Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Antonio Brasil

‘O jornalismo brasileiro comemora com entusiasmo e otimismo o lançamento do novo telejornal da Ana Paula Padrão no SBT. Fala-se em competição e diversidade em um cenário de muitos anos dominado por uma única emissora e um único telejornal. As outras redes de TV podem ter descoberto o ‘calcanhar de Aquiles’ do Império. O telejornalismo global jamais conheceu os dissabores da competição. Há muitos anos, mantém o monopólio das notícias de TV no Brasil com fórmulas copiadas dos telejornais americanos. Quem tem a oportunidade de ver esses programas nos EUA não consegue deixar de se surpreender com a semelhança. Mas bem sabemos que em TV e principalmente no telejornalismo, é muito mais fácil contratar, copiar e torcer do que experimentar ou testar novas idéias. O problema, no entanto, é que no Brasil, nossos telejornais lançam como novidades velhas formulas que já estão decadentes em outras partes do mundo. A audiência dos telejornais é decrescente e algumas novidades extemporâneas, como a contratação de caríssimas e duvidosas ‘estrelas’ do jornalismo, podem garantir o sucesso e alguma audiência por algum tempo. Algumas vezes, por pouquíssimo tempo.

Telejornais mágicos

Investimentos milionários em jornalistas famosos, cenários suntuosos, muitos ‘cosméticos’ para rostos bonitos não escondem a cópia das velhas fórmulas. A tal diversidade se restringe a mais do mesmo. Depois é só reclamar da falta de estrutura, sorte e pasmem, do público. Eles não nos merecem. Em TV, e principalmente no Brasil, quebrar velhos hábitos, tanto em telejornais ou em corrupção no governo, é tarefa difícil e exige tempo. O problema é que os novos executivos de TV e patrocinadores querem resultados imediatos. Em tempos de crise de identidade e utilidade no jornalismo, não há como se dar ao luxo de perder tempo ou dinheiro. Qualquer problema substituímos o telejornal que não explode em audiência por um Reality Show, Chaves ou novela mexicana requentada. TV virou um bom negócio e telejornal tem que dar lucro e não deve atrapalhar estratégias estabelecidas de vendas e promoção comercial.

Depois é só culpar a falta de condições mínimas e o público. Não deveria ser surpresa para ninguém ver a queda mais do que anunciada e previsível dos índices de audiências dos telejornais mágicos. Repito. TV é um hábito difícil de mudar. Para alguns estudiosos do meio, é mais. É uma droga que cria dependência. Nos acostumamos a ver porcarias ou baixarias no ar e simplesmente nos contentamos com a sua regularidade. O telejornal é sempre ruim, sempre o mesmo, mas nos garante uma certa segurança. Não nos surpreende jamais. Mas os novos telejornais não conseguem ser melhores, e muito menos, diferentes. O público, que não é bobo, dá uma olhada durante alguns dias, não percebe as tais diferenças e resignado, volta aos velhos hábitos, ou seja, aos velhos telejornais de sempre. E assim segue um ciclo vicioso.

Estagiários da CBS

Aqui nos EUA, o telejornalismo também está em crise. Os velhos âncoras se aposentam ou morrem. Deixam o telejornalismo órfãos de seus ídolos. A fórmula dos telejornais com apresentador famoso, celebridade, estrelas da TV, Vozes de Deus que recebem milhões de dólares não sobrevive.

Creio que no Brasil, a tal competição ou diversidade tão ansiosamente esperada está cometendo o mesmo erro fatal. Cava a sua própria sepultura ao apostar no passado. Âncora famoso e milionário de telejornal deveria se aposentar ou investir no seu próprio Late Night Show, competir ou substituir o Jô Soares. Tenho certeza de que ele não agüenta mais carregar nas costas sozinho aquele horário horroroso e um programa chatíssimo. Para sair do buraco, os telejornais precisam investir muito menos em ‘caras e bocas’ e muito mais em novas idéias.

