Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Barbara Gancia


‘Se você está seguindo o caso Michael Jackson a partir do noticiário tapuia, saiba que está sendo grosseiramente mal informado. A julgar pelo teor das notícias veiculadas, sou capaz de apostar um picolé de limão como poucos repórteres brazucas têm tentado descobrir o que realmente se passa no dia-a-dia do tribunal de Santa Maria.


O grosso das informações é colhido a esmo de agências internacionais. Assim, ficamos sabendo que Michael Jackson planejou fugir para o Brasil trazendo consigo toda a família da vítima de seu suposto abuso sexual. Mas não ficamos sabendo que a mulher que fez essa acusação é a funcionária de uma companhia aérea que está sendo processada em outro caso, por tentar filmar Michael Jackson a bordo de um jatinho alugado e depois vender a fita para os tablóides. Ela teria conseguido imunidade para testemunhar contra Michael no caso de abuso sexual.


Veja outro exemplo emblemático: na coluna ‘Sobe e desce’ da ‘Veja’ desta semana, o nome de Michael aparece debaixo da flecha ‘sobe’, ao lado da frase: ‘Enfim apareceu alguém para defendê-lo: Macaulay Culkin depôs e jurou não ter sofrido abuso sexual’. Os primeiros três meses do julgamento foram dedicados à apresentação das testemunhas de acusação. Só na terça-feira anterior à publicação desse ‘Sobe e desce’ é que a defesa começou a apresentar suas testemunhas. Ou seja, nada mais natural do que ver um desfile de acusações ser sucedido por testemunhos em defesa do cantor. Mas, até nesse ponto, ‘Veja’ errou. Antes de Culkin, Debbie Rowe, ex-mulher de Jackson, já tinha deposto a seu favor, mesmo tendo sido intimada como testemunha da acusação.


Dos que testemunharam contra Jackson, alguns possuem antecedentes criminais, outros foram flagrados mentindo em juízo e nenhum dos que alegam ter sofrido ou presenciado abuso sexual foi à polícia prestar queixa antes de procurar um advogado de indenizações.


Quando me interessei pelo caso, achava que Michael era, no mínimo, um caso para o divã. Depois de horas gastas assistindo à encenação das transcrições do tribunal e a painéis de especialistas, chego à conclusão de que ele é um solitário, rodeado por assessores desonestos.


Nos EUA, a lei diz que Michael só será condenado se houver provas ‘além de uma dúvida razoável’. Mas, a cobertura tapuia já decidiu que, por ser esquisito, Michael deve ser culpado. Quero ver o que dirão se, como tudo indica, ele for declarado inocente.


QUALQUER NOTA


Complemento


Aproveitando o lançamento de ‘Star Wars 3 – A Vingança dos Sith’, o nobre leitor, mesmo aquele que não fala inglês, deve correr para comprar, em algum site de vendas tipo amazon.com, o DVD do curta ‘George Lucas In Love’, que parodia os filmes da série. São nove minutos de puro êxtase para quem se liga em Wookie Chewbacca, R2D2 e C3PO.


Poesia visual


Para quem ama a fotografia (será que alguém não gosta?), a pedida é a mostra UNI versos, de Martin Gurfein, Carla Venusa e Sinval Garcia, que estará na galeria Arte Infinita, em Pinheiros, a partir do dia 23.’



CHINA


Folha de S. Paulo


‘China recruta ‘bajulador on-line’’, copyright Folha de S. Paulo, 20/05/05


‘O governo da China criou uma ‘força especial de comentaristas on-line’, cuja missão é tentar influenciar anonimamente a opinião dos usuários de internet com relação a temas políticos controversos. O informação foi publicada ontem pelo jornal chinês ‘Nanfang Zhoumou’.


Pequim tem lutado para tentar controlar a internet, pois, na medida em que mais e mais chineses obtêm acesso à rede de computadores -segundo dados oficiais, o país já tem 100 milhões de internautas-, mais pessoas passam a poder obter informações por vias diferentes das fontes oficiais.


