bilhões em caixa, os diretores autorizaram a tomada de US$ 3 bilhões.


 


 


 


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