Esta semana, a Associated Press anunciou (ver aqui) que a CBS continua a sua longa saga experimentando idéias e fórmulas ousadas para o lançamento do seu novo telejornal nos próximos meses. Tenho acompanhado com o maior interesse essa tentativa da rede americana de criar alternativas para, pelo menos, adiar a decadência ou o fim dos telejornais. Após o escândalo que envolveu o seu âncora Dan Rather e em último lugar na audiência, a CBS bem sabe que precisa garantir uma sobrevida, um tempo extra para o jornalismo sério na TV. Sabe que a TV como conhecemos não vai sobreviver durante muito tempo. Estamos em período de muitas dúvidas e transição enquanto a Internet não domina ou predomina totalmente no cenário dos noticiários. Os anunciantes também já perceberam o futuro. A migração do jornalismo de atualidades, das notícias de última hora, ou seja, o ‘filet mignon’ da nossa profissão e dos anunciantes acelera a cada dia. É inevitável.

Mas enquanto o inevitável não acontece, os executivos da CBS trabalham idéias ousadas para seus telejornais. Não tem outra solução. Não querem contratar estrelas porque talvez elas não existam mais ou se existissem cobrariam muito caro. Entre tantas novas idéias que atingem o formato dos telejornais podemos destacar algumas: notícias de abertura mais aprofundadas e longas com cerca de 5 ou 7 minutos, conversas ao vivo entre os repórteres em diversas locações mediadas pelo âncora, múltiplos âncoras e a inclusão de matérias mais leves, coloquiais, em tom de conversa com telespectador que inclua novas narrativas, tecnologias, blogs e até mesmo – quem diria, ‘humor’. Assim como os blogs, o sucesso do Daily Show de John Stewart não pode ser mais ignorado.

Mas notícia ou experimento que mais me impressionou foi a convocação dos jovens estagiários do departamento de jornalismo e dos demais setores da rede CBS para apresentarem suas idéias aos velhos executivos e produtores que sabem tudo. Talvez eles tenham muito a aprender com uma garotada talentosa, cheia de entusiasmo, ansiosa por mudanças, plugada em videogames e Internet, mas que ainda reconhecem o poder da TV.

Ainda segundo a matéria da AP, vestidos com paletó e gravatas, os estagiários trouxeram apresentações em multimídia, powerpoint, animações em Micromedia Flash e todos os recursos dessa nova geração para salvar os velhos telejornais.

Agora, vocês já imaginaram a cara dos velhos e arrogantes produtores da CBS, os magos do telejornalismo, assistindo curiosos a demonstrações fantásticas para utilização de novas tecnologias e novas fórmulas para o telejornalismo?

Em vez de gastar milhões em consultores especializados em comunicação e telejornais, em decadentes Dudas Mendonças – eles também existem aqui nos EUA – ou em fórmulas desgastadas, copiadas de modelos decadentes ou em celebridades ainda mais decadentes, eles apostam no novo, no jovem.

O caminho para a tal competitividade e diversidade dos nossos telejornais no Brasil pode não ser o mesmo experimentado pela CBS. Temos problemas e características próprias. Mas, certamente, deveríamos acreditar mais no novo de verdade. Contratar estrelas e copiar telejornais dos outros com mais luzes e efeitos especiais pode garantir notícias nos jornais. Mas, certamente, não garante audiência. Não por muito tempo. O público de TV pode ser acomodado, mas não é bobo.’



SBT
Comunique-se

‘SBT completa 24 anos’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 19/08/05

‘O SBT comemora 24 anos nessa sexta-feira (19/08) e tem muitos motivos para comemorar. No primeiro semestre deste ano, a empresa obteve o maior lucro líquido desde 2001. Com investimentos na área de jornalismo e uma reestruturação interna, a expectativa da emissora é encerrar 2005 com um crescimento de 20% no faturamento com relação a 2004. O número de funcionários do SBT também aumentou. Atualmente a emissora conta com 1.542 contra 1.400 no final de 2004.

Com destaque para novelas, reality shows, noticiários, programas de auditório, talk shows, programas humorísticos e infantis, além de séries e superproduções do cinema, o SBT exibe 24 horas de programação diversificada.

Há mais de 30 anos, o programa Silvio Santos, um show de variedades com duração de dez horas, representava a produção independente de maior sucesso na televisão brasileira. O empresário e apresentador comprava espaço em emissoras, comercializava seu programa e ainda o utilizava como canal de divulgação do Baú da Felicidade.

A opinião que reinava entre os principais executivos de seu Grupo de empresas era unânime: a locação de espaço e comercialização de seu programa, realizado como produção independente, era muito mais rentável do que assumir uma rede. Silvio Santos foi contra todas as opiniões e foi em frente até obter uma concessão do governo federal e ser autorizado a assumir quatro emissoras do antigo império de Assis Chateaubriand: TV Tupi, TV Marajoara, TV Piratini e TV Continental.