Segundo o jornal, um grupo de ‘comentaristas on-line’ já está atuando desde abril em Suqian, cidade da Província costeira de Jiangsu. Seu trabalho é defender o governo de comentários negativos que surgem em fóruns e salas de bate-papo na rede.


O Departamento de Propaganda de Suqian recrutou os comentadores entre funcionários do governo, que, segundo o jornal, precisam ‘conhecer as políticas oficiais, saber teoria política e ser politicamente confiáveis’.


Zhan Jiang, diretor de jornalismo da Universidade da Juventude da China de Ciência Política, desaprova o fato de os comentaristas escreverem anonimamente.


‘Não haveria problema se eles expressassem suas opiniões nos sites do governo, na qualidade de funcionários contratados para fazer isso, mas, da forma como está sendo feito, é algo prejudicial à expressão natural da opinião pública’, disse Zhan à Reuters.


Em pelo menos três Províncias os governos municipais estão recrutando comentaristas on-line. Ma Zhichun é um deles. ‘Iremos guiar a opinião pública como usuários comuns da internet. Isso funciona bastante bem’, afirmou. ‘Não somos o primeiro governo [municipal] e nem seremos o último a ter comentaristas on-line. Todo o país está fazendo isso.’


O Instituto Superior de Disciplina e Supervisão do Partido Comunista treinou, no ano passado, 127 comentaristas on-line -com a função de ‘fortalecer a função anticorrupção da propaganda na internet’, diz o jornal.


Isso pode indicar o início de uma mudança na estratégia de controle da internet pelo governo chinês. A ênfase pode se deslocar da repressão para a persuasão.


Mas, por enquanto, Pequim continua reprimindo com vigor. Milhares de sites considerados suspeitos são bloqueados, não podendo ser acessados no país. Só no ano passado, foram fechados cerca de 16 mil cibercafés. Em Xangai, câmeras de vídeo vigiam locais públicos de acesso à internet, para verificar se os usuários acessam páginas proibidas, como pornografia e temas políticos. Criticar o governo abertamente na rede pode dar cadeia.


Em 2001, três estudantes universitários foram condenados a oito anos de prisão cada um, após defenderem, via internet, a necessidade de reformas democráticas no país.’



FSP CONTESTADA


Painel do Leitor, FSP


‘Novadata ‘, copyright Folha de S. Paulo, 20/05/05


‘‘Em relação ao publicado na edição de ontem desse jornal (Brasil, pág. A8), a Folha, quando afirma que a Novadata ‘está envolvida em um esquema de ajuste de contrato’, toma por verdadeiras as palavras do senhor Maurício Marinho sem dar a devida atenção à extensa explicação que encaminhamos ao jornal, por meio da qual já esclarecemos que não há nada de irregular em nossa conduta. O que existe é um processo que trata de uma questão prevista em contrato e na lei 8.666/93, num contrato firmado pelo consórcio Alpha, integrado pela Novadata e pela Positivo. Tal processo foi aprovado por duas comissões internas da ECT, ainda no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, e recebeu parecer favorável do Departamento Jurídico da ECT. Posteriormente, uma nova comissão, com novos membros, já no atual governo, depois de 20 meses de exaustiva e cuidadosa avaliação que envolveu todos os aspectos da questão, também emitiu parecer favorável ao consórcio, sem atender, no entanto, a todos os nossos pleitos, motivo pelo qual o processo ainda está em andamento. O senhor Maurício Marinho nunca participou de nenhum dos três grupos que analisaram a questão nem nunca teve poder nenhum de decisão sobre o processo. Todo o processo que envolve o contrato entre o consórcio Alpha e a ECT é lícito e transparente e foi conduzido de acordo com aquilo que determina a lei. Diferentemente do que diz a Folha, a Novadata não está envolvida em esquema nenhum de ‘ajuste de contrato’, não foi ‘beneficiada’ em momento algum e não fez ‘acerto’ nenhum no gabinete do senhor Marinho nem em outro gabinete qualquer.’ Gilberto Machado, diretor-executivo da Novadata Sistemas e Computadores S.A. (Brasília, DF)’