O Sistema Brasileiro de Televisão nasceu em 19 de agosto de 1981, entrando no ar imediatamente e inaugurando sua programação com a transmissão da assinatura de contrato entre Silvio Santos e o governo federal. Obrigado por lei a preencher 12 horas de programação diária, o SBT começou a se apresentar ao público através de filmes e desenhos, um pouco de jornalismo e obviamente o Programa Silvio Santos.

A fase popular da emissora começou baseada numa programação de fácil aceitação pelo público, com humorísticos e programas de auditório, como ‘Reapertura’, ‘Moacyr Franco Show’, ‘O Homem do sapato branco’, ‘Povo na TV’ e ‘Alegria’. Dirigindo sua programação para classes sociais definidas como B2, C e D1, que representavam 61% da população, o SBT aumentou sua participação em audiência para 30% no segundo ano de operação.

O SBT intensificou essa estratégia entre 1988 e 90, quando passou a buscar qualidade de audiência através da contratação de profissionais como Boris Casoy, Jô Soares e Carlos Alberto de Nóbrega, este vindo da equipe de redatores de humor da Rede Globo.

Nos anos seguintes a antena de transmissão do Sumaré, responsável pelo sinal do SBT na Grande São Paulo, foi trocada por uma antena computadorizada com tecnologia digital, para garantir uma programação de qualidade.

Semana de aniversário

No dia 15 de agosto de 2005, semana em que o SBT completa 24 anos, a emissora comemorou a estréia de um telejornal: o SBT BRASIL, comandado por Ana Paula Padrão.

Com investimentos na área de jornalismo e uma reestruturação interna, a expectativa do SBT é encerrar 2005 com um crescimento de 20% no faturamento com relação a 2004.’



TV & MÚSICA
Dolores Orosco

‘Novela-musical’, copyright IstoÉ, 23/08/05

‘Num passado não muito distante programas feitos para o público infanto-juvenil seguiam a fórmula da apresentadora saltitante comandando gincanas para um auditório animado. Mas os tempos mudaram e já não se fazem crianças como antigamente. Hoje, as candidatas a rainha dos baixinhos atuam em seriados teens que apostam em um público menos deslumbrado. O que não quer dizer que elas não se arrisquem como cantoras em discos que rapidamente somem das prateleiras. Marjorie Estiano, que interpreta a vilãzinha Natasha em Malhação, exibida às 17h30 na Rede Globo, e Juliana Silveira, a protagonista de Floribella, a trama das 20h da Bandeirantes, são os exemplos flagrantes da tendência.

Mas esqueça os ‘Ilariês’ e os ‘Dedinhos’. No caso da paranaense Marjorie, 23 anos, o repertório é pop, como a própria gosta de definir. Seu disco de estréia, Você sempre será, já vendeu 100 mil cópias e a melosa faixa-título abocanhou a liderança no ranking das mais executadas nas rádios na semana passada. No seriado, a moça de cabelos vermelhos-espetados é a vocalista da fictícia Vagabanda. ‘Esse disco tem muito a ver com Malhação. Quero que o próximo tenha a minha cara, com uma levada mais soul’, planeja Marjorie, de olho no público mais teen. ‘Os pequenos são fãs de carteirinha, mas os adolescentes que vão aos shows não assumem que me conheceram por causa da Natasha. Têm vergonha de dizer que gostam de Malhação porque, para eles, é programa de criancinha.’

Saída do mesmo seriado global, a santista Juliana Silveira, 25 anos, bem que leva jeito de apresentadora infantil. Na pele da espevitada Flor, de Floribella, ela abusa das caras e bocas, do figurino ultracolorido e das dancinhas ensaiadas. Mas tudo dentro de um contexto, pois, na novelinha, sua personagem é uma governanta animada que faz de tudo para agitar a vida de seis irmãos órfãos. A música-tema é a líder dos ringtones mais baixados em celulares no mês de julho e a trilha – toda na voz de Juliana – vendeu 90 mil cópias. ‘Eu nunca pensei em cantar ou trabalhar para crianças. Estou gostando do rumo que minha carreira está tomando’, festeja. Coincidência ou não, Juliana foi descoberta por outra loira saltitante: Angélica, a então apresentadora do extinto Clube da criança, que enxergou seu talento para a coisa quando a viu em meio à garotada de seu auditório.’